Capítulo 8 - Beijo Sabor Café

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Pov Severus Snape

Eu agradeceria se Angelique ignorasse totalmente os acontecimentos da noite anterior, embora seu gosto permanecesse em minha memória de forma tão vívida, eu preferia manter distância.

Mas ao contrário, assim que o sol raiou ela estava de pé, ouvi barulho na cozinha, muitas portas de armário batendo, eu já devia ter levantado, perderia o café da manhã em Hogwarts. Me convenci que seriam só mais cinco minutos. Virei na cama para mais um pouco de sono, quando o cheiro forte do café me despertou.

Saí do quarto pronto, atravessei a sala rapidamente e apanhei o pó sobre a lareira.

- Vai sair sem escovar os dentes? – ela botou a cabeça pela entrada da cozinha, o cabelo comprido e solto caindo pelo batente.

- Já fiz isso, tenho meu próprio lavabo.

- Hum, okay.

Sua face sumiu, suas poucas palavras foram o suficiente para me intrigar.

- Fez café? – perguntei diante do óbvio ao entrar na cozinha e a ver encostada no balcão com uma xícara grande.

Ela usava apenas uma camisola curta de mangas longas e meias de lã.

- Seu frio é seletivo – me servi de café para evitar seu olhar.

- Por que minhas pernas estão descobertas? – ela deu de ombros – não me depilo para escondê-las.

Me lembrei da maciez de sua pele e seus poros se arrepiando sob meu toque, a cueca apertou tão rápido que demorei para perceber que era uma ereção.

- E o seu elfo?

- Dormindo.

- Ele teve uma noite agitada.

- Você também – encontrei seu rosto impassível, tentando encontrar sinais na sua expressão, de que sabia o tormento que foi minha madrugada pensando nela, a desejando – está com olheiras profundas.

- Sou professor, dormir bem é uma dádiva dada aos tolos.

- Você é tão ranzinza.

Em movimentos rápidos ela deixou a xícara sobre a pia, apanhou a varinha na mesa e apontou para meu rosto, eu não achava realmente que ela me atacaria por ser frio, mas coloquei a mão sobre o coldre no paletó.

- Vitalis pulchritudinis.

- O que é isso?

- Sua pele está linda como a de um bebê.

Ela se virou com um ar de dever cumprido que me irritou, levei as mãos ao rosto me garantindo que as rugas ainda estavam ali.

- Bem, pelo menos as olheiras se foram – ela deu de ombros mais uma vez.

- Preciso ir.

- Tá bom – ela ficou ali, parada, me encarando, esperando.

- O que foi?

- Nada – me virei para a lareira e apanhei mais pó – é só que – me virei para ela e minha expressão com certeza não foi das mais amigáveis – deixa pra lá.

Angelique se sentou na poltrona, jogando os pés sobre o puff baixo, com o jornal de ontem nas mãos, abriu-o fazendo muito barulho, joguei o pó de flu de volta no vaso e suspirei.

- Já que começou, diga. Porque está agindo assim?

- Só achei que depois de ontem a noite, eu ganharia ao menos um beijo de bom dia.

Angelique virou outra folha no jornal, o mesmo estardalhaço, fingindo ler a esmo, como se o que acabara de dizer não fosse tão chocante.

Claro que nós dois sabíamos que aconteceria em cada noite naquela casa, mas ela queria um beijo. Desnecessário e dispensável. Mas ela queria.

Dei alguns passos para perto dela, coloquei a mão no encosto atrás dela. Angelique levantou o rosto para mim, era incrível como ela parecia sempre estar esperando. Ela afastou os lábios, os oferecendo para mim, me inclinei sobre ela, sentindo o hálito de menta e café.

- Você é um mistério, menina.

Ela sorriu e esticou o pescoço para mim, alcançando a minha boca e dando pequenos e suaves toques.

- Vejo você mais tarde?

- Espero que sim – fiz o meu melhor para me recompor – deixe o elfo cozinhar hoje, de novo.

Ela sorriu. Saí dali o mais rápido possível, mas assim que saí da lareira da sala dos professores, me deparei com uma carta com meu nome, dentro dela, apenas um pedido para que eu visitasse a sala do diretor antes da primeira aula.

Eu já sabia qual seria o assunto. Minha entrada sendo o anúncio de minha chegada.

- Chegou tarde, noite longa?

- É cansativo ter que ir para casa e voltar todos os dias.

- Mesmo assim você parece bem, está com a pele mais bonita.

- Quer falar sobre os planos de Você-sabe-quem com os bebes?

- Na verdade – ele me estendeu um exemplar do profeta diário – viu isso?

- Não tive tempo de pegar o jornal hoje.

- Mary Beuchamp está morta, o corpo foi encontrado em uma das ruas da taverna do tranco, ela estava casada com Corban Yaxley, estou certo?

- Sim, fui informado que ele está preso.

- Acho que isso a tornou descartável.

- Não sei onde quer chegar.

- Sei que pedi a você que resistisse á essa maluquice, mas temo que tenha que recolher o corpo da sua esposa muito em breve caso não cumpra a esse pedido.

- Primeiro pede que eu não a engravide, agora quer que eu faça isso.

- Vai nos dar tempo.

Nos dar tempo para talvez mudar algo por mínimo que seja, Dumbledore entendia tão pouco sobre ter um filho quanto Voldemort. Ambos falavam como se as crianças geradas fossem apenas coisas.

Eu não queria ter um filho, muito menos no meio de uma guerra. Mas perdi a chance de escolher qualquer coisa na minha vida, na primeira vez que pisei naquela escola, tantos anos antes e não seria diferente por muito tempo. 

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Oi gente, mais uma vez estou organizando o collab de páscoa, quem quiser participar me manda mensagem que eu esplico certinho <3

Oi gente, mais uma vez estou organizando o collab de páscoa, quem quiser participar me manda mensagem que eu esplico certinho <3

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Herdeiros - Severo SnapeOnde histórias criam vida. Descubra agora