Capítulo 9 - Achei Você

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- Ele quase pegou você, senhora.

- Quase, Lee. E agora não preciso mais ficar concentrada tentando decifrar a mensagem da rádio. Vire aqui.

Descemos por uma rua tortuosa na travessa do tranco, meus saltos deslizando nos paralelepípedos com camadas finas de gelo, mas eu tinha pressa, logo iria anoitecer e eu estava na rua, fazendo algo proibido.

- Não sei o que quer dizer, senhora.

- Eu desvendei o código. Aqui – parei em frente a um estabelecimento muito suspeito, uma pequena sapataria decadente.

- Você desvendou? Como?

- Entre e pergunte pelo menor sapato.

- Nesse lugar? O seu marido deixou uma quantidade boa de dinheiro, pode ter os sapats que quiser.

- Eu quero o menor sapato, desta loja. Por favor.

Lee aquiesceu, não tinha mesmo muita escolha, afinal, eu seria a dona dele por mais alguns meses.

Assim que ele entrou na loja, percebi um ar estranho passando pelas ruas, como uma predição, uma escuridão vazia, se é que faz sentido. Havia algo maligno naquelas ruas. Percebi o que era quando o homem grande e corpulento virou a esquina.

- Anda, Lee – minhas pernas estavam tremendo enquanto aquele homem se aproximava, suas mãos grandes fechadas ao lado do corpo.

- Boa tarde, mocinha.

- Desculpe, estou esperando alguém.

- Sim e eu já cheguei – ele gingou o corpo, balançando os troncos para os lados.

- Estou ocupada agora, então se o senhor me der licença.

Tentei me virar e entrar na sapataria quando ele segurou meu pulso com força.

- Me solte, o que pensa que está fazendo – peguei a varinha no busto apontando para ele e jogando feitiços simples algumas vezes, ele segurou meu outro pulso me impedindo.

- Eu sei quem você é, eu vejo você por aqui. Cheirosa, decotada. Mas sabe que estou me perguntando, por que veio tão fundo? Está falindo? Cobrando mais barato?

- Eu não faço mais isso. Eu sou casada, me solte!

Eu sabia que não adiantava gritar daquele jeito, na travessa do tranco, ninguém liga para se você está em perigo ou se alguém está fazendo algo que não devia, a maioria das pessoas ali também estavam.

Ele sacudiu minha mão até derrubar minha varinha, me deixando completamente indefesa. O homem me arrastou pela rua, um de meus saltos se quebrou e nem assim ele parou, por mais que eu gritasse por Lee, ele parecia não ouvir lá de dentro.

O homem me enfiou em um beco apertado entre dois prédios e para que eu ficasse quieta bateu minha cabeça contra o muro, então eu olhei para ele, olhos estreitos e dentes pontudos animalescos.

- Aqui está, pagamento suficiente – ainda me segurando com uma mão, ele tirou algumas moedas do bolso e as despejou sobre o meu decote, eram apenas nuques e poucos dele.

Sem perder tempo ele começou a levantar meu vestido, rasgando-o aos pedaços.

- Espere, eu posso pagar, tenho dinheiro.

- Não é dinheiro que eu quero.

O homem passou a mãos entre minhas pernas e me atacou com seus dentes, perfurando meu ombro.

- Estupefaça – o feitiço o acertou com muita força, olhei para a saída do beco e vi Lee com as varinha apontada e segurando um sapatinho de criança na mão.

Herdeiros - Severo SnapeOnde histórias criam vida. Descubra agora