Cap XXIV - Liberdade

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O impacto causado pelas correntes do humano acertou o deus com tudo, lançando ele para longe. Com ele, a mera onda de choque do ataque rachou o chão da arena, lançando detritos para todo lado.

O deus da morte caiu rolando pela arena, usando sua foice para não voar mais longe ainda.

Retraindo novamente suas correntes, o humano as segura em guarda, esperando o próximo movimento do oponente.

O deus, por sua vez, usa sua foice como apoio, se levantando aos poucos.

Tudo bem ai? – disse Sigridrífa na mente dele.

Zumbi não respondeu, estava concentrado.

Ele deu um paço em frente, não era hora de ter pena do oponente.

Ao pisar no chão, uma dor imensa tomou conta de seu braço, ele sentia como se ele fosse cair a qualquer segundo.

Por um segundo, ele pode ouvir Sigridrífa gritar seu nome em sua cabeça. Sua visão ficou turva, ele desmaiou.

Ao recobrar a visão, ele estava em um lugar que lhe era familiar.

Palmares.

Ele havia voltado ao quilombo, mas não importava o quanto ele olhasse, tudo parecia diferente do que ele lembrava. Era tudo muito irreal.

Ele viu algumas pessoas andando pelas estradas do quilombo, elas pareciam preocupadas, ansiosas.

Ele foi até um grupo.

– Ei, vocês. Oque está acontecendo aqui? – disse ele ao grupo.

Todos o ignoraram, continuando a conversar sozinhos.

– Ei! – disse ele, tentando chamar a atenção – O que houve?

Ao tentar tocar no ombro de um, sua mão atravessou o corpo dele.

Zumbi se assustou, passando sua visão de sua mão ao homem. Depois ele tentou de novo, com o mesmo resultado.

Ele parecia perplexo, assustado.

– Um sonho? Eu morri? Não, eu já morri há muito tempo, não é assim. O que aconteceu então?

Ele tentou ouvir o grupo, as vozes deles soavam de maneira estranha, talvez um pouco baixa demais.

– Ouvi dizer que ele planeja um acordo – disse um dos negros.

– Ele é um bom homem, com certeza fez para o bem de todos – respondeu outro.

– Mesmo assim... alguma coisa me preocupa, reuniões de emergência não acontecem para coisas boas... – respondeu um terceiro.

Zumbi olhava a cena, confuso, tentando entender o que acontecia.

De repente, o grupo começou a se mover, indo em direção a uma cabana.

Ao olhar ao redor, ele reparou que mais pessoas apareciam, saindo de suas casas, todos com o mesmo destino.

Ele seguiu o grupo de pessoas, que se aglomeravam no chão de uma grande cabana de madeira com teto de palha e folhas de bananeira, iluminada por tochas, presas aos pilares de sustentação.

Com o tempo, a cabana foi enchida com pessoas, algumas sentadas, enquanto outras estavam em pé, perto das paredes.

Com medo que as pessoas esbarassem nele, Zumbi ficou perto da parede, em um canto quase vazio.

Ao olhar para os lados, ele viu pessoas que ele conhecia, pessoas que viviam em Palmares juntamente com ele.

Depois de alguns minutos, as pessoas se calaram, quando um homem muito alto apareceu, sua pele era muito escura, seus olhos castanhos, seu cabelo crespo e curto. Em sua mão, ele carregava uma enorme lança de madeira.

Ragnarok - A última EsperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora