Cap VI - A Vingança do Japão

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No campo de batalha, com suas costelas e seu braço esquerdo doendo enquanto sangue escorria por sua boca, Izanagi olhava para cima, vendo a poeira esverdeada que antes era Nomi no Sukune, subindo as alturas até desaparecer de sua vista.

Desviando sua visão para baixo, o deus viu a garota que surgiu das faixas que o lutador usava. Ela estava ajoelhada, olhando para baixo. Lagrimas saiam de seus olhos e molhavam o chão.

A divindade pensou um pouco, não seria respeitoso falar com ela sabendo que ele havia matado seu pai a poucos segundos atrás, então ele se virou e andou até o portão de saída dos deuses, pegando sua lança no caminho. Enquanto andava, Heindall narrava o final da luta.

- A PRIMEIRA BATALHA DO RAGNAROK FOI DECIDIDA! DADO A DERROTA DE NOMI NO SUKUNE, A VANGUARDA DA HUMANIDADE, A VITÓRIA VAI PARA OS DEUSES!!!

A plateia dos deuses gritava de emoção, tendo em vista a vitória de seu representante, enquanto os humanos ficavam em silêncio, alguns por respeito, outros por medo.

- Sveith!! - gritava uma mulher que corria arena a dentro. Ela era alta, tinha cabelos longos, rosa claro como seus olhos, usava roupas claras, semelhantes as de Brunhilda - está tudo bem?

A mulher levantava a pequena, ajudando ela a andar até fora da arena. Sveith não disse nem uma palavra durante todo o caminho até a enfermaria.

No lado dos deuses, Izanagi caminhava lentamente, as mãos em suas costelas. Sua pele começava a ficar roxa, cheia de hematomas.

Enquanto andava pelos corredores, Izanami e seus três filhos andavam até ele, vindo do camarote dos deuses. A deusa levava suas mãos escondidas em suas mangas como um monge, assim como Amaterasu, enquanto Tsukiyomi andava com os braços largados ao lado do corpo e Susano'o com as mãos na cintura, seu quimono era o único que não tinha mangas.

- Mandou bem, pai! - disse o deus dos mares.

- Eu nunca duvidei que conseguiria - disse Amaterasu.

- Está tudo bem? Parece machucado - disse Tsukiyomi.

Izanami apenas olhou seu marido, seu olhar parecia nervoso. Ela andou um pouco mais, colocando lentamente sua mão nos ferimentos de Izanagi.

- Você estava certa - disse ele.

- Eu sempre estou certa - disse ela, em tom de brincadeira - mas, sobre o que eu estou certa dessa vez?

- Muito provavelmente sobre os humanos serem extremamente inferiores comparados a nós - disse Tsukiyomi, dando de ombros.

- Ele tem razão - disse a deusa do sol - aquele humano não teve a menor chance, você dominou a luta do começo ao fim.

- Pois é pai - disse Susano'o, andando até seu pai e se apoiando em seu ombro - aquele merda teve o que mereceu.

Izanagi moveu sua lança rapidamente, parando centímetros antes de cortar fora a cabeça do deus do mar.

Os três mais novos ficaram em silencio, surpresos, enquanto algumas gotas de sangue escorriam pelo pescoço de Susano'o.

- P-pai? - perguntou o deus, surpreso.

- Nem mais uma palavra - respondeu ele friamente, olhando de canto de olho para ele.

- Mas pai - disse Amaterasu, sendo interrompida por uma estocada de Izanagi, que passou raspando por sua cabeça.

- Aquele homem foi o oponente mais poderoso que eu já enfrentei - disse ele - ele é digno do mesmo respeito que vocês tem por mim, não me importo se ele é humano ou não, o próximo que falar qualquer coisa sobre ele na minha presença, vai ter sua cabeça cortada pela mesma lança que usei para matá-lo.

Ragnarok - A última EsperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora