Cap XV - Os Mortos Vivos

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A plateia da humanidade estava pasma, enquanto o pó que agora era Tomoe Gozen subia aos céus, eles se encontravam mais um passo próximo da extinção.

Dessa vez, até mesmo a plateia dos deuses estava em silencio, apreensivos. "Essa foi por pouco" alguns diziam baixinho.

– Caramba... – disse Hermes no camarote dos deuses gregos – esse fim foi bem dramático.

– De fato – disse Zeus, sério, de braços cruzados – mas ainda sim ganhamos. Deuses não podem perder para humanos, e deve continuar assim. Quantas vitórias precisamos ainda?

Hermes pegou o tablet que estava em cima da mesa, analisou a lista de lutadores e disse:

– Dezenove participantes. Se ganharmos dez lutas, eles não vão conseguir virar, então só faltam mais oito vitorias. Quem é o próximo?

– Vamos vencer essas oito seguidas e acabar logo com isso. Se possível, gostaria de não envolver nenhum grego, mas se a situação pedir... vá aos camarotes dos outros deuses, pergunte quem deve ir em seguida. Se alguém do conselho quiser lutar, diga a eles que eu não aprovo.

– Por que? – disse Hermes enquanto amarrava seus cadarços.

– Por que eu disse que não. Se algum deles tiver algum problema quanto a isso, que venha falar comigo.

– Entendido, coroa. Fui.

Quando Hermes saiu, Zeus voltou a olhar para o campo de batalha, que ainda pegava fogo graças ao ataque de Kianumaka.

– O que você quer, Tupã? – disse ele, ainda encarando a arena.

Ao seu lado, o deus tupi do conselho aparecia, com a cara fechada, encarando a arena como ele.

– Ei, eu também estou aqui! – disse Jaci ao lado do deus brasileiro.

– Olá Jaci, como vai – disse Zeus, com a mesma entonação.

– Pocha... você fica sempre mais chato quando esta sóbrio – disse a deusa – e ai, como vai a família? A Hera está bem? E as crianças?

– Minha esposa e meus filhos estão bem, obrigado por perguntar. Devem chegar aqui logo, mas duvido que tenham vindo só por isso. Estou certo?

Jaci deu um sorriso sem graça enquanto se dirigia a sacada.

Ao se debruçar sobre a sacada, ela estralou os dedos e uma chuva leve começou a cair sobre a arena. A chuva foi ficando mais forte com o passar do tempo, apagando aos poucos as chamas que cobriam o campo de batalha.

– Precisamos conversar, Zeus – disse Tupã, ainda sem olhar para o deus grego.

– Sobre o que? – disse Zeus, enquanto encarava, ao longe, uma pessoa em um buraco nas paredes da arena.

Brunhilda, no camarote da humanidade, retribuía o olhar do deus, de uma forma fria.

– Sobre ela – disse Tupã, que também olhava para a valkiria – acho que seria bom se Odin se junta-se a nós.

Os deus grego assentiu com a cabeça, e os três se dirigiram a porta.

No camarote da humanidade, Brunhilda via os deuses saírem de seu campo de visão. Os lutadores presentes estavam em silencio. No sofá, Paracelsos consolava Sigridrífa, que chorava em silencio, com as mãos no rosto. Na poltrona, Alexandre sentava curvado, com os dedos cruzados, encarando o chão em silencio. Zumbi e Motobu Choki estavam de braços cruzados, encarando a chuva que caia na arena. Brunhilda cravava os dedos com força na sacada de mármore branco, os nós dos dedos ficavam brancos de tanta força que ela colocava.

Ragnarok - A última EsperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora