CAP XXXI - Khan

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Mongólia, ano 1128, um lugar inóspito e perigoso, várias planícies cobertas por grama e inúmeras montanhas, as famosas estepes, compostas por várias tribos e reinos diferentes. Cada reino era governado por um homem, um Khan, que tinha autoridade máxima em seu clã, o guerreiro mais poderoso e mestre militar excepcional.

Em um trono, uma cadeira de madeira muito grande, em uma fortaleza no clã Kurtat, um homem sentava-se, virando uma garrafa de vinho, enquanto ria com seus homens, soldados fortemente armados, que guardavam a entrada, quatro ao todo.

Outro homem, também vestindo roupas militares, entrava pela porta lateral, carregando uma carta, enrolada em pergaminho.

- Senhor, trago notícias de nossas tropas! - o homem se curvou e se ajoelhou perante o trono.

O homem se arrumou em sua cadeira, tirando alguns pedaços de carne que estavam presos em sua barba.

- Que notícias? - ele perguntou.

O guerreiro tirou a linha que segurava o pergaminho e começou a ler.

- São as tropas enviadas para o leste dez dias atrás. Eles obtiveram sucesso na campanha, derrotaram o exército da região e anexaram o território!

O homem deu uma grande gargalhada, balançando os braços no ar e se pondo de pé. Vinho voou da garrafa em sua mão quando o fez.

- Isso!! - o homem gritou - Haha! Mais uma conquista bem sucedida!!

O homem subiu no trono, ficando em pé.

- Homens!! Mais uma vez, nosso território cresceu! Vocês são as mãos de que eu preciso para conquistar todo o território que eu quiser!

Erguendo a garrafa sobre sua cabeça, ele ordena que os homens na sala comemorem.

- Bebam hoje, meus guerreiros! Mais uma vez, conquistamos um reino! Tudo graças a vocês! Bebam, bebam até não poderem mais! Sem vocês, o clã Kurtat não seria nada!

Todos os guerreiros na sala comemoravam e riam, pegando garrafas das estantes da sala de madeira, enquanto brindavam e aplaudiam.

O mensageiro se levantou, indo até o rei.

- Senhor - disse ele - além da mensagem, parece que temos um visitante.

- Mande-o entrar. Deve ser algum clã menor procurando proteção pelas mãos de Kurtat.

Antes de terminar de explicar, o mensageiro vai até a porta, saindo por um momento, depois voltando.

Atrás dele, um jovem, de cabelos negros e roupas simples e sujas, que se pôs no meio da sala, ainda no começo do corredor.

O garoto via toda a comemoração dos soldados com um singelo sorriso.

- Uma criança? - perguntou o rei, surpreso - quantos anos você tem, garoto?

- 12 - respondeu o jovem - você é Kurtat, o atual rei mais bem-sucedido das estepes?

- Em carne e osso! Hahaha! E você, criança. Qual seu nome e por que você veio até aqui?

O jovem fez uma curta reverência, depois se levantou e disse:

- Meu nome é Temujin, sou de um clã que me abandonou, vendendo minha família como escravos. Vivia com minha mãe e irmãos mais novos até alguns meses atrás. Minha intenção aqui é tomar seu trono, se não for muito incômodo.

- Hahaha!! - o rei riu tanto que fechou seus olhos que lacrimejavam - Você só pode estar brincando, criança! Se queria proteção, era só ter-

Antes de terminar a fala, o rei abriu novamente os olhos. Ao olhar para o chão, ele viu a cabeça de seu mensageiro rolando até ele pelo tapete. Ao olhar para Temujin, ele viu o jovem com uma pequena faca, largando o corpo do mensageiro no chão, enquanto limpava a lâmina no cadáver.

Ragnarok - A última EsperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora