Anastácia Grey
Oito dias já se passaram desde o meu desastroso casamento, o pior é que
ainda não me lembro de como isso foi acontecer e não sei se o Cristhian lembra de
alguma coisa.
Depois do nosso último encontro no meu apartamento não nos falamos mais,
nem por mensagens ou ligações.
Nada...
Silêncio absoluto das duas partes.
O meu padrinho está chateado comigo, porque não quero voltar para o grupo
Grey e a minha madrinha está no meu pé para que a acompanhe em eventos
que cobram a minha presença por ser a esposa do herdeiro, pois consequentemente
tenho que ocupar o lugar dela.
A minha mãe está nervosa com tudo o que vem acontecendo...
Eu nunca entrei em detalhes sobre o que aconteceu e isso está mexendo com
ela de uma forma negativa.
A única pessoa com quem converso sobre isso é a Duda.
Mamãe inclusive já tentou arrancar alguma informação da minha amiga, mas
não conseguiu nada.
Duda é uma amiga fiel e continua sendo a minha advogada.
Só estou esperando o Cristhian vacilar para obrigá-lo a assinar o divórcio.
Eu sei que a mamãe e a madrinha conversam todos os dias sobre mim,
percebo isso pelo cuidado exagerado da madrinha me ligando querendo saber se
estou bem, se já me alimentei, o que estou fazendo, se quero fazer compras, se tenho
tempo de ir ao salão com ela, se quero ir para a galeria de arte onde ela trabalha...
É tanta coisa que a minha vontade é de simplesmente sumir do mundo,
evaporar, mas fugir não adiantaria em nada.
O que ninguém pergunta é como estou me sentindo com tudo isso.
Para todos, sou a mulher mais sortuda do mundo, afinal me casei com Cristhian Grey.
Quem não quer carregar o poder que o sobrenome Grey oferece?
Acho que só eu mesmo.
Nunca quis nada disso e sentia um certo alívio por meu padrinho me esconder
do mundo como mamãe queria.
— Senhorita Stelle !
A recepcionista da empresa onde aguardo para fazer a entrevista chama meu
nome.
Junto comigo, tem outras três pessoas.— Sou eu — falo me levantando e ela me olha dos pés à cabeça.
— A senhorita será a última a ser entrevistada pela chefe — ela fala e fico
sem acreditar, já que fui a primeira a chegar aqui.
— A senhorita poderia me explicar o motivo disso? Fui a primeira a chegar
— questiono e ela me encara.
— Eu só cumpro ordens, senhorita, se não quiser esperar, sinta-se à vontade
para ir embora.
As outras pessoas me olham e volto a me sentar no meu lugar, afinal estou
precisando do trabalho e minhas economias não vão durar para sempre.
— Tudo bem, eu espero.
Ela concorda com a cabeça e chama a primeira a ser entrevistada.
Estou há uma semana passando por diversas entrevistas de emprego, sempre
algo assim acontece e no final sou descartada, mesmo o meu currículo sendo muito
elogiado.
O que é estranho, muito estranho...
Mas não posso desistir e me candidatei a várias vagas, até mesmo a vagas que
estão muito abaixo da minha formação.
Fico sentada a tarde toda, as horas passam se arrastando, o tempo lá fora já
está escuro com muitas nuvens de chuva e não estou com meu carro, pois vim de
táxi.
Vejo que todas já foram entrevistadas e nada de me chamarem.
Estou prestes a me levantar para ir atrás de informações quando a mesma
mulher aparece falando comigo:
— Senhora Grey , me perdoe fazê-la esperar, me acompanhe, por favor.
A senhora aceita tomar alguma coisa?
Eu tenho que rir, porque isso só pode ser uma piada de muito mau gosto.
— Só agora me pergunta se preciso de alguma coisa, depois de me fazer
passar a tarde inteira esperando?
Ela me encara sem jeito e me dá um sorriso murcho.
— Me perdoe, senhora, a minha chefe vai entrevistá-la agora mesmo.
Eu a acompanho em silêncio.
Sei que tem algo de errado acontecendo, estou sentindo isso.
— Por aqui, senhora Grey.
Ela me mostra o caminho.
— Por que está me tratando assim agora?
Ela engole em seco.
— Porque é o seu nome. — A mulher logo abre uma porta.
Vejo uma mulher muito bonita sentada atrás de uma imponente mesa, é a
CEO da empresa.
— Desculpa fazê-la esperar, senhora Grey , mas tive que entrar em uma
reunião online de última hora não muito agradável. Sente-se, por favor. — A mulher
indica a poltrona a sua frente e me sento.— A senhora deve ter recebido o meu currículo, eu me formei...
Ela levanta a mão e me calo sem entender nada.
— Seu currículo é maravilhoso, Anastácia . Posso chamá-la pelo primeiro nome?
O Grey não está me descendo muito bem hoje.
Eu sabia que tinha algo errado.
— É claro que pode, mas quero que seja direta e clara comigo, já perdi a
minha tarde inteirinha aqui e acabou de dizer que o meu currículo é maravilhoso, o
que me leva a crer que você já o analisou.
Ela sorri e se ajeita em sua cadeira se encostando para trás.
— Gostei de você, não puxou o meu saco e foi direto ao ponto, já deve ter
percebido alguma coisa.
— Já percebi sim.
Ela apoia os cotovelos sobre a mesa.
— Você quer clareza, então vamos lá. Você foi a minha primeira escolha. A
Anastácia Steely foi a minha primeira escolha, por isso te deixei para ser a última
entrevistada. Eu dispensaria as primeiras e ficaria com você, porque é exatamente de
alguém como você que estou precisando na minha empresa, mas...
— Sempre tem um mas...
Ela sorri e balança a cabeça.
— Sempre, querida. É esperta e inteligente e sabe que nesse mundo
empresarial sempre tem um mas.
— Sei disso e quero que me diga qual foi o meu mas.
Ela concorda.
— Você era a minha primeira escolha até eu entrar em uma reunião com
Cristhian Grey e saber que ele é o seu marido, que Anastácia Stelle é, na verdade,
Anastácia Grey. Em um primeiro momento não associei você a ele, apesar de que
foram notícia no mundo todo com o casamento meio inesperado dos dois.
Eu sinto a revolta invadir o meu peito, enquanto a raiva e a decepção devem
estar estampadas na minha cara agora.
— Então é isso, você não vai me contratar.
— Não vou. Nem eu e nem ninguém, Anastácia, está apenas perdendo o seu
tempo passando por intermináveis entrevistas. Estou falando isso porque fiquei com
pena de você. A minha vontade era de te contratar apenas para irritar aquele idiota,
mas não posso ir contra o grupo Grey e ir contra uma ordem dessa família é
uma coisa...
Eu a interrompo.
— O meu padrinho, ele pode...
— Oliver é o seu padrinho, o Cristhian me falou isso e segundo ele, o seu
padrinho a quer de volta para empresa deles.
— O meu padrinho jamais faria isso comigo, ele é um homem bom e justo.
— Ele pode, mas não vai. Não é nada com você, querida, mas também não
está impedindo o Cristhian de fazer. Oliver e Cristhian Grey só tem misericórdiacom os deles, infelizmente não posso com isso. E acredite quando digo que estou
correndo um risco real aqui apenas por estar te falando tudo isso, mas achei muito
justo falar com você.
Entendo o lado dela.
— Eu agradeço a sinceridade da senhora, muito obrigada. — Eu me levanto e
ela me olha com pesar.
— Mulheres, como você, quando caem nas mãos de homens como Cristhian Grey são como...
— Eu já sei o que vai falar, já escutei muito isso nessa última semana.
— Ele não vai abrir mão de você, nunca. Vai por mim, sei o que estou
falando.
Ela se aproxima e apertamos as mãos.
— Boa sorte, Anastácia, você vai precisar.
— Obrigada. Sinto muito por ter te feito passar por uma situação como essa.
— É tudo o que falo antes de sair da sala já sentindo as lágrimas querendo se formar
em meus olhos.Continua...
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PRINCIPE DO PETRÓLEO
FanfictionAdaptação dos personagens 50 tons Essa historia não é minha. Após uma noite de bebedeira e muita jogatina, um casamento é realizado, juntando Anastácia e Cristhian . Amor e ódio, segundo os dois quando estavam embriagados, é a combinação perfeita...