Capítulo 23

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Cristhian Grey

Eu sei e é notório que Anastácia  está aceitando o que estou fazendo contra a sua
vontade. Por essa mulher, eu ficaria o mais longe possível dela, mas tem algo dentro
de mim, que grita e não me permite fazer isso.
Pode me pedir qualquer coisa, mas não me peça que eu fique longe, que me
afaste dela.
Isso nunca!
O pior é que ainda não sei explicar o motivo disso.
Mas, agora, vendo minha esposa sentada na poltrona do meu quarto,
jantando, com o cabelo molhado, usando uma das minhas camisas me parece ser
certo pra caralho.
Sinceramente, não sei como cheguei a esse ponto tão rápido.
Em minha cabeça, parece que Anastácia  e eu estamos em um relacionamento
antigo, com a possessividade e o ciúmes me rondando o tempo todo. Perto dela,
agora, considero que estou agindo como as mulheres agiam comigo.
Pelo que parece, os papéis se inverteram e não gosto de estar nessa posição.
O problema é que Anastácia  é a lógica, a razão, entre nós dois, enquanto eu ajo
como um completo idiota, a querendo a qualquer custo.
Porra!
— Terminei, vou levar o prato para a cozinha e ligar para o Jonas, eu...
— Não quero você próxima, ou mesmo falando com esse cara, Anastácia. Eu
não gosto dele.
Ela para no lugar e arqueia uma sobrancelha, me encarando.
— Você não tem que gostar, Cristhian . Ele é uma boa pessoa e me dou bem
com ele. Só vou avisar a ele que não voltarei para casa, assim ele fica de olho no meu
apartamento.
Se Anastácia  soubesse que aquele prédio já é meu e que ela está tão bem
protegida ali dentro, que ninguém seria louco de ousar encostar nela, não estaria
preocupada.
Ou estaria?
Se deixei esse tal de Jonas ainda trabalhando de segurança lá, foi para que ela
não desconfiasse de nada, mas acho que vou ter que me livrar desse cara logo.
Eu não gosto dele.
— Eu não gosto dele e tenho ciúmes de você.
Não gosto de pensar no que poderá acontecer se esse cara ou qualquer outro
resolver colocar as mãos nela, pois pensar nessa possibilidade, ou em outras coisas, é
um tanto demais para mim.

Ela é linda, corpo escultural, quente, doce, inteligente.
Anastácia  é o desejo, o oásis de qualquer homem, mas eu sou o seu homem.
Eu não consigo agir com a cabeça fria sobre o que se relaciona a essa mulher.
Eu não tenho a droga do controle quando envolve a minha esposa.
Eu fui o primeiro e serei o último homem a ter acesso ao seu paraíso, custe o
que custar, ou não me chamo Cristhian Grey .
— Você? Com ciúmes de mim? — Uma risadinha acompanha o que ela fala.
Será que ela ainda não percebeu o quanto mexe comigo?
Será que Anastácia  não consegue enxergar a quão perfeita ela parece ser?
Parece que esqueço até meu nome quando estamos próximos, pois só quero
tê-la em meus braços e o resto sempre fica para depois.
Ela me deixa em um perpétuo estado de excitação.
“Você está fodido, está viciado no que ela te faz sentir, Cristhian!”
Admito isso, mas parece que para Anastácia  é difícil acreditar que estou inteiro
aqui, que realmente a quero como falei que queria.
Mas, no fundo, não a culpo por não acreditar em minhas palavras, afinal o
que aconteceu entre nós, ainda é muito recente e terei que ir com calma com ela.
— Não quero você muito perto de outros homens, ainda estou decidindo se
deixo ou não as mãos do Harvey nos braços dele.
Idiota!
Alexander está querendo me provocar e está conseguindo isso.
Ele que não ouse colocar aquelas patas na minha mulher novamente.
— Eu vou levar o prato para a cozinha e fingir que não escutei esses absurdos
que falou.
Anastácia  passa por mim e seguro seu pulso tirando a bandeja de suas mãos.
— Pode deixar que eu mesmo faço isso, esposa. Você vestida desse jeito é
apenas para os meus olhos. Tem seguranças perambulando por aí e é bom evitarmos
um acidente fatal com algum deles, pois isso traria dor de cabeça para o papai. —
Sem permitir que ela fale alguma coisa, me viro e saio do quarto indo para a cozinha.
Coloco tudo em cima da pia e quando estou me virando para sair da cozinha
dou de cara com a mamãe que surgiu da escuridão, do nada.
Bruna Grey  sabe ser assustadora quando quer.
— Mamãe!
— Qual é o plano, Cristhian? — Ela vai direto ao ponto, mas me faço de
desentendido.
— Não sei de que plano a senhora está falando.
Ela sorri de lado, se aproximando em passos lentos enquanto não me movo
do lugar.
— Eu sei que você tem um plano, sua mente é diabólica como a do seu pai e
tenho medo disso pela Anastácia . Eu amo aquela menina assim como amo você e a sua irmã.

É agora que vou tentar arrancar algo dela, já que papai e eu ainda não tivemos
a nossa conversa.
— Ama tanto que a manteve escondida de todos esse tempo todo, uma
afilhada que ninguém sabia que tinham, nem mesmo os seus filhos. Fico me
perguntando o que mais escondem da gente.
Ela fica me encarando por longos segundos.
— Escondemos Anastácia  do mundo, justamente por causa de homens como
você, mas não adiantou muita coisa já que ela caiu justamente nas suas mãos e você
é igualzinho ao seu pai.
— Preferia então que ela fosse de outro homem?
— Sinceramente, sim, queria para Anastácia  um homem que a amasse de
verdade, ela merece isso, merece ser amada acima de qualquer coisa e você não a
ama, Cristhian . Eu queria muito que você a amasse, mas não ama. O que está deixando
você assim é a emoção da conquista, o sentimento de possessividade, a mulher
intocada que você rasgou a virgindade, o único homem que já tocou o corpo dela, o
único que a possuiu. E quanto mais ela diz não, mais você a quer, tudo isso para tê-la
sob o seu domínio. Não vou permitir que a transforme em sua submissa, Cristhian . Eu
mesma a tiro de você, caso tente fazer isso. — Mamãe termina de falar tudo com o
rosto centímetros do meu.
Mamãe sabe dos meus gostos peculiares, mas nesse assunto ela nunca se
meteu, até hoje.
Tudo o que conversei sobre isso foi com o meu pai e consigo compreender a
preocupação dela.
Mas como explicar para a minha mãe que eu mesmo não me compreendo,
porque nunca experimentei o que ela chama de amor.
— Como saber se estou apaixonado por ela, mamãe? Como saber se amo a
minha esposa?
Nesse momento a expressão dela se suaviza.
— Meu filho, querido. — Ela passa as mãos pelo meu rosto, me fazendo o
único carinho que até hoje eu amo.
— Mamãe, não pretendo torná-la a minha submissa, mas a quero mais que
tudo nesse mundo. Não sei dizer se foi porque ela se entregou a mim, ou porque me
rejeita constantemente, tudo o que sei é que a quero. Não sei explicar o que sinto
aqui dentro. — Aponto para meu peito. — Mas eu sinto e é sufocante. Não vou
permitir que ninguém a tire de mim, nem mesmo a senhora.
Ela fica me olhando.
— Eu não sei o que aconteceu entre vocês dois, Cristhian , e, sinceramente,
tenho medo de descobrir e me decepcionar com você, meu filho. Mas seja lá o que
tenha acontecido, magoou muito aquela menina. Consiga o perdão dela primeiro
antes de tentar obrigá-la a ser a esposa e a mulher que tanto quer. Vai descobrir
sozinho se a ama ou não. O amor não chega igual para todo mundo, meu filho, vai ter
que descobrir isso sozinho. — Beija meu rosto e se afasta saindo da cozinha.

Tudo o que me resta é voltar para o quarto.
Quando chego em meu quarto, abro a porta e vejo Anastácia  sentada na cama
com as pernas cruzadas, mexendo no celular.
Só de imaginar com quem ela está falando já me sobe um arrepio pela
espinha, mas não vou falar nada.
Eu tenho que ir mais devagar com ela e ganhar a sua confiança.
— Está precisando de alguma coisa?
— Vou dormir no quarto de hóspedes — ela fala levantando a cabeça, me
olhando e acabo sorrindo.
— Fora de cogitação. — Passo a chave na porta, pois desse quarto ela não vai
sair.
— Então acho que pode se contentar em dormir no chão.
— Por que faria isso se tenho uma cama enorme e uma esposa para abraçar?
Ela faz um movimento demonstrando que vai se levantar e vou até ela.
— Anastácia , para. — Pego em suas mãos que estão frias e as trago para mim,
para que possa beijar.
— Não sei se consigo fazer isso, Cristhian .
Anastácia  parece estar apreensiva.
— Tudo bem.
Anastácia  não fala nada quando apoio o rosto em nossas mãos juntas. Por um
momento, a encaro e ela sustenta o olhar.
Ela não está mentindo, tem medo e compreendo isso através da limpidez dos
seus adoráveis olhos verdes.
Acho que, na verdade, preciso me acostumar que ela é realmente diferente de
tudo o que já conheci.
Pode não dar certo?
Sim, pode.
No entanto, quero manter as coisas em linha reta com a mulher diante de
mim, pois já percebi que ela não é do tipo que deixa rolar subjetivamente para ver até
onde chegará.
Anastácia  tem os pés no chão, prefere esperar e ter certeza do que se jogar e ver
no que dará.
— Seja minha esposa de verdade, Anastácia . — Não penso direito ao falar, mas
também não volto atrás.
— Mal nos conhecemos, Cristhian , e olha a situação que o nosso casamento
aconteceu? Não pode me pedir isso assim, desse jeito. Minha resposta vai continuar
sendo não.
Anastácia  puxa o ar lentamente, nervosa, me encarando como se esperasse que eu dissesse outra coisa.
Bom, não há o que falar, eu a quero, mas também entendo o lado dela o que é
uma merda, e isso está me deixando puto.

Talvez, esteja usando minha experiência para enredar uma garota que mal
conhece a vida direito.
O problema é que se a deixar escapar, irei contra quem sou e como falei,
meus instintos gritam que ela é perfeita para mim. Sendo assim, irei ter tudo dela.
Anastácia  será minha, na verdade, ela já é.

Continua...

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