Capítulo 19

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Anastácia Grey

Ainda posso sentir o seu cheiro gostoso e másculo, assim como os efeitos
dos beijos que ainda fazem a minha boca formigar.
Meu Deus, o que está acontecendo comigo?
No meu corpo ainda resta vestígios do que Cristhian me fez sentir.
A vontade de gritar como uma idiota vem forte, pois é como se fosse um
frenesi que agita as minhas veias, me deixando eufórica.
A sensação é muito boa e, ao mesmo tempo, preocupante, porque estava
empenhada em odiá-lo e não o contrário, o desejando.
Toco os lábios, sentindo-o em mim mais uma vez.
Mesmo sem querer ou sem saber, Cristhian  está me despertando para novos
desejos, coisas e sensações que não conhecia antes dele entrar na minha vida.
Não conhecia o meu corpo ou as minhas demandas.
Nunca explorei esse lado, o sexual.
Com uns beijos, ele despertou mais ainda o meu interesse e gostei de tudo o
que senti desde a primeira vez. Desde os seios pesados até o latejar incômodo entre
as pernas.
— Vá com calma, Anastácia , vá com calma — eu me alerto, precisando parar
um momento.
Não posso me precipitar, pois, tenho medo do que pode vir acontecer.
Primeiro permitirei que ele se aproxime devagar, assim poderei conhecê-lo melhor e
saber se realmente está tão arrependido como diz estar.
Sim, será melhor dessa forma.
Se Cristhian  for tão incrível quanto eu pensava ser, deixarei as barreiras caírem
e o perdoarei.
Tudo dependerá dele.
Agora, no entanto, não é o momento de pensar nisso, pois há um longo
caminho a percorrer e tenho que entrar de cabeça nesse novo trabalho que nem
comecei ainda, mas já estou encantada pelo lugar.
Esse pensamento me deixa aliviada.
Arrumo a mesa e tudo o que tem nela para que eu comece a trabalhar no dia
seguinte a todo o vapor.
Tenho tempo, mas o problema gira em torno de querer ter tudo perfeito.
Sempre fui assim.
Nem percebi que a hora passou voando e quando dei por mim, Alexander
entra na sala com uma roupa completamente diferente da que estava vestido antes.

Ele está sem o jaleco branco e devo confessar que ele é um homem muito
bonito.
— Se continuar me olhando desse jeito, o seu marido arranca a minha pele e
os seus lindos olhos verdes.
Não tem como não rir do jeito que ele fala.
— Desculpa, mas é que você está diferente sem as roupas de médico.
— Eu sei, fico lindo de qualquer jeito.
Acabo sorrindo novamente.
— Bem convencido você, não?
— Só um pouquinho. Agora vamos, o nosso jantar nos aguarda. Espero que
tenha gostado da sua sala, o Cristhian  nunca a usou e sempre ficou vazia. Se quiser
mudar alguma coisa sinta-se à vontade e também terá que contratar uma secretária
para você.
Lembro que ele tinha me convidado para jantar e eu aceitei.
— Não se preocupe, vou providenciar tudo o que preciso amanhã mesmo.
— Tudo bem, contanto que não precise de mim, pode fazer o que quiser. Mas
estou ciente de que uma hora vai querer marcar uma reunião comigo para que eu
possa te explicar o que não entender. No nosso jantar já vou te adiantando muitas
coisas e uma delas é o nosso evento anual de arrecadação de doações para os nossos
departamentos médicos.
Interessante, ele já havia comentado algo mais cedo sobre precisarem de
investimentos para o hospital.
— Então vamos, parece que temos muita coisa para conversarmos. Não sou
muito influente, mas conheço algumas pessoas importantes que talvez possam ajudar.
— Minha querida, convença o seu padrinho a fazer uma doação ao
departamento cardíaco e os nossos problemas já diminuirão pela metade.
Eu acabo gargalhando.
Confesso que me sinto bem com a companhia dele.
— Vou ver o que posso fazer por você.
— Por nós, agora faz parte da equipe. Vai ver o quão gratificante é salvar
uma vida. Você pode não estar com o bisturi na mão, Anastácia , mas o seu trabalho
administrando tudo isso é tão importante quanto estar dentro de uma sala de cirurgia.
Entendo o que ele quer dizer com essas palavras e pela primeira vez há muito
tempo meu coração se enche de satisfação.
Meu trabalho vai ser reconhecido e vou poder fazer muito mais dentro desse
hospital.
— Você costuma se perder em seus pensamentos, mas o brilho em seus olhos
me diz que está feliz e isso é bom, muito bom, pois há tempos, não sei o que é isso.
Eu o encaro e por um momento penso ter visto tristeza em seu olhar.
— Você é tão alegre, por que está dizendo não sentir felicidade?
— Felicidade e alegria são duas coisas diferentes, mas hoje não é dia para te
explicar isso. Vamos ou nos atrasaremos para o nosso jantar e estou morrendo de

fome.
Saímos juntos do hospital, mas quando chegamos no estacionamento
combinamos de cada um ir no seu carro, já que estou dirigindo o carro da minha
madrinha e não irei deixá-lo aqui.
Durante todo o caminho até o restaurante vou pensando em tudo o que
aconteceu mais cedo entre Cristhian  e eu, em todas as sensações boas que ele faz meu
corpo sentir, principalmente, na nossa primeira vez.
Toda vez que essas lembranças veem a minha mente, sinto a minha
intimidade palpitar, pois, tenho curiosidade em fazer tudo aquilo de novo e isso está
me deixando sedenta de algo que nem mesmo sei explicar o que é, mas eu quero.
Depois de pegar bastante trânsito, pelo horário, finalmente, chegamos ao
restaurante.
Não consigo estacionar ao lado do carro de Alexander, pois, não há vaga.
Fico impressionada com a beleza do lugar que é grande, lindo e muito
refinado.
— Gostou do lugar? — ele pergunta se aproximando de mim, no
estacionamento.
— Adorei, nunca tinha vindo aqui. Não encontrei vaga próxima da sua e
ficamos distantes da entrada.
— Não tem problema. Vamos? Precisa ver como é lá dentro. Adoro esse
lugar, apesar de que é um pouquinho longe.
“Não se deixe enganar por todo esse luxo, o dono daqui é meu amigo, um
senhor muito gentil. Um dos poucos amigos verdadeiros que o meu pai tinha. É
como se ele tivesse ficado no lugar do meu pai na minha vida e ele cumpre bem esse
papel.
“Ele ficou do meu lado quando mais precisei, por isso gosto tanto desse lugar.
“Espero que esteja aí hoje, assim posso te apresentar a ele.”
Alexander fala com emoção na voz e deduzo que esse senhor deve ser mesmo
muito especial para ele.
— Eu adoraria, vamos lá então. Está explicado o motivo de você vir aqui sem
uma reserva prévia.
Ele sorri.
— Culpado! — ele fala levantando as mãos e me guia para dentro do
restaurante.
Na hora que passamos pela porta, logo uma recepcionista vem até nós.
— Alexander, a sua mesa já está pronta assim como pediu. O senhor Vittorio
está na cozinha, ele vai querer te ver.
— Eu tenho uma pessoa para apresentar a ele também, depois iremos lá —
Alexander fala olhando para mim e balanço a cabeça.
— Já conheceu a cozinha de um restaurante como esse, Anastácia ?
— Nunca. Acho que não conheço nem mesmo a cozinha do meu apartamento
direito — falo sorrindo e os dois me acompanham.

— Vejo que sua amiga é bem-humorada. Por falar em amigo, aquele seu
amigo também está aí.
Alexander fecha a cara e olha para a recepcionista depois para mim.
— Que amigo? De que amigo está falando?
— Aquele do petróleo. A sua mesa é quase em frente a dele, sempre no
mesmo lugar. As mesas preferidas de vocês dois por serem mais reservadas.
Sinto o coração palpitar e a cara do Alexander não é uma das melhores.
Tenho quase certeza que o Cristhian  não está sozinho.
— Anastácia  podemos ir embora se você quiser.
— Não, não vamos embora apenas por causa de uma má companhia. Viemos
aqui para jantar e prometeu me apresentar o amigo que ficou no lugar do seu pai na
sua vida, é isso que vamos fazer. Obrigada por confiar em mim, ao ponto de me
contar esse tipo de coisa.
— Tem certeza disso?
— Tenho, vamos para a nossa mesa. Só não me deixe sozinha, estou tendo
em você a mesma confiança que está demonstrando ter em mim.
— Tudo bem, vamos lá então. Só mantenha a cabeça erguida, a senhora
Grey  nunca abaixa a cabeça, por isso ela é o pilar da família. Mesmo não
querendo no momento, é esse o título que você tem, Anastácia, e se orgulhe dele, se
orgulhe da mulher que a sua madrinha é e seja como ela.
Balanço a cabeça, ele me oferece o braço e entramos juntos no restaurante.

Continua....

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