CAPÍTULO 27

627 75 13
                                    

Anastácia Grey

Acordo sentindo meu corpo leve, levíssimo, mas diferente do que aconteceu
da última vez, agora sei exatamente onde estou.
Estou na mansão dos meus padrinhos, mais exatamente deitada na cama do
filho deles, meu marido.
Ainda de olhos fechados, lembranças de tudo o que aconteceu na noite
passada me veem a mente, a conversa que Cristhian  e eu tivemos, nossas revelações de
estarmos nos apaixonando um pelo outro e depois o prazer inigualável que ele me
proporcionou.
É como se ele agora fosse um homem totalmente diferente de algumas
semanas atrás.
Mas, como nada é exatamente como queremos, também veem lembranças
desagradáveis do antigo Cristhian  e isso faz com que me encolha na cama.
Eu deveria esquecer e deixar tudo no passado?
Eu deveria deixar para trás a maneira como ele me tratou no começo?
Deveria perdoar meu marido por ter me chamado de puta, vagabunda, uma
desgraçada que deu um golpe nele?
E se houver outro mal-entendido na cabeça dele e não me dê a oportunidade
de me explicar como ele fez da primeira vez?
Como eu ficaria?
Como ficaria meu coração já apaixonado por esse homem?
Não tenho como não pensar nas várias possibilidades, é como se eu
precisasse de respostas para meus questionamentos e medos passados.
— Abra os olhos, anjo. Eu sei que está acordada, dá para ver uma ruga na sua
testa. Certamente, deve estar pensado em coisas que deveria esquecer.
Sinto o colchão afundar do meu lado e abro os olhos, dando de cara com o
homem mais lindo do mundo, sentado ao meu lado, de terno e gravata.
Ele está bem arrumado e cheiroso como nunca.
— Bom dia, anjo. — Passa uma das mãos pelo meu cabelo, trazendo o rosto
até o meu para me beijar.
Mas viro o rosto para o lado e o beijo de bom dia é dado na minha bochecha.
— Não faça isso, Anastácia .
— Que horas são?
Droga, preciso ir trabalhar e chegar atrasada no meu primeiro dia não é um
bom começo.
— Estou pedindo para não fazer isso. Não pense demais. Achei que
estávamos nos acertando e chegando a algum lugar.

Volto a encará-lo e a cara dele não é muito boa.
— Rápido demais, preciso do meu tempo.
Ele fecha a carranca ainda mais.
— Maldição de tempo! É isso que quer mesmo depois de tudo o que
conversamos? — ele pergunta como se não estivesse acreditando que estou voltando
nesse assunto.
Só que as coisas entre nós não se resolverão com as palavras bonitas dele e
como me faz sentir quando estou em seus braços, sob o seu domínio. O que me leva
a outra questão, preciso ficar longe desses braços, desse domínio, pois eles me fazem
perder o sentido das coisas.
Não consigo pensar com clareza perto dele.
— Anastácia , não pense demais, quero descomplicar as coisas e você fica
voltando no que aconteceu.
Agora ele consegue toda a minha atenção.
— Eu fico voltando porque a ofendida fui eu e não você. Eu decido quando
esquecer.
— Anastácia...
Eu me sento na cama e ele se cala quando vê o meu movimento.
Agora vou ser clara com ele para ver se entende definitivamente o meu lado e
me dê o espaço que preciso. Vou abrir meu coração e espero não me arrepender
depois.
— Nos envolvemos de um jeito errado, nos casamos de uma maneira mais
errada ainda e escutar tudo aquilo de você, sem ter a chance de me defender doeu
demais. Ter que me entregar a você apenas para provar que não era nada daquilo que
me acusava partiu o meu coração em milhões de pedacinhos, porque escutar tudo
aquilo do homem que de algum modo já estava em meu coração foi demais para
mim. Não tenho nem palavras para explicar o que senti naquele momento, então não
me peça para não pensar demais, porque eu preciso pensar. Eu preciso do tempo que
está me negando ter, preciso digerir tudo e ainda não consegui fazer isso porque é
recente demais. Você é intenso demais e perto de você, não consigo pensar. Vai por
mim, meu amor, não vamos querer começar um relacionamento assim.
Ele pega a minha mão e leva aos lábios.
— Você me chamou de meu...
— Amor! Sim, eu o chamei de meu amor. Eu não estou me apaixonando por
você, Denner, eu já estou apaixonada.
“Eu já estava mesmo antes de tudo acontecer.
“Nunca passou pela minha cabeça dar um golpe em ninguém, eu jamais faria
isso, jamais faria isso com você.
“Então se coloque no meu lugar e se imagine escutando tudo o que escutei da
pessoa que já me encontrava perdidamente apaixonada.
“Não foi fácil.
“Na verdade, nada está sendo fácil.

“Lidar com você, com os meus padrinhos, com a pressão desse casamento em
cima de mim, nada disso está sendo fácil.
“Estão esperando de mim, uma coisa que ainda nem digeri direito, Cristhian ,
eu...”
— Tudo bem, já entendi tudo e vou dar o tempo que você precisa.
Balanço a cabeça concordando.
Ele segura meu queixo, me beija delicadamente nos lábios e não o afasto,
simplesmente, aceito tudo o que ele me dá nesse beijo.
— Obrigada, os seguranças...
— Eles ficam e disso não abro mão, então nem adianta começar com a
ladainha no meu ouvido.
Bufo frustrada e ele se levanta da cama.
— Mas, Cristhian , não preciso de segurança.
— Isso quem decide sou eu, Anastácia. Quer tempo? Eu te dou a porra desse
tempo, mas não demore muito, querida. Você é minha, minha mulher e só estou
fazendo isso porque não quero te contrariar. Com tempo ou sem tempo, você é minha
esposa e disso não abro mão. Nunca!
Eu coloco os pés para fora da cama e o encaro.
— Eu te odeio, sabia?
Ele sorri daquele jeito que...
Haja calcinha!
— Não, anjo, você não me odeia, muito pelo contrário, me ama. Você
confessou isso poucos minutos atrás.
Eu bato a mão na testa.
Como sou idiota, é claro que ele usaria isso contra mim!
— Eu preciso ir trabalhar e ficar longe de você.
— Suas roupas estão no meu closet e seus sapatos também. Tudo o que
precisa está no closet e tem algumas coisas no banheiro também. Essas coisas que
mulher gosta de usar — ele fala sério e depois pega o celular que toca no bolso dele.
Procuro pelo meu aparelho e o encontro ao lado, na mesinha de cabeceira,
vejo que são sete horas da manhã e ele já está todo arrumado.
— Preciso ir, tem um carro pra você na garagem, é seu. Ele é blindado, assim
você ficará mais segura e eu mais tranquilo. Os seguranças continuarão na sua cola
como se fossem a sua sombra. Volte para a mansão no fim do dia, eu também ficarei
mais tranquilo. E, Anastácia , tem mais uma coisinha que quero deixar bem as claras
para você.
Cristhian  se aproxima e levanto o rosto para encará-lo.
— O que foi? — pergunto com o coração batendo forte pela cara que ele está
fazendo.
— Eu mato qualquer homem que você ousar deixar te tocar. Se o Alexander
está vivo é porque aquele infeliz é meu melhor amigo. E fique longe dos meus
carros, você tem o seu. Compre quantos quiser, caso sinta vontade, mas os meus são

proibidos, meu anjo. Faça isso e não teremos problemas, agora tenho que ir. — Ele
me dá um selinho rápido nos lábios e se afasta saindo do quarto, como se o que ele
acabou de dizer fosse a coisa mais normal do mundo.
Quem fala que vai matar alguém desse jeito com tanta convicção?

Continua...

PRINCIPE DO PETRÓLEO  Onde histórias criam vida. Descubra agora