Capítulo 13

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Anastácia Grey

Desço as escadas lentamente, degrau por degrau até chegar ao fim dela, e o
que pretendo fazer é sair sem que ninguém me veja, mas ao escutar a voz do meu
padrinho estanco no lugar.
— Se ousar dar mais um passo coloco você de castigo como fazia quando era
criança.
Eu sinto vontade de rir quando escuto isso.
Deveria ousar dar mais um passo, já que os castigos que ele me dava quando
criança eram os melhores.
— Tem certeza de que é assim que o senhor quer me assustar? Eu gostava dos
castigos, eles eram regados a bolo de chocolate e suco. — Escuto minha madrinha
sorrindo.
— Venha logo tomar café, menina ingrata.
Como sei que não tenho mais como fugir vou para a mesa, mas não encontro
quem esperava.
— Ele já saiu e me parecia estar bem chateado. Vocês brigaram por algum
acaso? — minha madrinha pergunta calmante.
Ela sabe que eu estava procurando o Cristhian.
— Brigar é a única coisa que a gente faz, madrinha. — Eu me sento à mesa
junto com eles.
— Você chegou aqui bêbada nos braços do Cristhian  — meu padrinho fala
sério e sei que vai vir bronca pela frente.
— Sim, eu bebi, padrinho.
— Oliver, deixe a menina...
— Não, Bruna, ela vai escutar tudo o que tenho que falar e vai escutar calada.
Engulo em seco, pois nunca na minha vida tive coragem de responder aos
meus padrinhos.
— A futura senhora Grey  estava bebendo, em um bar, no gargalo da
garrafa, correndo o risco de ser fotografada pela mídia, caindo de bêbada em um bar.
Se não fosse o Cristhian  ter ido atrás de você quando o segurança ligou avisando só
Deus sabe o que poderia ter acontecido. Sem falar que poderia ter ficado doente por
ter saído naquela chuva toda. Na verdade, ainda pode adoecer.
Eu tento ficar calada, mas não consigo, então levanto a cabeça e o encaro.
Ele percebe o que pretendo fazer.
— Tem certeza de que vai responder, Anastácia?
Meu coração parece estar batendo na minha garganta, mas respiro fundo e
olho para a minha madrinha que tem os olhos cravados em mim.

— O seu filho tem se metido na minha vida profissional, impedindo que eu
consiga arrumar um emprego. Sem falar que ele se recusa a assinar o maldito
divórcio e o senhor sabe disso. O senhor sabe que ele anda fazendo isso e não tem
coragem de fazer nada para impedi-lo, porque quer que eu volte para o grupo Grey  depois dele ter me demitido. Eu não vou voltar, padrinho — falo a última
parte quase que gritando e espero a bronca vir.
Mas ao invés disso é a minha madrinha quem fala:
— Oliver! O que a Anastácia  está falando é verdade? — Minha madrinha não
parece nada feliz com a informação e sei que ela vai me proteger.
— O lugar dela é dentro da empresa, trabalhando no cargo para o qual a
preparei a vida toda. Preciso de alguém de confiança e da família dentro do grupo
Grey  administrando o setor financeiro. Ela deveria estar trabalhando ao lado do
Cristhian  e não procurando emprego na concorrência, me envergonhando. Ela carrega
a porra do meu nome agora, é uma de nós. — Ele bate a mão na mesa com força e eu
me assusto.
— Eu não quero carregar a porra do seu nome.
— Então, por que se casou com o meu filho? Sempre soube quem o Cristhian
era, Anastácia , só nunca imaginei que existia algum tipo de interesse seu nele.
— Eu nunca tive nenhum interesse nele, padrinho, nunca. Tudo o que fiz a
vida inteira foi obedecer, obedeci à mamãe, o senhor, a minha madrinha. Sempre fui
a melhor, nasci um gênio, passei por momentos terríveis e o senhor me ajudou a
passar por todos eles, mas eu nunca quis me casar com o seu filho. Eu nunca quis
carregar o seu nome, nunca me interessei pelo seu dinheiro, nunca nem fiz questão
que ninguém soubesse que eram meus padrinhos. Eu nunca quis nada disso. Eu não
quero nada disso.
Ele fica me olhando por alguns segundos antes de voltar a falar.
— Anastácia , o que aconteceu entre vocês dois no Bellagio? O que aconteceu
entre as paredes daquela suíte que mudou você.
Eu balanço a cabeça em negativa.
— Eu nunca vou falar, não pergunte que não vou falar.
Sinto vergonha de tudo o que aconteceu, da maneira como Cristhian  me tratava
e não vou falar nada.
Tudo o que quero é esquecer.
— Certo, se é assim que quer agir vamos fazer do seu jeito. Vai voltar hoje
mesmo para a casa da sua mãe.
Olho para o meu padrinho, pois não vou aceitar mais isso.
Eles não vão mais mandar na minha vida.
— Não, padrinho, eu não vou voltar a morar com a mamãe.
— Como é que é? — ele pergunta sem acreditar no que escuta, afinal nunca
fui contra as ordens dele.
— Isso mesmo que escutou, não voltarei a morar com a mamãe, já sou adulta
e tomo as minhas decisões. Tenho o meu apartamento e é lá que vou continuar

PRINCIPE DO PETRÓLEO  Onde histórias criam vida. Descubra agora