capitulo 12

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Anastácia Grey

Sinto a maciez dos lençóis no meu corpo, o travesseiro fofo embaixo da
minha cabeça, o colchão confortável e uma sensação boa toma conta de mim até que
resolvo me mexer e a minha cabeça dói.
Não é uma dor terrível, mesmo assim incomoda muito.
— Meu Deus, parece que um caminhão passou por cima de mim. — Me
viro para o outro lado.
— O nome disso é ressaca de tequila, esposa. Estava bebendo direto no
gargalo da garrafa.
Agora sim, acordo de vez e abro os olhos, me dando conta de onde estou.
Na verdade, na cama de quem estou.
E o pior é sentir que estou nua.
— Eu não acredito que fiz isso de novo. — Puxo o lençol, cubro a cabeça e
escuto uma risada.
— Você é uma delícia, esposa, tive que pedir para que você gemesse mais
baixo, afinal estamos na casa dos meus pais e não...
— Cala a boca. Você é um tarado, abusou de mim, estando bêbada.
Eu não acredito que fiz isso de novo!
— Eu, tarado!? Foi você quem tirou a roupa e ficou nua. Eu sou homem e
seu marido. Não sou de ferro, é claro que aproveitei — ele fala cada palavra como se
estivesse se divertindo com a minha cara.
Puxo na memória o que pode ter acontecido, mas só aparecem flashes.
É então que me lembro de nós dois no banheiro, juntos.
Droga, eu provavelmente transei com ele de novo.
— Por que me trouxe aqui? Na verdade, o que você estava fazendo no bar?
— Retiro o lençol para olhar e me deparo com o espécime humano mais lindo do
mundo.
Ele está nu bem na minha frente, com o cabelo molhado e as gotas
pingando em seu peito másculo. Em vez de fechar os olhos, os arregalo olhando para
onde provavelmente não deveria olhar, mas é impossível não admirar o que ele tem
entre as pernas.
Para piorar a minha situação, vem à mente todas as sensações maravilhosas
que ele me fez sentir na nossa primeira vez, juntos.
— Não se preocupe, amor, ele é todinho seu, se quiser é só pedir.
Eu me deito de uma vez, puxando o lençol de novo para a minha cabeça.
— Eu quero morrer.
O idiota gargalha alto.

— Não se preocupe, Anastácia , estava brincando com você. Não aconteceu
nada entre nós dois. Por mais que eu estivesse de pau duro por te ver passeando pelo
meu quarto pelada, eu não fiz nada.
“Não sou o tipo de homem que você pensa que sou, jamais ficaria com
uma mulher que não me quer, ainda mais se ela estiver bêbada.
“Agora tome o remédio que está na mesinha ao seu lado, vai te ajudar e se
vista, os meus pais nos esperam para tomarmos café da manhã. Depois te levo para
casa.”
Escuto uma porta sendo fechada, tiro o lençol da cabeça e vejo que ele
entrou no que só pode ser um closet.
Levanto e tomo o remédio que ele falou.
Logo ao lado da mesinha de cabeceira tem uma poltrona com roupas em
cima e quando pego vejo que são as peças que eu estava usando ontem, mas estão
limpas e passadas.
O que o Cristhian  está tentando fazer?
Vou para o banheiro e me visto, depois escovo os dentes com uma escova
nova que encontro nos armários do banheiro.
Já o meu cabelo é outro caso, então só o arrumo em um coque alto e
pronto.
Agora só falta achar os meus sapatos.
— Cristhian ! Ainda está aqui? — pergunto saindo do banheiro.
— Bem na sua frente.
Meu Deus, que susto!
Não o tinha visto sentado na cama.
Deveria ser pecado ser tão bonito assim, como pode?
— Anastácia , aqui! Foco, Anastácia. O que você quer?
Como posso manter o foco com ele assim, todo arrumado e cheiroso bem à
minha frente.
É uma beleza de tentação.
— Anastácia! — Ele estrala os dedos na minha frente, sorrindo, me fazendo
voltar aos meus pensamentos coerentes.
— Meus sapatos. Onde estão?
— Joguei fora.
Ele não fez isso.
— Sei que você não teve coragem, me dê os meus sapatos. Eles foram
caros, Cristhian , e não costumo me dar a esse tipo de luxo, aquele sapato foi uma
exceção. Então, me diga onde estão?
— No lixo.
Eu acabo sorrindo sem querer, porque só pode ser brincadeira.
Mas vejo o quanto ele está sério, então paro de sorrir.
— Você jogou mesmo os meus sapatos caros no lixo?
— Ontem mesmo.

— Você ficou louco? Aqueles sapatos custam uma fortuna, Cristhian,
praticamente dois meses do meu salário no Grupo Grey . Eu economizei para
comprá-los, sabia?
— Compro para você quantos sapatos quiser, desde que não sejam daquela
altura, nem sei como consegue andar com aquilo.
— Não é da sua conta como eu consigo andar com eles ou não, Cristhian .
— É da minha conta sim, você tem cicatrizes na perna que com toda
certeza foram recorrentes de várias cirurgias e ainda sente dores. Não vai mais usar
esse tipo de sapato, existem marcas de luxo que produzem sapatos até mais bonitos
dos que eu joguei fora, mas que não são daquela altura. Vou mandar fazer sapatos
exclusivos para você, então vai poder exibi-los por aí toda orgulhosa, sem se
prejudicar. Chega de saltos altos.
Eu literalmente fico de boca aberta com tudo o que escuto, afinal ele fala
como se realmente se preocupasse comigo.
Eu sei que não é recomendado, no meu caso, usar saltos tão altos, mas eu
gosto e procuro não exagerar.
— Gosto de saltos altos — falo entredentes e ele sorri.
— Sinto muito, nem sempre podemos ter tudo o que gostamos. Eu sou um
exemplo disso. — Ele mostra a si mesmo com as mãos.
— Você pode ter tudo o que quer, Cristhian .
Ele arqueia uma sobrancelha.
— Quero fazer amor com a minha esposa. Posso ter isso?
Sinto meu rosto pegar fogo e minha intimidade pulsa só em ouvir o que
esse sem-vergonha fala.
— Não, claro que não.
— Então, não se pode ter tudo o quer, querida, fim de discussão. — Ele se
levanta e entra no closet novamente.
— E o que eu vou calçar, idiota?
Ele sai do closet com uma caixa se sapatos nas mãos.
— Isso aqui. — Ele me entrega a caixa e fico surpresa quando a abro.
É uma Pump slingback em couro escovado da Prada.
— Mas como... Como foi que...
— Não temos tempo para isso, calce os sapatos e vamos descer antes que a
mamãe suba para nos chamar. Ela deve estar pensando que estamos fazendo outras
coisinhas, esposa, é isso que quer que os meus pais pensem?
Ele quer me fazer mudar de foco, colocando outra conversa no meio, mas
não vai conseguir.
— Onde conseguiu isso, Cristhian? Ou fala, ou não vou usar.
Ele respira fundo e passa uma das mãos pelo cabelo.
— Custa só calçar, Anastácia , e irmos tomar café da manhã em paz? Por que
tudo o que faço para você tem que ter uma extensa explicação? Sempre questionando

tudo. Por que me trouxe comida? Por que tenho seguranças? Por que me comprou
um sapato? Porque, porque, porque... Você é cheia de porquês, Anastácia.
— Só não entendo o porquê de estar fazendo tudo isso agora...
— PORQUE EU SOU O SEU MARIDO E JUREI CUIDAR DE VOCÊ.
Ficamos nos encarando e como ele vê que não vou falar nada, volta a falar.
— Prometi ser tudo o que você precisasse que eu fosse.
— Para quem prometeu isso, Cristhian ?
Ele ri sem graça.
— Não interessa. Agora respondendo o seu questionamento, fui comprar a
porra do sapato antes de você acordar e antes que pergunte... Sim, eu liguei para o
dono da loja que é um conhecido da família e ele a abriu para que eu comprasse o
sapato para você. Não sou um marido tão terrível quanto pensa.
Cristhian  não me dá mais tempo de falar ou questionar nada, porque sai do
quarto batendo a porta enquanto fico parada olhando para a caixa em minhas mãos.

Continua....

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