Capítulo 16

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Anastácia Grey

Saímos do elevador com Cristhian  me segurando pelo braço, indo até uma
porta onde está escrito vice-presidência. Ele a abre me colocando dentro e fecha a
porta atrás de si, passando a chave.
O clique da porta sendo travada acelera meu coração mais ainda.
— Cristhian, abre essa porta agora mesmo.
— Como foi que ficou sabendo que o Alexander estava precisando de alguém
para ajudá-lo com o hospital?
Tudo o que faço é dar um passo para trás.
— Responda, Anastácia!
— Não é da sua conta, Cristhian .
“Será que não entende o que eu falo?
“Não pode se meter na minha vida.
“Finja que sou a mesma Anastácia  que você "odiava" semanas atrás e esqueça
que eu existo.
“Era isso que você queria, não era?
“Você queria me ver longe do grupo Grey  e conseguiu isso.
“Eu só peço para que me deixe em paz agora.
“Tudo o que quero é viver a minha vida quieta, na minha, sem incomodar
ninguém, sendo invisível como sempre fui.
“Eu não estou te pedindo nada de mais.
“Tudo o que quero é que volte a me odiar e me deixe em paz. É tudo o que eu
quero.”
Ele fica calado, me olhando, me analisando e isso me deixa nervosa.
— Não me peça para fazer isso. Sei que você está pensando em tudo o que já
aconteceu com a gente. Eu errei, Anastácia, e já admiti isso te pedindo perdão, mas você
não me escuta, é teimosa.
— E você por algum acaso me escutou, Cristhian?
“Você me escutou todas as vezes em que tentei me explicar?
“Você me escutou quando eu estava tentado me defender das coisas horríveis
que me acusava?
“Foi preciso entregar o meu corpo...
“Você me levou para a cama com ódio, me possuindo como se eu fosse uma
qualquer, uma "vagabunda", uma "vadia" que não valesse em nada.
“Foi preciso eu permitir que tirasse a minha virgindade para que eu tivesse a
oportunidade de me explicar.

“Na verdade, a barreira da minha virgindade disse a você que eu não era nada
do que pensava de mim.”
Ficamos nos encarando e ele parece não saber o que falar, porque realmente
não tem nada que ele diga que vá justificar o que me fez.
— E esse é o jeito que você está encontrando de me punir, não é mesmo?
Fecho os olhos e balanço a cabeça.
Não entendo o motivo desse interesse dele todo agora. Não entendo o motivo
dele querer continuar com esse casamento já que claramente não conseguimos ficar
perto um do outro sem brigar.
— Por que eu, Cristhian? — Assim que termino de falar me arrependo, mas
infelizmente não posso voltar atrás.
— E, por que não?
Eu não sei o que responder, pois, para mim, é algo óbvio.
Eu me sinto agitada, mas consigo disfarçar.
Pelo menos acho que sim.
— Cristhian , olha, não sou como... — Aperto os lábios, olhando para qualquer
outro ponto da sala que não seja ele. — Eu não sei como lidar com você, não depois
de tudo. Eu não sei se isso aqui... — Aponto dele para mim. — Tem sentido. Você
me entende agora?
— Não, por favor, me explique melhor.
Pelo seu tom de voz percebo que está chateado, mas eu também estou mais
do que chateada com essa nossa situação.
Olho para ele e sua expressão parece ser uma carranca.
— Somos diferentes demais, Cristhian . Mundos completamente opostos um do
outro, é como água e vinho.
— Um é necessário para a vida e o outro é apreciado por seu sabor. São
diferentes, mas importantes, depende apenas do ponto em que é visto. Não vejo ainda
qual é o verdadeiro problema.
Ele me deixa sem palavras, mas uma coisa tenho que admitir, ele é bom com
argumentos, talvez melhor do que eu.
— Você me deixa nervosa, não consigo pensar direito com você perto de
mim. Não sei como me comportar quando estou com você e sinto isso desde a
primeira vez em que colocamos os olhos um no outro. — Sou sincera em tudo o que
falo.
— Você também mexe comigo, Anastácia, mexeu desde a primeira vez. Acho
que foi por isso que fiquei tão puto da vida quando te escutei naquela ligação com o
meu pai, dizendo que o amava, conversando com ele de uma forma tão íntima.
“Eu acreditei no que escutei mais de uma vez.
“O que queria que eu pensasse?
“Eu fiz merda, sei disso e já te pedi perdão.
“Estou disposto a deixar o fluxo seguir, por que não faz o mesmo?”

Olho para ele com os pensamentos confusos, pois só não quero me
decepcionar de novo.
É pecado querer me preservar e ter dúvidas sobre o que ele me fala?
Cristhian  é como um furacão, rápido e destrutivo demais, e poderia nunca me
recuperar após a sua passagem pela minha vida. É isso que me deixa mais apavorada
nessa situação toda.
— Eu não sei... Eu, eu... Cristhian .
— Você me faz sentir coisas que até então nunca tinha experimentado com
outra pessoa, Anastácia. Eu também estou com medo de tudo isso, mas eu quero você.
— Cristhian...
Ele me faz sentir um monte de coisas, sensações novas que são boas e
também assustadoras demais.
Tenho medo do que ele me proporciona.
E se eu decidir perdoá-lo e der errado, o que farei depois?
Eu sempre tento enxergar o melhor da vida, deixando as coisas ruins o mais
distante possível de mim, mas as preocupações da minha vida não incluía me
relacionar com um homem como o Cristhian  que sempre foi apenas o filho dos meus
padrinhos.
Quando Oliver me mandou para a sede do grupo Grey  foi com o intuito
que Cristhian  e eu no conhecêssemos para que ele pudesse contar a minha existência
para os filhos e explicasse toda a situação.
Mas o plano não deu muito certo já que Cristhian  me recebeu na empresa
armado com pedras.
— Admito que não me importo se o tempo é rápido ou não... Foda-se! Eu
quero você, então diga que me quer também.
Meu Deus, ele não pode jogar uma coisa dessas assim em cima de mim, para
que eu me resolva com as sensações arrebatadoras que suas palavras causam.
Minha respiração escapa trêmula, ele se aproxima de mim e acaricia meu
rosto, esfregando a minha bochecha com seu polegar.
É algo tão natural inclinar em sua direção enquanto meus olhos pesam.
Seu toque queima, criando uma necessidade tão dolorosa que me dá agonia.
— Não é possível que você não sinta isso. — Seu polegar acaricia meu lábio
inferior. — Por favor, diga que sente também.
— Eu sinto. — Minha voz sai falha e não resisto quando ele se aproxima
ainda mais.
— Cristhian ...
— Me permita mostrar o que poderemos viver juntos, Anastácia . Não se importe
com o tempo, apenas viva comigo tudo isso. Seja minha por favor.
Pisco os olhos, me sentindo tonta, dominada e rendida.
Eu o quero e aceitarei o que está destinado a ser nosso, mas o meu medo do
que pode acontecer ainda é maior do que tudo.

— Não me rejeite. — Beija o canto da minha boca. — Diga que me quer. —
Há gentileza em seu tom de voz.
Acaricio o seu rosto.
Eu me sinto cada vez mais envolvida por ele, não há como lutar.
— Seja você mesma comigo. Vamos devagar, com sinceridade. Sem
mentiras, tudo bem? Seremos amigos e cuidarei para não te magoar. Eu respeitarei os
seus limites. Vamos deixar acontecer o que tiver que acontecer.
Molho os lábios pensando, analisando e ele acompanha o movimento da
língua.
O jeito que ele fala me deixa zonza e sinto como se estivesse com o corpo
leve, ao mesmo tempo, em que os meus seios estão pesados e doloridos.
— Anastácia, me mostre o seu caminho. — Ele me puxa para os seus braços, me
apertando como pode.
Nesse momento, descubro que nada mais será como antes.
Estou totalmente perdida, porque estou completamente apaixonada por
Cristhian Grey.

Continua...

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