Capítulo 20

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Anastácia Grey

“Tristeza e percalços são inevitáveis na vida, minha filha.
A gente cai para depois se levantar.
As coisas são assim, mas a forma como lidamos com as situações e
aprendemos com elas é o que nos faz ser diferentes.
Não esqueça disso nunca, Anastácia , sempre estarei aqui para você, querida.”
Era o que a minha mãe sempre dizia quando acontecia algo que me deixava
chateada ou triste. Ela sempre soube o que dizer e como dizer em cada momento da
minha vida.
Agora, vendo a cena que está diante dos meus olhos, tudo o que queria era
ouvir suas sábias palavras.
— Puta que pariu! Ele tinha que trazê-la justamente aqui? — Alexander puxa
a cadeira para que eu me sente.
Cristhian  está em uma conversa tão acalorada com a mulher que lhe faz
companhia que nem mesmo percebe a nossa presença.
— Não se preocupe com isso, o nosso casamento não passa nem perto de ser
de verdade. Cristhian  é um homem experiente e não sou tola ao ponto de achar que ele
é fiel a um casamento que não era nem mesmo para ter acontecido.
As palavras saem rasgando o meu coração, porque até algumas horas atrás
esse sem-vergonha estava me pedindo perdão, pedindo para vivermos como marido e
mulher e agora está aqui com outra.
Eu sei quem é essa mulher, é a mesma que estava agarrada ele no escritório, a
mesma que estava na boate no dia em que fui me encontrar com a Duda.
— Anastácia , não julgue, as vezes nem tudo o que parece é verdade. Eles
podem...
— Não precisa defendê-lo, Alexander. Ele é seu amigo e não quero te colocar
em uma situação complicada. Sei muito bem quem é essa mulher, já vi os dois juntos
antes se agarrando no escritório e depois na boate. Eles parecem ser bem íntimos. Eu acho que se alguém tivesse que se sentir mal, esse alguém teria que ser eu, já que
parece que o casal deve estar tendo problemas por minha causa.
— Porra! O Cristhian  vacila demais as vezes.
— Podemos fazer o nosso pedido, por favor? — peço a ele quase que
implorando e ele me olha.
— Vem, você não irá jantar aqui olhando para isso, é capaz de ter uma
indigestão antes mesmo de terminar de comer. — Ele se levanta e me estende a mão.
— Para onde vamos então?
— Para a sala especial do chefe, Vittorio. Vamos lá, vou te apresentar a ele.

Eu seguro em sua mão e quando me levanto a cadeira faz um pequeno
barulho, é nesse momento que Cristhian  percebe a nossa presença, mas finjo ignorar a
existência dele.
Passamos exatamente ao lado da mesa em que ele está, mas sou obrigada a
parar de andar quando ele segura o meu pulso, mesmo sentado.
— Que porra é essa, Alexander? — ele questiona o amigo, me olhando.
— Então, é por essa vadia, vagabunda que você está me trocando, Cristhian ?
Só em olhar para a cara dela dá para perceber que não passa de uma golpista que...
— Calada, Marina! Calada! — Cristhian  interrompe a mulher, a mandando
ficar calada e suas palavras ecoam em meus ouvidos.
“Uma vadia, vagabunda que meteu um golpe.”
— Cristhian , resolva os seus assuntos que Anastácia  e eu estamos aqui apenas para
jantar e conversar coisas relacionadas ao hospital — Alexander fala.
Engulo o bolo que se forma na minha garganta e puxo o pulso do aperto do
Cristhian .
— Alexander, por favor — falo quase implorando.
Ele entende o que quero, passa o braço em volta da minha cintura, me puxa
para ele e me coloca na sua frente. Só escuto o rosnado que o Cristhian  dá, olhando
para o amigo.
— Vamos, querida — Alexander fala.
— Alexander, vou cortar os seus braços, caralho.
— Vou estar esperando. Aguardarei sua visita com o meu bisturi.
Alexander me empurra para sua frente e começo a andar, logo saímos do
ambiente do restaurante e ele me guia por um corredor, depois por outro até que paro
de andar.
— Alexander, me desculpe, mas queria muito ir para casa. Sinto muito
mesmo, mas não estou mais no clima para conhecer alguém tão importante para
você. Vamos trabalhar juntos agora, podemos fazer isso outro dia.
Ele me encara e passa o polegar pela minha bochecha em forma de um
carinho singelo.
— Como ele pode ter tanta sorte? Você é tão... Tão linda e perfeita, mas
infelizmente já é dele.
Seguro sua mão que está no meu rosto já com vontade de chorar, mas consigo
me controlar.
— Eu não sou propriedade de ninguém, Alexander. Muito menos do Cristhian .
Ele sorri gentilmente.
— Você já era dele muito antes de perceber, querida. Eu conheço o Cristhian  a
vida toda e sei que de você, ele não vai abrir mão.
“O seu ar de inocência misturado com a sua personalidade autossuficiente é
um vício que depois de provado é impossível controlar, ainda mais para um homem
dominador como ele.

“Você virou um desafio na vida dele, Anastácia , um que há muito tempo ele não
tinha.
“Ele vai lutar por você e vai conseguir ter você exatamente como ele quer.
“É uma pena eu não ser um jogador à altura, pois valeria muito a pena entrar
nessa.
“Mas, no momento, tenho outras preocupações na minha vida e entrar em
uma briga com o meu melhor amigo por uma mulher seria uma grande dor de
cabeça.
“Vou me conformar apenas com a sua amizade, se me permitir é claro.”
Fico encarando Alexander por alguns segundos, tentando entender tudo o que
ele diz.
— Seremos apenas amigos e nunca vai passar disso, já quero logo deixar bem
claro, Alexander.
— Não se preocupe, da minha parte nunca passará da amizade. Você já é uma
mulher casada e respeito muito a instituição do casamento.
— Então pretende se casar um dia?
— Não, mas respeito quem já está amarrado... Ou casado.
Acabo sorrindo, pois, já percebi que ele sempre fala alguma coisa engraçada
para aliviar o clima.
— Uma pena você não querer ficar.
— Vamos deixar para outro dia, só quero mesmo ir para casa. Prometo que
amanhã cedinho vou estar no hospital, então podemos conversar mais.
— Tudo bem, vamos, eu te levo até o seu carro.
— Não precisa, vá ver o senhor Vittorio. É esse o nome dele, não é?
— Sim.
— Então vá até ele que sei o caminho de volta. Não se preocupe, me lembro
de você ter falado que estava morrendo de fome.
Ele sorri.
— Estou faminto, não tive tempo nem mesmo de almoçar hoje.
— Então vá atrás de comida que vou atrás da minha cama. Até amanhã. —
Vou até ele e nos abraçamos.
— Até amanhã, senhora vice-presidente.
— Você não vai parar de me chamar assim, né?
— Não mesmo.
Sorrimos, nos despedimos e volto pelo mesmo caminho que cheguei, mas ao
passar novamente por dentro do restaurante não vejo mais o Cristhian  na mesa com a
mulher. Talvez, eles tenham ido embora, o que é bom, assim não preciso lidar com
mais humilhações.
Saio do restaurante e vou direto para o estacionamento, mas, para a minha
total surpresa, não encontro o carro da minha madrinha no lugar onde deixei, o que
me faz levar um tremendo susto.

Não é possível que roubaram um carro daqueles de dentro de um
estacionamento e ninguém viu.
Merda!
Pego o celular para ligar para o meu padrinho quando ele é arrancado da
minha mão e dou um pequeno grito de susto.
— O que foi? Ia ligar para o Harvey vir te ajudar?
Jesus Cristo!
O que ele quer agora?

Continua...

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