(O Sr. Olhos Incríveis)
Tudo o que eu queria era que Viola Beene me deixasse em paz, sumisse, evaporasse. Porém, quanto mais o tempo passava, menos disposta a isso ela se mostrava. Não importava o quanto eu fugisse, me esquivasse ou a ignorasse, nada parecia ser suficiente para fazê-la desistir da sua missão de me arrastar para o mais profundo abismo social.
Eu odiava a maneira como ela me olhava, arregalando aqueles olhões de coruja sob as lentes fundo de garrafa, odiava a sua voz medonha e, sobretudo, odiava o sorriso mais que desnecessário que ela teimava em exibir sempre que esbarrava comigo.
Setembro de 2012
Primeiro de Setembro, início do ano letivo.
Meu pai estacionou o Aston Martin e, antes que ele desse início a uma nova sessão de recomendações, saltei do carro rumo à escadaria do prédio georgiano que se elevava diante de nós, um colosso com paredes de tijolos vermelhos e janelas de vidro amparadas por beirais brancos. O lugar onde boa parte da minha adolescência seria desperdiçada.
Não me entenda mal, eu não acho que educação seja um desperdício, mas a vida é curta e me parece ilógico desperdiçar uma parte significativa dela ouvindo professores e cheirando pó de livros. Fora isso, eu gosto da ideia de estudar no Madison: meu avô é um old Madison, meus pais são old Madisons, era meio que natural que eu seguisse o mesmo caminho. E embora o nível de exigência do diretor Prescott no que diz respeito ao corpo discente estivesse em constante declínio - isso foi o que ouvi meu pai comentar com os amigos durante a partida de golfe do fim de semana - a escola permanece sendo sinônimo de aristocracia e privilégio.
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Viola e Rigel - Opostos 1
Teen FictionSe Viola Beene fosse um cheiro, Rigel Stantford taparia o nariz. Se ela fosse uma cor, ele com certeza não a usaria. Se fosse um programa de TV, ele desligaria o aparelho. Mas ela era apenas uma maluca expansiva e sorridente que infernizava a sua vi...