Verifico a rede social pelo que deve ser a quinta vez esta manhã. Faz mais de duas semanas que o Oli viajou e fica cada vez mais difícil me comunicar com ele. Com frequência eu envio mensagens, e com a mesma frequência ele as ignora. Dessa vez, no entanto, há uma mensagem.
Eu respiro fundo, aprumo os óculos e aproximo o rosto sorridente da tela do computador.
Oli: Sim, eu estou bem.
Ainda não sei quando retornarei, talvez na próxima semana.
Também sinto a sua falta.
E se prepara, tem algo complicado que eu preciso te falar. Lembra a hipótese que levantamos sobre o meu pai e a sua mãe terem tido algo nos tempos de escola? Então, acho que ela não é tão absurda assim.
Encaro a mensagem sem saber o que responder, sentindo o coração bater na garganta e as pontas dos dedos resfriarem. Tenho o impulso de fechar o laptop e fingir que nem li a mensagem, mas sou curiosa demais para fazê-lo. Para completar, o Oli acaba de aparecer online e sinto falta de falar com ele.
Oli: Oi. Você ainda está aí?
Eu: Sim.
Oli: Leu a minha última mensagem?
Eu: É. Acho que meu cérebro ainda está processando a informação.
Oli: Me avisa se conseguir. O meu deu bug.
Pensar na minha mãe e no pai do Oli juntos me deixa em choque. De uma hora para outra parece que meu cérebro perdeu a capacidade de elaborar quaisquer pensamentos concretos, o mesmo acontece com meu corpo, que parece ter erguido uma barreira ao redor da minha garganta impedindo que o ar penetre os pulmões.
A coisa toda é tão absurda que seria cômica, se não fosse tão apavorante. De repente, tudo parece fazer sentido: a implicância, as brigas, o ódio mútuo entre as famílias... a insistência para que eu mantenha distância do Oli. É como se eu tivesse descoberto uma fonte e ela não parasse de jorrar lembranças, inundando meus pensamentos com memórias e fatos que me passaram despercebidos ao longo dos anos.
Desde que me lembro fui instruída a manter distância dos Stantfords, porém quando questionava o porquê, as respostas eram sempre vagas e pouco explicativas. "Porque sim." ou "Porque eles não são boas pessoas." não são respostas aceitáveis. No entanto, eu nunca as questionei. Meus pais eram mais velhos e mais sábios e tinham visto e ouvido coisas que eu nem imaginava. Eles conheciam o mundo de uma forma que eu nem intentava conhecer, e sabiam o que era melhor para mim.
Oli: Eu confrontei o meu pai noite passada... Bem, mais ou menos.
Arregalo os olhos, mal contendo a surpresa.
É uma revelação e tanto. Não consigo discernir se me sinto feliz ou triste por ele. Decido que me sinto orgulhosa.
Eu: Sério?
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Viola e Rigel - Opostos 1
Teen FictionSe Viola Beene fosse um cheiro, Rigel Stantford taparia o nariz. Se ela fosse uma cor, ele com certeza não a usaria. Se fosse um programa de TV, ele desligaria o aparelho. Mas ela era apenas uma maluca expansiva e sorridente que infernizava a sua vi...