O tempo

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― Eu posso vê-lo? ― pergunto à enfermeira Talbot depois de empurrar a porta da enfermaria e enfiar a cabeça pela fresta

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― Eu posso vê-lo? ― pergunto à enfermeira Talbot depois de empurrar a porta da enfermaria e enfiar a cabeça pela fresta.

A enfermeira aperta o indicador contra os lábios, pedindo silêncio, e caminha até mim. De onde estou vejo Oli, estirado na cama, o rosto mais pálido que o normal, sei que está vivo porque seu peito continua a subir e descer, e isso meio que me acalma.

Foi horrível vê-lo despencando da escada como uma folha de papel soprada pelo vento. Aconteceu tudo tão rápido, num segundo ele estava ali de pé à minha frente, e no segundo seguinte seus joelhos se dobraram e seu corpo desabou.

― Melhor não, ele precisa descansar.

― Mas ― minha voz falha e engulo saliva, apertando as mãos uma contra a outra para amenizar os tremores. ― ... ele está bem.

― Sim.

― Tem certeza? Ele não parecia nada bem quando despencou da escada, e a queda foi um bocado violenta sabe, eu cheguei a pensar que ele pudesse ter se quebrado inteiro. ― Levo as mãos ao rosto, fungando e limpando as lágrimas. Senhora Talbolt se aproxima, fechando a porta às suas costas e para à minha frente, o olhar penalizado recaindo sobre mim enquanto as mãos marcadas pelo tempo fazem um carinho no meu cocuruto. ― Foi horrível, a senhora não faz ideia, e eu cheguei mesmo a pensar que ele pudesse... a senhora sabe... não quero falar a palavra.

― Está tudo bem querida.

― Promete?

― De mindinho. ― ela diz, afastando as mãos dos meus cabelos e esticando o mindinho diante do meu rosto choroso. ― Confie em mim, o Sr. Stantford está bem, foi apenas mais uma daquelas crises, você sabe, ele não está lidando muito bem com elas. E graças a Deus ele estava apenas no terceiro degrau.

Me afasto para me sentar no sofá ao lado da porta, ponho as mãos juntas entre as pernas e respiro fundo, não posso deixar de me sentir culpada pelo ocorrido, se eu não tivesse aberto a boca, agora o Oli não estaria estatelado em uma cama com uma agulha enfiada na veia enquanto recebe litros de soro.

A Sr. Talbot continua me olhando, parada em seu silêncio sepulcral.

― Quando ele vai poder deixar a enfermaria? ― quebro o silêncio.

― Logo. O pai dele está vindo para cá, ele precisará ver um médico, realizar um check-up.

― Por quê? Eu pensei que não fosse nada sério. Há o risco de concussão ou algo assim?

― Sempre há, embora neste caso seja muito pouco provável, e ele sofreu um pequena fratura no antebraço, essa é a nossa maior preocupação. É aquela velha máxima: é melhor prevenir do que remediar. ― Ela sorri complacentemente. ― Ah, não fique assim, não há nada com precise se preocupar. Logo, logo ele estará novinho em folha e pronto para outra.

― Nem brinque com isso ― peço.

Só de imaginar o Oli rolando escada abaixo como uma bola de neve, minha alma fica em frangalhos.

Viola e Rigel - Opostos 1Onde histórias criam vida. Descubra agora