O Dia do Fundador

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Eu não sei quantas vezes ou em quantos pedaços um coração suporta ser partido

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Eu não sei quantas vezes ou em quantos pedaços um coração suporta ser partido. O que eu sei é que o meu estava estraçalhado.

- Beene. - Fui surpreendida pala voz mansa do Oli. Como era possível que ele me olhasse daquele jeito, que falasse comigo daquele jeito depois de ter feito o que fez?

Eu queria saltar do banco e arrancar aquele sorrisinho arrogante de seu rosto. Mas em vez disso, continuei onde estava, jogando migalhas de pão aos pássaros que ciscavam à minha frente.

Ele andou até mim, com as mãos enfiadas nos bolsos, e os pássaros sobressaltados alçaram voo.

- Parece que seus amigos não foram muito com a minha cara. - disse, desabando ao meu lado.

Oli fechou os olhos e levantou a cabeça, recostando no espaldo de madeira. E eu não conseguia parar de olhar para ele.

Como alguém podia apenas sentar, virar o rosto para o sol e parecer tão extraordinariamente bonito?

Seus olhos se abriram, um mar plácido e cinzento descansando sobre os meus. Meu coração disparou. Saltei do banco, pensando se aquele seria o momento certo para dizer o quanto sua atitude tinha sido desprezível e o quanto tinha me magoado - não que ele fosse se importar.

- Você... Você... - Ele sorriu. Engoli as palavras, incapaz de continuar.

- Está brava comigo, não está? Por eu ter... Você sabe.

- Por ter me humilhado? Por ter feito a sala inteira rir de mim? Ou por... - Pelo visto eu tinha perdido totalmente a capacidade de concluir uma frase, por mais simples que fosse.

- Não devia ter feito aquilo, foi idiota. - Ele se ajeitou no banco e encolheu as pernas. - E aquela coisa com a Emily, bem, nós não estamos juntos nem nada, se quer saber. - Seu sorriso tinha desaparecido, e agora ele fitava o horizonte com o rosto vazio.

- Não? - Minha voz soou entusiasmada, quando deveria ter soado indiferente. - Mas você a beijou.

- Isso não nos torna um casal. Um beijo é só um beijo.

Não para mim.

- Você disse que estava apaixonado por ela.

- Não devia acreditar em tudo o que te falam, Beene. - afirmou, sem olhar diretamente para mim. - Pessoas mentem. - Ele levantou uma sobrancelha e ensaiou um sorriso. - Por que não senta um pouquinho? - prosseguiu, dando tapinhas descontraídos no banco.

- Estou bem assim. - respondi com os braços cruzados sobre o peito. Não ia sentar ao seu lado e sorrir para ele como se nada tivesse acontecido. Se era isso que ele esperava que eu fizesse daria com os burros n' água.

- Relaxa. Eu não vou arrancar sua cabeça, quero apenas conversar um pouco.

Afastei uma mecha de cabelo do rosto. Não importava o que ele dissesse eu não ia sentar ao seu lado naquele banco e agir como se nada tivesse acontecido. Oli tinha me magoado e, em vez de se desculpar estava agindo como se isso não fosse nada demais.

Viola e Rigel - Opostos 1Onde histórias criam vida. Descubra agora