O Presente

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Se eu realmente achei que aquilo fosse um pedido de namoro? Mas é claro que sim!

"Eu andei pensando muito ultimamente, e queria te fazer um pedido. Um pedido bem sério."

O que mais uma garota pode pensar quando o garoto por quem ela arrasta um expresso polar lhe diz algo assim? Com certeza, a última coisa que uma garota espera ouvir em um momento como esse é: "Eu queria te pedir uma ajuda com o trabalho do professor Davis."

Aquilo não foi um balde de água fria, foi mais como se eu tivesse sido empurrada dentro de um lago congelado, o gelo houvesse se rompido e eu tivesse ido parar há dezenas de metros da superfície. 

Não que eu não quisesse ajudá-lo, porque eu teria o maior prazer do mundo em fazê-lo, ajudar pessoas era algo que me deixava realmente feliz. Sem contar que de quebra eu ganharia algumas horas a sós com o dono dos olhos mais incríveis de todas as galáxias, e ficar perto dele não era nem de longe um sacrifício, muito pelo contrário. Ele tinha cheiro de outono, o hálito era levemente mentolado e o rosto dele era tão bonito que nem parecia de verdade. Pensava sobre isso enquanto tentava, sem muito êxito, terminar o meu trabalho de História. Eu gostava de História, era legal. Mas não tão legal a ponto de ocupar o lugar do Oli em minha mente. Ultimamente, ele era tudo em que eu conseguia pensar.

— Viola você está legal? — Arnie perguntou, tirando a caneta da minha mão. — VIOLA, EU ESTOU FALANDO COM VOCÊ! — berrou. E só então me dei conta de que ele estava sentado ao meu lado no sofá da sala de estudos. 

Arnie era o irmão mais novo de Lilian,  a minha melhor amiga no mundo inteirinho, ambos moravam com os pais e o irmão mais velho, Jason, numa propriedade  próxima ao nosso rancho.

— Claro. Por que não estaria?

— Não sabia que tinha a capacidade de dormir de olhos abertos. É algo bem incomum, pode ser bastante útil durante as aulas.

— Eu não estava dormindo, só estava um pouco distraída. — retorqui, tentando agarrar a caneta de volta. Seus lábios se esticaram sobre os dentes enormes, pareciam um pouco com os meus, devo admitir.

— Um pouco distraída, sei. Fico me perguntando qual seria o motivo dessa distração? — Olhei para ele, que sorriu zombeteiro. — Não fale, deixe-me tentar adivinhar. Uhmm, vejamos... Comida? Quem sabe! Romances? Talvez! Esse trabalho de História? De forma alguma! Certa lagartixa albina? Com toda certeza!

— Ele não é uma lagartixa albina.

— Ponto para mim!  

Revirei os olhos e encolhi os ombros, dando-me por vencida. Não que Rigel se parecesse com uma lagartixa ou qualquer coisa do tipo, só não valia a pena levar uma discussão tão tola adiante.

— Sobre o que vocês estão falando? — Lilian irrompeu pela sala, seguida pelo irmão mais velho, e desabou ao meu lado.

— Sobre o amor platônico que a Viola nutre pela lagartixa albina! - anunciou.

Viola e Rigel - Opostos 1Onde histórias criam vida. Descubra agora