Apertei os olhos numa inútil tentativa de afastar as centenas de pontos coloridos que faiscavam diante dos meus olhos. Odeio quando isso acontece, a sensação dos músculos repuxando sob a pele, a incapacidade de continuar respirando, me movendo.
Antes mesmo de chegar à enfermaria, meu corpo desabou num banco de mármore frio buscando por ar enquanto me curvava para frente, escondendo o rosto entre as mãos e tentando afastar a nova onda de pensamentos em minha cabeça.
Morte. Odeio essa palavra, odeio a naturalidade com que as pessoas usam-na e, mais do que tudo, odeio saber que estamos todos caminhando em direção a ela.
Não me interessam os pormenores da Segunda Guerra ou o saldo de mortos. Eu não quero saber os porquês. Maldita mania essa que as pessoas têm de escavacar o passado.
− Oli. – a voz aflita chegou até mim ampliando o aperto em meu peito. Sinceramente, não estou minimamente disposto a olhar para a Cara de Coruja, não hoje, não amanhã..., talvez nunca mais esteja. – Tenta respirar um pouco mais devagar. – ela pediu, e foi quando percebi sua mão em meu joelho. – Calma. Vai ficar tudo bem.
Não, nada ficará bem.
− O que faz aqui? − consegui perguntar. As chamas flamejantes do inferno lambendo meus pulmões enquanto buscava por ar. Meu dia tinha chegado? Morrer deve ser péssimo. Mas morrer diante de uma plateia é ainda pior. E aqui está a minha plateia de uma pessoa só, me encarando com olhos aflitos e expectantes.
− Vim te ajudar.
− Eu não preciso da sua ajuda. − apertando os lábios, abaixei a cabeça e inspirei com força.
− Não importa, porque eu estou aqui e não vou arredar pé até ter certeza de que ficará bem. Então para de agir como uma criança mimada e birrenta e tenta respirar devagar. − Sua mão enxerida, deixou meu joelho e parou nos cabelos, afastando os fios que pediam sobre o rosto suado.
− Você não estava decidida a se afastar de mim?
− Eu sou um planeta, não uma estrela fixa, e estou me deslocando constantemente em direção a você. ― disse, ainda com a mão nos meus cabelos. Pensei em afastá-la, mas acho que meio que gosto do seu toque.
− Engraçado, porque não foi em direção a mim que você se deslocou ontem à noite.
Sua boca se abriu comicamente e então ela disse:
― Nós estávamos apenas...
― Pondo as suas lições de beijo em prática? ― devolvi, fazendo o possível para me manter respirando.
― Não. Nós...
― Não me deve explicações, Beene. O que você fez ou faz não é problema meu.
― Eu sei, mas não quero que tenha uma ideia errada de mim. Jason e eu somos apenas bons amigos, nada além disso, não estávamos pondo nada em prática, apenas conversando.
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Viola e Rigel - Opostos 1
Fiksi RemajaSe Viola Beene fosse um cheiro, Rigel Stantford taparia o nariz. Se ela fosse uma cor, ele com certeza não a usaria. Se fosse um programa de TV, ele desligaria o aparelho. Mas ela era apenas uma maluca expansiva e sorridente que infernizava a sua vi...