Precisava conversar com Jason, dizer que o compreendia. Afinal, um amor não correspondido era uma das poucas coisas que tínhamos em comum. Mas resolvi esperar até que ele esfriasse a cabeça.
Desci para o café da manhã depois de uma noite mal dormida, tivera o velho pesadelo novamente, aquele em que Oli e eu estávamos na porta da Catedral de Saint Vincent, prontos para entrar na igreja, quando a Emily Dawson chegava enfiada em um vestido de noiva e o arrastava para o altar.
O sr. e a sra. Porter deram um pulo na cozinha, engoliram o café às pressas e desapareceram. O sr. Porter e o papai sempre foram amigos, eles eram como Lilian e eu, viviam juntos, mas as coisas mudaram um pouco depois que a empresa do sr. Porter fechou um contrato com a empresa do dementador. O papai não aceitou muito bem o que chamou de: traição. Parou de frequentar a casa do amigo e de jogar futebol com ele nos fins de semana. O dementador não arrancara apenas o dinheiro do papai, também tirara seu melhor amigo.
Jason não apareceu. Mas Arnie estava lá, debruçado sobre a mesa da cozinha, vez ou outra levantando a mão para tentar arrancar o gorro da minha cabeça.
─ O que aconteceu com o seu cabelo? ─ perguntou. ─ Você pôs fogo nele ou o quê?
Lilian deu um tapa em sua mão e ele olhou feio para ela. Eu já tinha explicado tudo ao Arnie, mas não adiantou, ele podia ser extremamente irritante quando queria. Levei uma boa colherada de cereal à boca antes de encará-lo novamente.
─ Eu já te disse que não. Por que eu poria fogo no meu cabelo? Isso não faz o menor sentido.
─ Você pôs fogo nele uma vez quando era pequena. ─ disse com um sorriso.
─ Eu tinha cinco anos, e foi um acidente.
Tinha sido mesmo. Eu estava torrando marshmallows quando uma fagulha voou e esturricou parte do meu cabelo. Mas eu fui corajosa e não chorei, não até me ver no espelho, pelo menos.
Arnie riu, jogou o prato sujo na pia e, antes de sair tentou mais uma vez arrancar o gorro da minha cabeça.
Esperei por Jason mais um pouco e, quando percebi que não apareceria bati em sua porta. Eu sabia que ele costumava acordar bem cedo para correr e a música que ecoava do quarto deixava bastante claro que estava acordado.
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Viola e Rigel - Opostos 1
Teen FictionSe Viola Beene fosse um cheiro, Rigel Stantford taparia o nariz. Se ela fosse uma cor, ele com certeza não a usaria. Se fosse um programa de TV, ele desligaria o aparelho. Mas ela era apenas uma maluca expansiva e sorridente que infernizava a sua vi...