Três

4.3K 409 60
                                    

3. Liase Cameron

Enquanto Meu pai me espera no andar de baixo, estou preparando uma mala com algumas coisas pessoais. Roupas eu tenho, até demais, na casa do meu pai. Só me preocupei em pegar alguns livros que chegara essa semana. Coisas de higiene pessoal. Alguns acessórios que não tenho na casa do meu pai.

Estou tentando andar. A dor é insuportável, mas eu aguento. Não deveria, mas aqui no meu quarto não escute ninguém para me impedir.

Dor, muita dor. Insuportável. Me apoie na cadeira da minha penteadeira para não cair. Comecei a respirar mais fundo. Tento controlar a dor novamente. Eu consigo ir contra a dor.

Não sei o que meus pais escondem de mim, mas são inteligentes o suficiente para não ficarem comentando aqui. Sei que não é sobre mim, ou minha mãe jamais deixaria o país. Penso que pode ser alguma ameaça ao meu pai. Eu ficaria segura com ele, mas é minha mãe. Ainda que minha mãe negue, com todas as forças, ele nunca deixaria ela em perigo.

Esse carinho, esse amor que nunca sumiu, causa inveja a minha madrasta. Ele nunca a tratará como ela quer. Foi um casamento arranjado, e os anos de convivência só pioraram. Ela egoísta, superficial, gosta de ser a melhor. Suas filhas são iguais.

Não falei com meu pai o caminho inteiro. Não ousei tocar no assunto de mais cedo. Sei que não será conveniente, uma hora irão me contar. Mesmo que eu fique com raiva.

Meu pai me deixou em casa e saiu. Fui direto para o meu quarto. Não sai desde o momento que cheguei e não quero sair. Estou lendo enquanto ouço música. Essa sensação de: Viver mil vidas diferentes, mil mundos diferentes, mil amores diferentes. - Será?... sera Que esse amor existe mesmo? Porque se existe, eu o desconheço.

Não conheço um cara que seria capaz de lutar por mim. De vencer os perigos que é ficar comigo. Alguém que não ligasse o fato de eu ser um nada para as pessoas a minha volta. Alguém que esteja disposto a ficar por mim. - impossível.

Então decidir não precisar do amor. Onde está o amor? Eu não sei, e não quero encontrá-lo. Não preciso dele. Eu tenho a mim mesma, e eu nunca, nunquinha me decepcionaria. Eu sei o que é bom para mim, eu sei o que eu gosto, eu entendo o meu temperamento e minhas loucuras. Posso me agradar. Não preciso de homem para me fazer feliz. Eu sou feliz.

Fecho o livro. Me levanto e começo a andar pelo quarto, exercitando meu pé. Enquanto ando eu penso: Por que não fazer uma limpa no meu quarto?. Ele está uma bagunça, faz tempo que não venho para cá, aposto que está cheio de coisas inúteis para mim.

Vou até meu closet e pego algumas caixas que eu ainda tenho, desde que comprei minha penteadeira. Posso doar para caridade. Não vai me fazer falta.

Faço um coque no alto da cabeça e começo descartando tudo que não quero, ou não preciso. Comecei pelas roupas. Tanta coisa que eu nem lembrava mais da existência. Duas caixas não foram o suficiente, várias roupas, sapatos, bolas, chapéus, acessórios, e maquiagens que eu nunca havia nem aberto - claro que todas estão na validade, e vão demorar para sair - Por fim, retiro alguns livros que eu comprei e não gostei. Muitos.

Eu já estava cansada quando chamei alguns dos funcionários da casa para me ajudar a levar para caridade. - tomei um banho, é claro, e depois fui. Ao chegar lá meu coração se apertou. Tantas famílias que perderam tudo. Não é justo eu ter tanto que nem cabe dentro de meus quartos, e eles mainstream nada. Acho que estou chorando.

Sinto alguém se bater comigo. Uma criança. Limpo minhas lágrimas e olho para criança encolhida a minha frente.

- Sai criança - Impeço meu segurança antes que toque na criança.

Onde está o amor? - Saga Petrov's IOnde histórias criam vida. Descubra agora