Visitas inesperadas

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Com o ano escolar acabando, a professora Wardwell não estava tendo tempo nem para pensar. Ou, talvez, ela estivesse fugindo de ouvir seus próprios pensamentos. Depois de Sabrina ir procurá-la em sua casa, a jovem Spellman mudou de turma, querendo cortar qualquer tipo de contato com a morena. A professora massageou suas têmporas, suspirou e encarou a pilha de papéis em sua mesa, sua semana já totalmente cheia de afazeres, era apenas segunda-feira e ela já se encontrava exausta. Zelda disse para elas darem alguns dias para Sabrina se acalmar e já faziam quase uma semana e ela não via Sabrina se acalmando, porém já estava mais do que na hora de elas conversarem com a adolescente. Ela tinha que marcar algo com Zelda. Zelda, a morena pensou. Elas não haviam conversado depois daquela noite na varanda da casa dos Spellman, muito menos conversado sobre o que aconteceu entre elas. Zelda a beijou e elas não conversaram sobre. O que o beijo significou para a ruiva? Foi uma coisa boba de orgulho ferido como a ruiva tentou fazer parecer mesmo? Ou Zelda estava...

O som do sinal da escola fez Lilith levar um susto. Ela riu e balançou a cabeça, negando seu último pensamento.

— Isso é estupido, Lilith.  — Ela disse para si mesma em voz alta. — Já fazem mais de dez anos. Não pense besteiras, você tem muito o que fazer hoje ainda.

A morena arrumou suas coisas e se dirigiu ao centro da cidade. Ainda precisava ir ao mercado antes de ir para casa. Ela focou em achar as coisas em sua lista de compras e antes de comprá-las teve que esperar em uma enorme fila para pagar, como sempre. Frustrada, a morena pegou suas sacolas, caminhando a passos rápidos até onde seu carro estava estacionado. Ela colocou as compras no porta malas de seu carro e deu a volta para ir até a porta do motorista, foi quando longos cabelos ruivos chamaram sua atenção à distância. Lilith observou a ruiva à distância, rapidamente reconhecendo a Spellman andando na rua da cidade. Ela estava precisando trocar algumas palavras com a ruiva mesmo. A professora correu até a mulher, que caminhava com a pressa de sempre, e segurou seu braço quando estava perto o suficiente para pará-la.

— Zelda..
Lilith disse, um pouco fora de fôlego.

A enfermeira se virou, assustada de primeiro momento, porém relaxou ao ver quem estava segurando seu braço.

— Lilith-
Zelda tentou comprimentá-la, mas foi interrompida.

— Nossa! Você está linda!
A morena disse, percebendo a maquiagem muito bem feita, o vestido que acentuou bem as belas curvas da ruiva e o cabelo meticulosamente modelado. Não que a Spellman não estivesse sempre bem arrumada, porém, naquele começo de noite parecia que ela tinha feito algum esforço a mais.

— Obrigada, Lilith.  — Zelda sorriu e observou a morena.  — Bem, você parece cansada para caramba.

Elas compartilharam uma risada. E então Lilith ficou séria. Ela realmente precisava perguntar a Zelda sobre o beijo e sobre Sabrina também. Porém, só uma dúvida estava gritando em sua mente agora. Limpou a garganta.

— Olha, Zelda, eu queria conversar com você sobre-

— Zelda? Desculpe interromper.
Uma voz com um sotaque engraçado interrompeu-a. Virou-se para ver a mulher e mais uma vez seu queixo caiu. Tá chovendo mulher bonita nessa cidade?, pensou Lilith. A mulher ao lado de Zelda era deslumbrante, o vestido de veludo laranja combinava perfeitamente com o tom escuro de sua pele e abraçava seu corpo nos lugares certos.

— Marie, você está deslumbrante!
Ouviu Zelda dizer.

— Uau! — Lilith concordou com a cabeça. — Está mesmo.

As duas mulheres riram e olharam para Lilith.

— Obrigada, Zelda. Você também está linda!
Ela disse, voltando seu olhar para Zelda, que corou. As duas estão muito lindas mesmo, pensou a professora. É só então que a morena entendeu. Lilith observou as duas mulheres.
— E obrigada também... ?

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