25 | odeie aqueles que amam odiar

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Talvez um oral no banho, shampoo de camomila para bebês, pão sem glúten e Simone Tebet sejam a fórmula da felicidade.

Depois que eu e Simone terminamos de nos lavar, tomando a liberdade de dar mais uns beijos debaixo do chuveiro antes que ela enchesse meu rosto com espuma de sabonete e passasse uns dois minutos ininterruptos rindo do resultado, nós voltamos a nos vestir e às dez e meia da noite que finalmente jantamos.

E quando sentamos juntas no chão da sala, com as costas apoiadas no seu sofá pequeno e pratinhos coloridos em nosso colo, eu sinto que toda a frustração por meu primeiro pão ter ido para o lixo já se dissipou no meio das risadas que Simone arranca de mim.

— Esse é o primeiro sanduíche que eu faço com um pão tão importante. — Ela diz, ainda antes de provarmos nosso jantar. — Espero que esteja à altura.

— Eu quem espero que meu pão esteja à altura do seu dom culinário. — Confesso, usando as mãos para arrancar um primeiro pedaço do sanduíche em meu prato.

Quando Simone faz o mesmo, nós brindamos com os pedacinhos de comida antes de simultaneamente os levarmos à boca.

Silenciosamente, avaliando a combinação de nossos esforços, nós continuamos caladas até que eu fecho os olhos e suspiro aliviada.

— Ficou bom! — Ela diz, feliz, ao chegar à mesma conclusão que eu.

— Ficou muito bom. Parece que nós formamos uma boa dupla, Simone.

Em resposta, ela orgulhosamente oferece seu punho fechado para mim e eu quase instintivamente choco meu próprio punho contra o seu antes de ser pega de surpresa quando, um segundo depois, ela me roubou um selinho desastrado que me fez rir.

Voltando a atenção para nosso jantar, eu pego mais um pedaço do sanduíche enquanto olho para a tela da TV conectada ao seu notebook, onde busquei um novo filme de comédia romântica para vermos juntas, mas que logo perde minha audiência quando lembro de algo e, de boca cheia, volto a olhar para Simone.

— Ei. — Eu a chamo depois de forçar o pedaço de comida quase inteiro garganta abaixo.

Também com a boca cheia e as bochechas estufadas de sanduíche, Simone apenas dirige seu olhar para mim em silêncio.

— Eu estava bêbada da última vez em que perguntei, então você nem deve lembrar... mas você quer, sei lá, ir acampar comigo?

Eu estava mesmo embriagada, mas nem isso me faz esquecer das coisas que Sofia listou, revelando os desejos secretos e românticos que Simone tem. Por isso, não me surpreendo quando seus olhos se arregalam e, ainda com um tantão de comida na boca, ela pergunta:

— É fério?

Eu acabo caindo na risada, principalmente quando ela fica envergonhada e cobre a boca com a mão antes de também rir.

É a coisa mais fofa do mundo inteiro.

— Sim. — Eu respondo, então, deixando uma mão livre para meu sanduíche, mas usando a outra para acariciar sua nuca. — Mas... tem um porém. Coisa besta.

Simone finalmente engole o bolo alimentar, mas apenas pisca curiosamente enquanto espera que eu esclareça as coisas.

— O acampamento vai ser no aniversário de Carlos. Do... meu ex. Nós éramos muito amigos antes mesmo de sermos namorados e eu não queria perder isso agora, sabe? E ele está disposto a me perdoar pelo meu vacilo, me convidou para ir passar o fim de semana com nossos outros amigos e disse que está tudo bem se você for. Então... você quer ir comigo?

A expressão de Simone variou ao longo de toda minha explicação ansiosa, mas ao fim ela ainda parece confusa e incerta.

O problema é que eu realmente quero que ela vá comigo, então tento mais um pouco.

AFRODITEOnde histórias criam vida. Descubra agora