31 | a mulher mais sortuda do mundo

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Simone disse eu keanu você. Soraya, eu keanu você. Eu. Keanu. Você.

E agora, eu me sinto boba. Boba porque parece que o eu te amo que saiu de minha boca — que foi dito com todo meu coração! — não carrega todo o significado que essa mulher tem para mim.

É como se amor fosse genérico demais, ao mesmo tempo em que não é amplo o suficiente para definir tudo que sinto. Então, afinal, talvez seja exatamente isso.

Talvez amor não seja um sentimento. Talvez seja apenas uma palavra usada para dar nome a um punhado de sensações que não encontram seu significado expresso nem mesmo nas frases mais longas e declarações mais complexas. Talvez a palavra amor tenha surgido quando alguém, cansado de tentar descrever tudo que sentia por outra pessoa, compilou todas as nuances intensas, tão assustadoras quanto acolhedoras, em apenas quatro letras.

E, assim como Afrodite, a deusa do amor, nossas emoções não são tão facilmente compreendidas ou definidas. Elas são complexas, cheias de nuances e nuances que tornam cada relacionamento único e especial. E talvez essa seja a beleza do amor — a possibilidade de experimentar a vida em sua forma mais intensa e verdadeira, guiada pelo coração e não pela lógica.

Seja o que for, o amor é lindo. E Simone acabou de dar outro nome a ele.

Eu keanu você. Eu amo você. Duas frases curtas que carregam o mesmo significado: eu sinto tanto por você que sequer consigo descrever.

Então... qual a diferença?

Eu também keanu você, Simone.

— Você é o ser humano mais perfeito que existe. — Esse é meu outro modo de verbalizar quanto keanu, quanto amor sinto por ela.

Simone nega. Está tímida desde que sua declaração inesperada, mas muito bem recebida, chegou aos meus ouvidos. Seu rosto está vermelho há longos segundos e seus olhos fogem dos meus. Mesmo assim, não retira o que disse, então apenas me permite a visão dessas bochechas lindas coradas e dos olhos escuros brilhando de vergonha, mas nunca de arrependimento.

Sorte dela, porque eu não deixaria suas últimas palavras serem tiradas de mim. Até meu último dia aqui na Terra, estarei agarrada a elas como se fossem meu anel precioso. Eu, certamente, serei como Gollum.

— É, sim. E eu lembro de ter perguntado se você queria assistir filme comigo. Então... quer assistir O senhor dos anéis? — Sugiro, levada pela comparação boba, mas sincera, que fiz.

Simone parece surpresa, mas também ainda está envergonhada. Então ela está com os olhos confusos, ao mesmo tempo em que o rostinho continua vermelho.

Eu não aguento mais.

Ela é tão... Meu Deus. Tão simone.

— O senhor dos anéis não é comédia romântica... — E então verbaliza o motivo de sua confusão. — E a gente só assiste comédia romântica...

— Eu sei. — Respondo com humor, ao mesmo tempo jogando meus braços ao redor de seu ombro. — Vamos viver radicalmente.

— Então... — Ela pondera. Seus braços já me envolveram de volta num abraço, e eu acho fofo porque parece que ela o fez tão naturalmente que sequer se deu conta. — Quer pipoca?

— Parece mais seguro que comer massa de bolo crua. — Murmuro, gradativamente deixando minha voz se mesclar a uma risada sincera.

— Você acabou de dizer que quer viver radicalmente. — Ela aponta, acusatória, mas divertidamente.

— Radical, não perigosamente. Existe uma diferença sutil.

Ela revira os olhos, mas tem um sorriso pequeno enfeitando seu rosto, que gradativamente volta à cor normal. Ainda me envolvendo com seus braços, ela me dá um beijinho na ponta do nariz.

AFRODITEOnde histórias criam vida. Descubra agora