19 | o caminho para o inferno é pavimentado com boas intenções

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Simone está no banheiro. Excitada.

E eu quero fazer algo sobre isso, mas meu corpo continua travado sobre a cama enquanto meu cérebro grita de desespero.

Quando consigo me mover minimamente para puxar minha calça de meus calcanhares até ajustá-la em meu quadril num gesto quase robotizado, eu tento também sair da cama e ir até Simone.

No entanto, o esforço é infrutífero nos instantes seguintes, e ela acaba sendo mais rápida porque, antes que eu efetivamente me mova, Tebet sai do banheiro.

Meus olhos recaem surpresos em seu rosto. Surpresos porque ela passou pouquíssimo tempo ali — a não ser que meu nervosismo tenha afetado minha percepção do tempo —, e eu não acredito que ela tenha sido capaz de gozar em tão poucos minutos.

Então... ela perdeu a vontade?

Ótimo.

Eu fiz Simone perder o tesão depois que ela me fez o melhor oral que já recebi na vida.

Eu sou uma fodida.

— Ei... — Eu a chamo quando ela se aproxima, ainda calada e cabisbaixa, e pega sua calça para vesti-la quando se senta na ponta do colchão.

Nenhuma resposta vem, então eu me arrasto pela cama até parar atrás dela, e a abraço cuidadosamente pelas costas antes de descansar meu queixo sobre seu ombro.

— Desculpa por isso... — Eu peço, mesmo achando que não é suficiente.

— Tudo bem, So. — Ela responde, sequer virando o rosto para tentar olhar para mim, e isso me dói mais que um soco no estômago.

— Simone... — A chamo novamente, agora me sentindo, além de uma idiota, uma idiota assustada. — Eu queria retribuir, mas travei. Não me leva a mal, por favor...

Ela finalmente se vira para me olhar, e parece surpresa com algo.

— O que...? Soraya, eu não estou chateada por você não ter feito isso! Eu não te chupei esperando alguma coisa em troca, não.

Agora, eu quem fico meio chocada.

— Eu não pensei que você faria isso. — Garanto. — Sério, a possibilidade nem passou pela minha cabeça.

— Então... por que você acha que eu estou chateada por isso?

— Não é exatamente com isso... eu pensei que você ficou chateada por ter achado que eu regredi tudo que consegui avançar nos últimos tempos já que eu... travei...

— Eu também não pensei nisso, Soraya. — Ela avisou, com os olhos semicerrados.

Quando ela se moveu, eu fui obrigada a desfazer o abraço para me afastar, até que ela sente e fique de frente para mim, mas então nosso contato foi retomado quando ela massageou meu tornozelo, mantendo os olhos pousados em sua mão.

— Eu fiquei chateada porque pareceu que você estava achando que eu ia te forçar a fazer alguma coisa.

Eu neguei novamente, e reforcei sem faltar sinceridade:

— Eu realmente não pensaria isso de você. É sério, Simone. Eu travei por outra coisa... coisa da minha cabeça mesmo.

Ela respirou vagarosamente, então assentiu com um gesto lento e, por último, fez meu coração disparar quando se arrastou até ficar mais perto de mim. Com a distância reduzida a quase nada, eu fechei os olhos para aceitar o carinho que ela fez com os dedos em minha bochecha, e suspirei quando recebi um beijo no canto dos lábios.

Sem me conter, eu segurei sua nuca e movi minha boca até a dela. Suas mãos se encontraram em minha cintura e ela me segurou com mais força, para no instante seguinte encaixarmos nossos lábios num novo beijo.

AFRODITEOnde histórias criam vida. Descubra agora