27 | sinto que o sentimento é mútuo

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Simone Tebet é a melhor coisa que já aconteceu em minha vida.

Se pudesse voltar no tempo, reencontrar a Soraya que a conheceu no bar do Calvin e bateu no próprio peito para dizer que nunca se envolveria com aquela mulher da calça de couro, eu riria sinceramente antes de dizer: Sério... você não perde por esperar.

Porque aquela mesma Soraya, hoje, quer chamar Simone de sua namorada.

E apesar de já ter tido alguns pedidos de namoro bem-sucedidos no passado, sempre fui eu quem foi pedida. Mas com Simone é diferente, quero fazer o pedido eu mesma. Será o primeiro que faço, e por isso quero que seja especial e inesquecível.

Para que, mesmo se algum dia o destino nos separar, ela possa lembrar da sua primeira namorada e sentir apenas coisas boas.

Bem... partindo do pressuposto de que ela vai aceitar.

Por isso, eu não me apresso. Não atropelo as coisas, e continuo aproveitando nosso acampamento da melhor forma possível.

Nós nos reunimos ao redor da fogueira por toda a noite, que se estendeu pela madrugada. Pouco a pouco, alguns foram entrando em suas barracas para dormir, outros caíram no sono ali mesmo na grama, mas eu, Simone, Theo, Carlos, Maria Clara e Mayla continuamos cercando o fogo que pouco a pouco se apagou, compartilhando experiências divertidas e algumas histórias de terror — que fizeram Simone e eu nos encolhermos uma contra a outra.

Nós seis aproveitamos o passar das horas juntos, aproveitando tanto as companhias que nos cercaram que sequer nos demos conta do tempo, até que eu vi as horas e me encolhi, dentro da coberta fina que usei para enrolar meu corpo sentado.

— Meu deus... daqui a pouco amanhece e nós não dormimos nada...

— Fale por você. Eu tirei vários cochilos aqui deitadinha no seu ombro. — Mayla entregou.

E é verdade. Eu vi.

Simone também caiu no sono em alguns momentos, com sua cabeça sempre deitada contra meu corpo, mas se recusou a ir para a barraca quando eu sugeri que fossemos dormir.

Graças a isso, agora estou perto de realizar mais um desejo seu, então puxo sua mão e beijo o dorso antes de sorrir para ela.

— Quer ver o sol nascer comigo, bebê?

Ela me mostra um sorriso miúdo, mas não hesita em fazer que sim.

Cuidadosamente, então, eu tirei a coberta de minhas pernas e fiquei de pé, ajudando-a a levantar logo em seguida.

— Nós vamos ver o nascer do sol lá na cachoeira. — Aviso a nossas companhias, então, sinto sua mão apertar a minha como num pedido silencioso. Apenas trocando um olhar com ela, eu entendo o que quer, então pergunto: — Querem vir?

Eles se entreolharam, pensativos, e Theo foi o primeiro a levantar num pulo.

Jesus, a energia desse garoto não acaba nunca.

— Nós já aguentamos até aqui... vamos aguentar mais um pouquinho! — E diz, então.

Como se fosse o suficiente, Maria dá de ombros e se levanta, embora com muito mais preguiça.

— Então vamos. Carpe diem e toda essa merda. Eu posso dizer carpe diem quando ainda é madrugada?

— Eu estou cansada demais para pensar. — Mayla resmunga, manhosamente estendendo as próprias mãos para que Maria a ajude a levantar. — Vou ver o sol nascer e por lá mesmo já durmo porque não vou ter forças para voltar.

Faltando apenas uma pessoa, nós olhamos para Carlos, que suspira. Mas eu o conheço, então logo estendo minha mão para ajudá-lo a levantar e sua resposta final vem num dar de ombros que nos faz sorrir antes de começarmos a seguir nosso caminho.

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