Capítulo 22

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Eu tento falar com a minha mãe novamente, mas ela está irredutível. Eu sei que não adianta argumentar mais, então, começo a arrumar as minhas coisas. Eu não tenho para onde ir, mas preciso sair dali.

Enquanto coloco minhas roupas na mala, sinto um misto de emoções. Não consigo entender como minha mãe pode acreditar em algo que não é verdade e me expulsar assim de casa. Não sei o que será de mim agora, mas uma coisa é certa: não posso mais ficar aqui.

De repente, ouço a porta do quarto se abrindo e Guilherme entra. Ele me encara por um momento, confuso, antes de perguntar:

— O que está acontecendo, Clara?

Eu suspiro e me viro para ele, tentando esconder as lágrimas que teimam em escorrer pelo meu rosto.

— Mamãe me expulsou de casa, Guilherme... — digo, com a voz embargada.

Meu irmão parece chocado e incapaz de acreditar no que eu acabei de dizer.

— O quê? Por quê? — ele pergunta, visivelmente preocupado.

— Ela acredita que estou tendo um caso com o Eric. Eu tentei me explicar, mas ela não acredita em mim.

Guilherme franze a testa, tentando processar a informação. Eu sei que ele não acredita nessa história absurda, mas ainda assim sinto um pouco de vergonha por ter que sair de casa assim, como se eu tivesse feito algo errado.

— Como ela descobriu? — ele pergunta, confuso.

— Eu não sei... Alguém enviou fotos minhas e do Eric para ela, na época que estávamos juntos...

Guilherme me olha com tristeza e raiva. Ele sabe que isso não faz sentido e que eu não mereço ser tratada assim, mas também sabe que não há nada que possa ser feito.

— Eu sinto muito, Clara... — ele murmura, vindo até mim para me abraçar.

Eu retribuo o abraço com força, sabendo que não sei quando verei meu irmão novamente.

— Por favor, não vá embora... Eu não quero que você vá... — ele implora, com lágrimas nos olhos.

Eu me afasto um pouco para olhá-lo nos olhos e sinto meu coração se partir em mil pedaços. Eu amo meu irmão mais novo mais do que qualquer coisa nesse mundo, e não quero deixá-lo assim, mas não tenho escolha.

— Eu preciso ir, Guilherme... Eu não posso mais ficar aqui.

Meu irmão engole em seco e me solta, sabendo que não pode fazer nada para impedir a minha partida. Ele me encara por um momento, como se quisesse guardar cada detalhe do meu rosto na memória, antes de me dar um último abraço.

— Te amo, Clara... — ele sussurra no meu ouvido.

Eu sinto meu coração se aquecer com essas palavras e me desvencilho do abraço com um sorriso triste no rosto.

— Também te amo, Guilherme... Você sempre será o meu irmãozinho querido — digo, com lágrimas nos olhos. — Você me promete que vai se cuidar?

Guilherme acena com a cabeça, ainda sem conseguir falar direito.

— Prometo... — ele responde, a voz embargada.

Eu lhe dou um último beijo na testa e saio do quarto, com a minha mala em mãos. Quando chego na sala, minha mãe está sentada no sofá, sem falar uma palavra sequer. Eu tento dizer algo, mas ela me ignora completamente. Sinto um nó se formar na minha garganta, mas não vou deixar que ela me faça sentir ainda pior do que já me sinto.

Eu saio pela porta da frente, com lágrimas nos olhos e um sentimento de desespero tomando conta do meu coração. Eu não sei para onde vou, mas sei que não posso mais ficar ali.

O Professor - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora