Soraya
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-O dia estava radiante, o sol brilhava forte lá fora, os pássaros cantavam alegres na janela do apartamento, e eu estava feliz, até receber uma ligação que foi como se eu tivesse levado um tiro.
Arrumava a minha mala e a da Simone, iríamos viajar pela noitinha, ela não estava em casa, havia ido ao escritório para resolver algumas coisas, e então só iríamos voltar no ano que vem.
Mais cedo a Leila e a Gleisi me fizeram uma visitinha, ficaram um tempinho aqui comigo e logo foram embora também, elas já estavam de férias.
Recebi a ligação de Simone por volta das 13:00 da tarde, queria saber se eu já tinha almoçado, e eu disse que sim, só não falei que eu comi bem pouco, pois estava bastante enjoada, se eu falasse, ela já tinha vindo pra cá, mas eu não queria lhe preocupar.
Quando tudo estava pronto, decidi tomar um banho, quando o celular tocou novamente, era um número desconhecido, pensei se atenderia ou não, e me arrependi amargamente por ter atendido. Jamais imaginei que iria ouvir de minha própria mãe tamanha atrocidade, o Alessandro havia lhe contado da minha gravidez, no início achei que ela estava feliz por saber que iria ser vó, mas me enganei quando ela começou a me desejar mal, à mim e ao meu filho, falou inúmeras vezes que eu era uma vergonha para ela e toda família e falou algo que eu acho que não vou esquecer tão cedo, ela desejou que meu filho não sobrevivesse, que isso seria um motivo de muita alegria para ela, e assim, ela desligou.
Fiquei encolhida na cama e chorei por longos minutos, até que peguei no sono, tive um sonho horrível ainda, que eu acordei chorando novamente. Decidi me levantar, eu precisava me arrumar, e esperar a minha mulher, a única que eu sabia que me amava de verdade nesse mundo. Tomei um banho demorado, me arrumei, coloquei um vestido justinho ao meu corpo, marcando bem o meu bumbum e agora a minha barriguinha, deixei os cabelos soltos, e fiz uma maquiagem leve, decidi descer e ficar esperando a sisa na sala, mas ao passar em frente ao espelho eu parei, e fiquei ali alisando a minha barriga, Simone a admirava tanto, e pensar nisso, no seu amor por mim, pelo nosso filho, eu comecei a chorar de novo, e foi quando ela entrou no quarto, nem ouvi ela chegar.
_Soraya? O que houve? Tá sentindo alguma coisa?_ ela veio em minha direção e eu me joguei em seus braços, eu vi o medo no olhar da sisa, ela achou que eu poderia estar sentindo algo relacionado ao bebê, mas a dor que eu sentia era no coração.
_Soraya, meu amor, me responde por favor, o que está sentindo? Quer ir ao hospital? Podemos desmarcar nossa viagem ou..._ eu balancei a cabeça em negação e olhei pra ela.
_Simone, tá doendo tanto amor... me abraça amor, por favor, me cure com o seu amor_ Simone andou comigo até a cama, e me trouxe para seu colo.
_Respira meu amor, respira fundo, eu tô aqui, sua Simone, você não tá mais sozinha_ sentia o seu carinho pela minha costa, até eu me acalmar e parar de chorar.
_Quer me contar agora?_ eu concordei com a cabeça, levantei meu rosto e ela enxugou as minhas lágrimas.
_Eu recebi uma ligação hoje, mais cedo_ eu comecei dizendo.
_De algum familiar seu?_ eu disse que sim.
_Foi a... a minha m-mãe Simone, e... ela me disse coisas horríveis amor_ eu tava tentando mas não conseguia segurar o choro que insistia em ser colocado pra fora a cada momento que eu lembrava daquelas palavras.
_E o que essa mulher te disse?_ Simone estava séria agora.
_Ela disse que ficou sabendo, da minha gravidez, o Alessandro contou pra ela, como eu imaginei_ contei mais um pouco sobre a conversa e falei das coisas que ela me falou, vi Simone respirar fundo, ela fechou seus olhos e quando os abriu, estavam já um pouco vermelho, ela queria chorar.
Novamente ela me puxou para seu colo, choramos juntas dessa vez, mas o seu choro era silencioso, já o meu era mais alto, como sempre. Sua mão foi para minha barriga, coloquei a minha em cima da dela e ficamos assim, por alguns minutos.
_Eu não vou deixar ninguém fazer mal à você e nem ao nosso filho, eu sou capaz de matar quem se meter no nosso caminho_ não sei o que ela seria capaz de fazer se encontrasse algum dos meus familiares em sua frente.
_Simone... eu te amo, obrigada por estar aqui comigo, eu vou te amar pra sempre_ eu falei pra ela.
_Eu também te amo Soraya, hoje eu sou a mulher mais feliz do mundo, nunca que eu vou te abandonar_ nos beijamos por um breve momento, até ela me chamar para tomar um novo banho.
Simone me levou carregada para o banheiro, tirou minha roupa, a sua, e logo entramos para debaixo do chuveiro, e como sempre, ela distribuiu vários beijos na minha barriga, ensaboou todo o meu corpo, eu fiz o mesmo com ela, depois que terminamos, escovei meu dente e ela também, e voltamos para o quarto.
_Que roupa você vai usar amor?_ eu perguntei quando ela começou a procurar algo no guarda-roupa.
_Vou usar uma calça amor, e essa blusa aqui, vai fazer um pouquinho de frio_ ela vestiu uma calça jeans, e uma blusa branca, de manga comprida, e optou por usar um sapato casual.
_Será que se eu usar salto, vai doer amor?_ lhe perguntei olhando um sapato que tinha um salto baixo, ela preferiu que eu usasse um tênis, para eu me sentir mais confortável, peguei um de plataforma um pouquinho alta.
Resolvi ir de calça também, estilo pantalona, valorizava bem o meu corpo, e usei uma blusa de manga comprida também, por dentro da calça. Depois de prontas, descemos com nossas malas, levávamos apenas duas, uma minha e outra de Simone, e nossas bolsas, fechamos tudo e sisa pediu um uber, não demorou e ele logo chegou.
Durante o caminho para o aeroporto, Simone ia me contando várias histórias engraçadas, tudo para me fazer esquecer do acontecido de mais cedo, e eu ria bastante com tudo o que ela me contava. Ao chegarmos, fomos logo fazer nosso check-in, despachamos nossas poucas bagagens e fomos para a sala de embarque, ficamos ali um bom tempinho, pois chegamos uma hora mais cedo, aproveitamos para comer algo, eu estava faminta.
Longos minutos se passaram, e então chegou o nosso momento do embarque, nos acomodamos em nosso assento e esperamos o avião decolar, senti a mão da Simone em minha coxa, me passando tranquilidade, apesar de eu já ter viajado várias vezes com ela, sempre sentia um medinho.
_Tá tudo bem amor... está tudo bem meu pacotinho de amor, a mãe sisa está aqui com vocês_ Simone falou quando colocou a mão em minha barriga.
_Logo estaremos no nosso outro lar meu amor_ Simone se referiu à casa de sua mãe, que mora na Califórnia, com a Eduarda. Novamente iríamos passar o Natal com elas, mas agora, havia mais alguém junto de nós, o nosso pacotinho de amor, que ainda estava no forno.
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Oh gente🤧🤍
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O preço de um amor selvagem
Fanfiction_Você me leva ao céu e ao inferno na mesma intensidade_ . . . 🔥