Capítulo 58

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Oh home, let me come home
(Oh casa, deixe-me voltar para casa)

Home is wherever I'm with you
(Lar é aquele lugar que eu esteja com você)

Take me home
(Me leve para casa)
....

Autora
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_Bem-vinda de volta meu amor_ Simone sussurrou no ouvido de Soraya.

Na grande sala daquela casa, havia alguns balões enfeitando a mesma, as coisas estavam em seu devido lugar, do jeitinho que Soraya viu antes de sair às pressas para o hospital naquela madrugada chuvosa, há um mês atrás.

_Está do jeitinho que estava antes querida_ dessa vez foi dona Fairte que falou, baixinho também.

Estavam ali presentes apenas as pessoas que de fato eram importantes na vida da loira, ela se emocionou com a pequena surpresa que fizeram para lhe receber, até Gleisi e Leila, colegas mais próximas dela, estavam ali também. Logo Simone colocou sua mulher sentada ali no sofá, sentou ao seu lado também, e fez um carinho em seu rosto.

_Quer beber alguma coisa soso?_ dona Fairte perguntou.

_Não senhora, ainda não dona Fairte_ a senhora apenas assentiu.

Soraya sabia que era amada por todos ali na sala, depois de sua mulher, ela se sentiu acolhida por aqueles que sempre fizeram questão de tê-la por perto, tudo o que ela desejou de sua família, recebeu de outras pessoas, essas sendo pessoas incríveis que cruzaram o seu caminho.

_Você é uma mulher muito forte Soraya, você conseguiu voltar_ agora foi a vez de Janja falar.

_Obrigada à todos vocês por estarem aqui comigo, desde o começo de tudo_ a loira falou calmamente.

Ela ainda andava devagar, sentia algumas dores, aqueles dias no hospital, longe de casa, não foram nada fáceis, ela tinha medo de não voltar nunca mais para a sua mulher, chorava baixinho quando ficou por duas semanas seguidas internada na uti, o final da sua gravidez foi complicado.

_Eu tive tanto medo de perder você amor_ mais uma vez Simone sussurrou para que apenas a mais baixa pudesse ouvir, colocando a cabeça da mesma deitada em seu peito.

Com certeza Simone jamais esquecerá daquela madrugada turbulenta que teve, elas não estavam esperando que fosse desse jeito, mas foi. Ambas as mulheres lembram de cada detalhe desse dia, de como Soraya gritava de dor, não conseguindo mais ficar em pé, sendo preciso ser carregada para que pudessem colocá-la no carro, com todo o cuidado. No caminho a morena segurava sua mão, tentando passar calma para ela, dizendo que iria ficar tudo bem. Elas agradeciam muito por dona Fairte e Eduarda virem para o Brasil ajudá-las, foram elas que deram força para que Simone continuasse de pé, depois que soube que sua pequena precisaria ser internada.

Infelizmente ela não pôde acompanhar sua esposa durante o parto, as complicações começaram quando Soraya deu entrada no hospital. Pela vidraça, ali do corredor, ela acompanhava o sofrimento da mãe do seu filho, fazia uma expressão de dor quando via a outra fazer força para ter o bebê, chorava quando a loira se jogava ali naquela pequena cama, já não aguentando mais fazer força.

Por um momento o mundo parou para Simone, e se calou, quando olhou para a sua mulher, e viu ela sorrindo quando o bebê nasceu, mas logo em seguida fechou os olhos, o sorriso dela aos poucos foi se desfazendo, e começou o desespero dos médicos tentando reanimá-la, e ali mesmo Simone se jogou, caindo de joelhos, com o rosto banhado em lágrimas, sua mulher estava morrendo e ela não podia fazer nada.

E tudo o que vinha em sua mente era aquele sonho, que nunca esqueceu, lembrava de tudo o que aconteceu nele, quando voltava para casa, no banheiro ela chorava sozinha e em silêncio, não queria incomodar ninguém com a dor que sentia. Sempre que ia para o hospital, passava na igreja, acompanhada pela sua mãe e irmã, lá elas rezavam, pediam pela recuperação daquela que tanto amava, se sentia até um pouco mais leve quando saíam dali.

Com o passar dos dias, as respostas que os médicos tinham eram sempre positivas, ela estava conseguindo, até que puderam começar a ir visitá-la, parecia tão frágil naquela cama de hospital, e sempre que Simone saía dali, sentia um aperto no peito, ainda tinha medo, as palavras que ouvia quando estava na sala a sós com a mais nova tinha sempre uma pitada de despedida, isso a deixava aflita, ela não sabia o que iria fazer se Soraya não voltasse, elas ainda tinham tantos planos para realizar, ela não podia ir embora assim.

Tudo mudou depois do telefonema inesperado que recebeu quando estava no trabalho, apesar dos problemas ela precisava ir trabalhar, dona Fairte deixava ela mais calma quando dizia que cuidaria de tudo. Simone saiu daquele escritório feliz da vida, alguns não entendiam o motivo de tanta felicidade, e seus colegas até desconheceram a cantoria daquela mulher que era sempre tão séria com tudo e todos. Chegou rápido no hospital, logo correu para a sala onde estava a sua loira, e ela estava ali, à sua espera, com aquele lindo sorriso que iluminava o seu dia, ela finalmente iria voltar para casa.

_Você vai voltar_ foi tudo o que disse antes de correr para o seu abraço.

Sua família e amigos próximos já sabiam da notícia, por isso trataram de arrumar as coisas ali para recebê-la, a Duda, como as pessoas costumavam chamar, foi buscar elas, Simone queria começar a aproveitar desde aquele momento com sua mulher, agora todo o medo que sentiu havia ido embora, e se chorasse, seria de alegria.

_Quer ir lá em cima amor?_ a morena lhe perguntou.

_Por favor amor, me leve_ todos ali sorriram.

Logo elas se levantaram, e com o apoio da maior, Soraya conseguiu subir as escadas, passaram pelo quarto que era o escritório, passaram pelo quarto delas e logo chegaram no quarto que a porta estava entreaberta. A claridade do dia iluminava o ambiente, podia se sentir o vento que entrava pela fresta da janela, os galhos da árvore balançavam, e algumas folhas caíam, indo direto para o chão.

Se aproximaram do pequeno berço, enfeitado por alguns ursinhos na grade do mesmo, o brinquedo acima dele girava de maneira lenta, e ali dentro estava o pequeno Bernardo, dormindo feito um anjo, usava um macacão azul, estava deitado de peito pra cima, ao redor tinha mais alguns brinquedos de pelúcia.

_Ele é igual você amor_ Simone a abraçou por trás, colocando a cabeça em seu ombro.

_Puxou os seus cabelos_ a menor falou, e ambas sorriram com a frase proferida.

_Obrigada por voltar pra mim meu amor... eu te amo_

_Eu amo você minha sisa_ e logo se beijaram, um beijo cheio de saudades, agora elas estavam de volta ao lar, começando uma nova etapa de suas vidas.
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....👶🏻💙

Amor selvagem chegando ao fim,
e eu com saudades 🤧🤍

O preço de um amor selvagem Onde histórias criam vida. Descubra agora