III - A escola

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O autocarro, cheio de estudantes que foi apanhando nos diferentes pontos de paragem, estacionou junto ao passeio da escola. Mike levantou-se primeiro e apeou-se no meio de um grupo barulhento. Naquela fase tinha a certeza de que nem Rob, nem Brad iriam desertar e não se importou de os perder de vista.

O edifício tinha uma fachada imponente. Janelas altas e uma porta de entrada de duplo batente que se encontrava aberta de par em par para permitir a entrada desimpedida de alunos e de professores. Essa porta era enquadrada, por sua vez, por um alpendre de pedra ao qual se acedia por meio de uma escadaria de mármore de cinco degraus compridos e uma rampa lateral. Duas grossas colunas em estilo coríntio suportavam um frontão onde se pregava uma placa retangular de bronze com o nome da escola em relevo – Instituto para o Ensino e Ciências Castle of Glass.

Um relvado muito verde e bem aparado rodeava a construção. Do lado direito existia um caminho bordejado de árvores que levava aos complexos desportivos, onde se praticavam as diversas modalidades lecionadas ali. Era composto por campos de jogos, um ginásio e respetivos balneários. Do lado esquerdo, o edifício prolongava-se harmoniosamente em paredes cobertas de janelas.

O telhado era vermelho e a argila vidrada brilhava ao sol. Mike ergueu os olhos e notou o desenho perfeito e ondulado dos beirais. Ainda bem que ele tinha aprendido a divergir os efeitos nefastos da luz solar, senão era um sarilho manter aquela aparência de normalidade... Sentiu uma palmada amigável entre as omoplatas.

– Muito bonita. Esta escola, pelo menos por fora, tem um aspeto bastante agradável. Estou impressionado.

Olhou para Brad que aproveitava o movimento que fizera e colocava o braço sobre os seus ombros. Mike franziu a testa.

– É uma escola... como todas as outras.

– Concordo com o Brad – disse Rob postando-se ao lado deles. – Esta escola parece-me... especial. Gosto do aspeto. É bonita e respeitável. Tem, pelo menos, todo o aspeto de ser bonita por fora e será respeitável por dentro.

– Bem, vamos tentar ficar aqui mais tempo. Esse é o meu objetivo – confessou Mike mastigando as palavras, porque nunca gostara de revelar os seus sentimentos. Acrescentou: – Queria assentar.

– Nós nunca vamos poder assentar, Mike – corrigiu Brad e soou um pouco triste.

– Podemos, sim! Existe essa possibilidade.

– Mas teremos de fazer um sacrifício – lembrou-se Rob com um arrepio.

Brad afastou-se de Mike, andou alguns passos, voltou-se para os amigos e continuou a andar às arrecuas.

– Hoje é só o primeiro dia – disse o vampiro realçando aquele par de palavras no mesmo tom do irmão. – Não é preciso estarmos a definir um plano a longo prazo com objetivos rígidos. Esse não é o nosso estilo. Há sempre alguma coisa que não controlamos e acabamos por destruir os nossos projetos aparentemente impecáveis. Das duas últimas vezes a culpa... nem foi nossa. Fomos desmascarados e, pronto... tivemos de nos pisgar. Vamos aproveitar o que temos, hum? Enquanto temos.

Subiu alegremente os degraus e misturou-se com a pequena multidão de alunos que se encaminhavam para a porta de entrada.

– O Brad tem razão, sabes?

– Pois tem – concordou Mike, encolhendo os ombros. – Vamos aproveitar o que temos.

– Sempre foi o que fizemos, não foi? E temo-nos saído muito bem...

– Sim. Vamos aproveitar o que temos – repetiu, mais para si do que para o irmão. – Porque é o primeiro dia.

– Se o Joe estivesse aqui, ia começar a fazer piadas com o nome do instituto...

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