Controle Remoto

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Eu entro no meu quarto com meus saltos na mão, meu corpo está tão pesado que não queria me obedecer, eu vou até o banheiro preparar meu banho.
Eu saio já sentindo o corpo cansado, eu me deito sentindo um vazio no meu peito, a sensação de estar sozinha me toma, e eu lembro da caixinha que mamãe me entregou antes de eu entrar no avião, me pedindo pra abrir quando eu me sentisse sozinha.
Eu a pego no fundo da gaveta, estava tão bem embrulhada que preciso usar uma tesoura.
Dentro tem a coisa mais lindinha que já vi na vida, um pingente em formato de envelope com uma foto minúscula minha da mamãe e papai, atrás tinha a frase "You'll never be alone " ( Você nunca estará sozinha),

meu olhos se enchem de lágrimas, e eu choro, eu me permito ser vulnerável, eu sentia tantas saudades de papai, tanta falta do abraço da mamãe e dos seus carinhos em meus cabelos, eu adormeço ali, em meio a minha tristeza, abraçando aquele minúscul...

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meu olhos se enchem de lágrimas, e eu choro, eu me permito ser vulnerável, eu sentia tantas saudades de papai, tanta falta do abraço da mamãe e dos seus carinhos em meus cabelos, eu adormeço ali, em meio a minha tristeza, abraçando aquele minúsculo presente, mas com significado enorme.

***

Duas semanas se passaram desde o ocorrido com os Kaulitz, a gente não se falava desde então, as vezes eu encontrava com Bill pelos corredores, quando estava voltando de algum compromisso com a agência ele abaixava a cabeça e eu fingia não o ver, Tom mudava o caminho quando me via, na tentativa de me evitar. Se eu estava no elevador, ele usava a escada, se eu ia pela escada, ele usava o elevador, e era assim por todas as partes do prédio enorme.
Eu os escutava ensaiar, eles não pareciam ter concentração, eu ouvia Bill se estressar ao errar uma única palavra, e pedir para voltarem do início, Tom se empenhava em conseguir fazer um bom solo de guitarra.
Eles começam a cantar uma música que não reconheço, um pouco mais alto que o normal e eu presto atenção na letra.

"cada passo que você dá
A cada suspiro seu
Seu coração
Sua alma
Comandados por controle remoto
Esta vida é tão doentia
Você é automática para mim...
Não há amor real em você
Não há amor real em você
Não há amor real em você
Por que eu continuo te amando?"

Por acaso, aquilo era pra mim?
Bill dava todo seu vocal, como se quisesse que eu ouvisse cada palavra daquela canção, detalhadamente, Tom parece se entregar a guitarra, disputando lugar com Bill. Eles dão uma última nota e a música acaba melancólica. Apesar de saber que foi pra mim, eu nunca teria certeza.
Eu resolvo ir tomar café no restaurante do hotel, eu precisava respirar, e o capuccino de lá era sensacional.
Eu sigo em direção ao meu objetivo, chegando lá, Vejo Georg e Gustav pegando uns sanduíches naturais, não vejo Tom nem Bill, então resumo que eles estejam sozinhos.
Eu sigo em direção a bancada, para pegar o que preciso, eu tropeço no meio do caminho, pisando nos meus cadarços desamarrados,  caindo no colo de alguém, a pessoa segura minha cintura com firmeza.

- Opa, toma cuidado! - Eu levanto o olhar reconhecendo a voz, mas rezando pra não ser quem eu imagino, eu fico pálida quando nossos olhares se encontram.

- Desculpa, eu sou muito desastrada. - Falo sem me mover.

- Tá confortável aqui? - ele pergunta me olhando ainda sentada em seu colo, minhas bochechas queimam de vergonha e eu tento me levantar, mas Tom me segura me mantendo ali. - Tá indo pra onde? - ele pergunta me encarando.

- Como assim? - pergunto sem entender, nossos rostos perto demais me desconcentra.

- Perguntei onde está indo. - Tom repete, e eu encaro o piercing em sua boca enquanto ele fala.

- P... Pegar um café. - gaguejo.

- Ok, vou te fazer companhia. - ele fala finalmente me deixando levantar.

- Mas até poucos minutos atrás, você nem lembrava que eu existia. - falo o lembrando das últimas semanas.

- Isso foi antes de você se jogar no meu colo. - Ele fala dando um sorriso ladino.

- Para de ser convencido garoto, eu em. - Falo fechando a cara.

- Tudo bem, quer minha companhia? - ele pergunta mudando de assunto e eu não respondo. - Eu sei que você quer. - ele continua.

- Nada haver. - Repondo o encarando.

- Seu olhar não nega. - Tom solta me deixando sem graça e se levanta, para me acompanhar.

Eu tinha um milhão de perguntas, queria saber sobre Bill, por que do nada ele resolveu voltar a falar comigo e me tratar bem, qual era o sentido daquela música, porque ele me evitou por duas semanas inteiras.
Eu queria cuspir todas essas perguntas na cara dele, mas eu sabia que aquele não era o momento, eu só conseguia pensar se Bill aparecesse e nos visse juntos.
Ele pensaria que o seu irmão é um traidor?

- Bill não vai achar ruim se nos ver juntos? - pergunto enquanto pego um croissant.

- Meu irmão sabe que agiu exageradamente, ele quer conversar com você mas não sabe como puxar o assunto, eu também queria a tempos, mas não sabia como, e nós dois também conversamos sobre o ocorrido... - O garoto de tranças faz uma pausa. - E Bill não está no prédio foi resolver coisas para o nosso show de domingo, você deveria ir. - Tom me pega de surpresa.

- Vou pensar sobre isso, talvez eu vá se Bill realmente voltar a falar comigo. - falo pensando.

Era tão engraçado como as coisas mudavam tão rápido em minha vida, era como se alguém apertasse um controle remoto, e quando decidisse que eu já tinha sofrido o suficiente, me mandava coisas boas, só pra me tirar tudo de novo depois, me fazendo sofrer ainda mais...

- Eu não quero mais ficar sem vocês, Tom. - eu falo me arrependendo logo em seguida, meus olhos se enchem de lágrimas e eu levo as duas mãos a boca de tanta vergonha e o garoto sorri me olhando com interesse.

Que merda eu fiz agora?

***
< Notas da autora>

Um curtinho pra me redimir, mas gente essa Júlia só sofre, e ela e Tom não se pegam nunca? Tô tendo crises de ansiedade já kkkkkk, brincadeiras a parte, aguardem os próximos capítulos...

Best Of Tokio Hotel...Onde histórias criam vida. Descubra agora