Eu aceito.

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Eu acordo olhando em volta, tem uma agulha em meu braço conectada a uma bolsa de soro que pinga vagarosamente, eu me movimento tentando me sentar e meu estômago dói, percebo que tem um tubo em meu nariz descendo por minha garganta.

- Ai! - falo colocando a mão na barriga, e o tubo em minha garganta se movimenta me incomodando, eu tento ignorar.

- O que foi? Está sentindo muita dor? Quer que eu chame a enfermeira? - Bill aparece do meu lado de repente.

- Calma, tá tudo bem! - eu o tranquilizo - o que houve? - pergunto me sentindo confusa.

- Você teve uma reação alérgica ao camarão, mais um pouquinho que a gente demorasse... - ele não termina a frase.
Olho pro lado e vejo Tom dormindo todo torto em uma poltrona.

- Quanto tempo estamos aqui? - pergunto me sentindo desconfortável.

- Umas quatro horas eu acho. - reponde

- Meu Deus, vão pra casa, vocês devem estar cansados. - falo encarando o garoto desmaiado no canto do quarto.

- De jeito nenhum, não vou deixar você aqui. - Bill fala um pouco mais alto que o necessário, acordando Tom, ele olha em volta confuso e encontra meu olhar, ele se levanta meio cambaleante.

- Oi linda, você nos deu o maior susto. - Ele fala me dando um sorriso e vindo em minha direção, ele beija a minha testa, e minha pele queima com seu toque como se tivesse jogado álcool em alguma ferida aberta.

- Ai! - Reclamo

- Que é? - os garotos perguntam em coro.

- Minha pele tá queimando. - respondo.

Uma enfermeira magrinha, de olhos puxadinhos entra com uma prancheta.

- Senhorita Brown, como estamos? - Ela pergunta conferindo o soro que estava no fim.

- Bem melhor, eu acho! Minha pele só queima um pouco e meu estômago dói. - fala me ajeitando na cama.

- Isso é normal, seu estômago dói por causa da lavagem que fizemos e sua pele está sensível por causa das placas vermelhas que surgiram. - eu olho meus braços entendendo o que ela estava falando.

- Meu rosto também está assim? - Pergunto, levantando meu braço como exemplo.

- Sim, vai ficar por uns 5 dias até sumir completamente. - a enfermeira simpática responde.

- Droga! - Falo encostando a cabeça no travesseiro e fechando os olhos. - Tenho um compromisso com a agência depois de amanhã, como vou aparecer assim? - Pergunto pra mim mesma sem abrir os olhos.

- Bom, eu volto daqui uma hora, pra ver se posso te liberar ok? - A enfermeira fala e eu escuto seus passos se afastando, sinto alguém parando próximo a minha cabeça, eu abro apenas um olho pra ver quem é.

- Fala! - Peço voltando a fechar os olhos.

- Podemos conversar com a agência, e pedir para remarcar seu ensaio, se você quiser. - Bill fala docemente.

- Podemos pensar nisso depois? - falo sem ânimo.

- Claro. - O garoto responde e eu sinto que ele quer falar mais alguma coisa, abro meus olhos dando de cara com os seus encima de mim. Tom voltou para poltrona, mas agora está sentado jogando alguma coisa no celular.

- Que foi Bill, o que mais você quer perguntar?

- É que... - ele para parecendo procurar as melhores palavras. - Eu sei que não é um bom momento, mas eu estou morrendo de ansiedade para saber sua resposta para nossa proposta. - Vejo Tom desligando o celular para nos encarar, pelo visto não era só Bill que estava um poço de ansiedade.

- Eu tenho que pensar sobre isso, vocês me pegaram de surpresa e eu não sei o que dizer ainda. - Eles parecem decepcionados com a minha resposta.

- É você tem razão,  eu não deveria ter perguntado isso agora. - ele fala se sentando ao lado de Tom, que volta a ficar entretido com seu joguinho.
Um tempo depois a enfermeira aparece, me libertando da agulha de soro e do tudo desconfortável em minha garganta, eu respiro aliviada. Estava livre para ir pra casa, e eu só queria tomar um banho e dormir.
Caminhamos em silêncio até o estacionamento. Era desconfortável ver os dois tão calados.
Eles param entre dois carros, o cinza do Tom e um vermelho tão lindo quanto. Os dois se viram me encarando.

- Quer voltar pra casa com quem? - Os dois perguntam em coro.

- Vocês estão mesmo fazendo isso? - Eu pergunto sem acreditar.

- Sim, vamos todos pro mesmo lugar, mas um de nós vai ter que voltar sozinho. - Tom responde.
Eu reflito um pouco, me sentindo desconfortável com a situação.

- Eu passei o dia com você Tom, então acho justo eu voltar com o Bill. - falo me resolvendo, o gêmeo mais velho faz um biquinho.

- Tudo bem, realmente é justo. - ele fala se aproximando e beijando minha bochecha. - Te vejo daqui a pouco. - ele entra no carro e desaparece na estrada.

- Vamos então? - Bill pega as minhas mãos e entrelaça nossos dedos como de costume, eu não sabia o quanto senti falta daquilo até aquele momento.
Ele dirige devagar, sempre mais prudente que Tom, mas também porque sabia que eu ainda estava sentindo dor, nossas mãos continuam entrelaçadas, eu o encaro e sorrio, ficar com Bill era calmo, eu não sentia meu estômago revirar, nem minhas bochechas esquentar a todo momento, Ele e Tom eram opostos um ao outro, como se um fosse frio, e outro calor, um completava o outro e me completavam talvez fosse uma coisa boa ter os dois só pra mim, na verdade eu não sei se Tom seria apenas meu, mas seria bom pertencer aos dois.

- No que tá pensando? - Bill pergunta quando percebe que estou distante.

- Eu aceito. - Repondo baixo.

- como é? - O garoto pergunta surpreso.

- Disse que aceito a proposta maluca de vocês. - repito.

Bill grita, me dando um susto e fazendo uma dancinha engraçada no volante, nós dois gargalhamos da sua felicidade.
Ele para o carro na frente do hotel, se vira pra mim e me beija.

- Senti sua falta, Júlia Brown! - ele Sussurra me encarando.

- Também senti saudades sua, Bill Kaulitz. Mas agora vamos contar a novidade pro Tom.
Nós descemos do carro, Bill corre para segurar minha mão, andamos assim, saltitantes pelos corredores do hotel.
Pela primeira vez, eu senti que encontrei o meu lugar....

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