Novo começo.

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"O caso de Clockwork" foi o nome que a mídia deu para este caso que aconteceu no final do ano de 2012, foi um evento que destruiu a vida de várias famílias, mas de duas em específico sendo a família das vítimas e da autora dos crimes, desde então tudo mudou depois que a cidade inteira, na qual foi o cenário dos crimes, presenciou esses assassinatos, na escola da cidade se falava bastante sobre Natalie Ouellette, os alunos fofocavam a respeito de sua ex-colega de classe. Muitos jovens imaturos falavam que iriam se fantasiar de Clockwork quando o halloween de 2013 chegasse, a cidade que antes era conhecida apenas como uma cidade canadense qualquer agora era conhecida pelo terrível incidente, a assassina virou o símbolo da cidade como se fosse uma celebridade, enquanto ninguém se compadeceu das almas das vítimas ou da família daqueles que se foram, parece um absurdo falando dessa maneira, mas a realidade tende a surpreender a cada dia e ano que se passa.

Até documentários, livros, filmes e séries foram feitas em cima desse caso, muitos sem autorização da família das vítimas e com conteúdo extremamente sensacionalista e alienado. O ano de 2013 já estava no começo e os conflitos ideológicos nas redes sociais não cessavam por um segundo sequer, parece que a virada do ano foi só mais um dia qualquer. Mas isso não é importante de qualquer forma, a cidade não importa, nada disso importa mais, é algo que acontece sempre que um crime viraliza e infelizmente é a realidade… O que realmente importa é o que houve depois disso.

* * *

Um homem negro e de cabelo ralo estava sentado à sua escrivaninha na delegacia da cidade, o mesmo homem quem trabalhou no caso de Clockwork, Romy. Este foi o responsável por ter feito o relatório completo do caso e ter enviado pro comissário Stuwart, além do chefe de polícia.

Ele estava girando a caneta entre os dedos, enquanto estava imerso em seus pensamentos conturbados, mas a sua atenção estava presa em uma pessoa específica, em um certo garoto loiro de olhos azuis, Ethan Baker. O dito cujo é filho de uma família rica e influente na cidade que faz parcerias com empresas comerciais, além de andar de mãos dadas com a polícia local, os Bakers é uma linhagem bem antiga de séculos sendo originária da Europa, na Alemanha, mas apesar dessas informações o que há sobre eles é bem desconhecido, é dito que a família apareceu no país e decidiram ficar na cidade por motivos desconhecidos, sendo composta por um pai, uma mãe e dois irmãos, mas até o momento todo mundo só tinha visto o garoto loiro andando pelas ruas e sem sinal nenhum dos pais.

O que chamava atenção no loiro é o quão problemático ele é, mesmo sendo herdeiro de uma grande fortuna, em um lar aparentemente saudável – segundo as poucas pessoas que conhecem a família de perto – Ethan é líder de uma gangue, violento e tem tendências bem sádicas, ninguém sabe o motivo disso, mas os pais não parecem se importar com isso e nem a polícia pelo visto, já que foi dito que o mesmo teria agredido Natalie Ouellette na rua junto com outros membros de sua gangue que foram responsáveis por queimarem a metade do rosto dela, ainda sim a polícia não o interrogou e nem sequer o prendeu nenhuma vez por crimes anteriores, ele nunca compareceu à corte da justiça.

Romy esteve de olhos abertos em relação a isso, ainda estava confuso do porquê ninguém parecia tocar no assunto a respeito do jovem que não era pego ou confrontado por seus crimes, parece até que eles não existiam. O detetive sabia a resposta para os seus questionamentos em relação à esse problema, que era o dinheiro, mas isso não significava nada para ele e odiava ter que lidar com pessoas ricas pelo fato de eles sempre usarem a fortuna em sua posse como escudo para não sofrerem as consequências de seus crimes, e o sistema aceita de bom grado afinal o capitalismo domina o mundo todo com excessões aqui e ali.

— Qual é o problema dessa gente? — O detetive se perguntava parando de girar a caneta, ele realmente não entendia o motivo de nada acontecer com o garoto, tem alguma coisa errada.

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