Aceitação e remorso

0 0 0
                                    

Lukas estava no cinema que era seu local de trabalho, era responsável pela limpeza e auxílio para a compra do ingresso das pessoas, seu dia e tarde passavam normalmente com ele estudando para o curso, então ao fim da tarde ele comparecia para começar o expediente. Não era ruim trabalhar lá, era até que bem legal e divertido, vez ou outra trombava com algum cliente agradável e educado, conversava com alguns e até via coisas inusitadas acontecendo como vendo algumas pessoas entrando fantasiadas para algum filme muito esperado, era engraçado de ver essas situações, melhorava seu humor e o fazia esquecer por um momento que estava sendo observado constantemente pelo Announcer ou até outras coisas sobrenaturais; era quase impossível não pensar nisso, às vezes era difícil dormir em paz sabendo que uma hora ou outra sua vida normal como conhece poderia acabar; e não poderia fazer nada para alterar o que podia vir no futuro.

Naquele dia ele se pegou pensando novamente nisso, e quando isso acontecia ele se isolava do resto de seus colegas de trabalho pelo resto do dia, isso era um padrão que não passava despercebido por eles, vez ou outra eles iriam até ele e perguntava o que estava acontecendo, mas sempre dizia que estava tudo bem. Dessa vez, enquanto estava imerso em seus próprios pensamentos, alguém senta ao seu lado e ao olhar para o lado ele vê o seu colega de trabalho mais próximo, Dylan, um garoto um pouco mais alto que ele, tinha cabelos castanhos claros com um topete, usava brincos e parecia ter um físico mais desenvolvido de Lukas que só era magro.

— Hey, Lukas. — Diz o garoto, um pouco preocupado, mas querendo passar segurança para seu amigo.

— Ah, oi Dylan. — Diz Lukas sorrindo um pouco. — Como está? Vai bem?

— Eu estou bem, mas sou eu quem deveria estar fazendo essa pergunta… Então, como você está?

— Eu tô bem, cara, relaxa.

— … Mano, eu sei que não está bem, deve ter alguma coisa de errado acontecendo na sua vida, pode não parecer, mas o pessoal percebe você agindo estranho.

— Ah é?

— Sim, você… Não quer conversar sobre isso? Talvez eu possa ajudar.

— Nah, acredite em mim… Não tem como me ajudar.

— Me prove.

— Eu não posso falar.

— Ah cara, assim eu nunca vou saber o que está acontecendo de errado com você se não me falar, tipo, você é todo envolto de mistérios. — Diz Dylan falando a última parte meio descontraído, virou até uma piada interna entre os outros colegas do Lukas por ser alguém misterioso e não saberem ao certo de onde ele veio. — O pessoal daqui gosta de você, e eu me importo, eu quero tentar te ajudar de alguma forma, nos tempos em que você estava faltando muito no trabalho o pessoal notou isso.

— … Tá certo, eu vou falar, mas não agora, não me sinto confortável aqui.

— Já sei! Que tal nós sairmos depois do trabalho e ir conversar em um bar ou num restaurante sobre isso? Pode ser melhor já que a nossa pausa tá quase acabando. — Diz ele se levantando e estendendo a mão para Lukas. — Enfim, vamos lá, falta pouco para a pausa acabar, ainda temos casais para expulsar e salas para limpar.

Lukas olhou aquilo por um tempo, mas sorri pela graça de Dylan e segura a mão dele para voltar ao trabalho; o dia passou normalmente, ambos foram fazendo suas respectivas funções e nos horários finais ficariam encarregados de recolher os óculos 3D e dar lembrancinhas na saída, as vezes tendo que lidar com certas inconveniências como dar alguns avisos para casais nos amassos nos fundos escuros da sala de cinema, além de botar adolescentes para fora das salas pelos mesmos acharem que têm algum tipo de “cena pós-créditos” no final, sendo que não tem nada. No fim do expediente ambos foram para suas casas e se trocarem para irem no restaurante, já era noite e as ruas pareciam movimentadas, os dois foram se comunicando por mensagem e marcaram de se encontrar no restaurante que estavam falando e minutos mais tarde ambos chegaram aonde foi marcado; Lukas acabou chegando primeiro e Dylan chegou logo depois.

DetachmentOnde histórias criam vida. Descubra agora