Os barulhos naturais agradáveis da floresta foram substituídos subitamente por um chiado terrível, semelhante à estática de uma canal fora do ar vindo de uma televisão, Chris e Aliza não sabiam dizer se era o som ambiente ou se aquele ruído desagradável estava vindo de suas cabeças, pois eles conseguiam ouvir de todos os lugares; os passarinhos que uma vez estavam voando próximos agora não estavam mais lá, e o vento parou de soprar deixando as folhas das árvores completamente imóveis como estátuas; o ambiente estava muito frio, o garoto sentia seu corpo mole, uma espiral se fez presente em seu estômago e caiu ajoelhado no chão, incapaz de continuar correndo e em meio a tosses secas e incontroláveis.
— Chris, levanta! — Grita Aliza tentando levantar o garoto, passando seu braço por cima do ombro e o carregando.
O garoto em passos fracos tentava andar junto com ela, enquanto era auxiliado pela garota, mal conseguia olhar para frente ou parar de tossir, estava completamente vulnerável naquele ponto e andar no meio da floresta coberta por uma névoa densa não ajudava muito.
— Desde quando a floresta ficou tão grande assim? — Questiona Aliza a si mesmo, ela acaba por deixar Chris encostado em uma árvore, o garoto era muito pesado para ela continuar carregando.
— Cof, cof… Você estava escutando os chiados? Cof… — Pergunta Chris em meio às tosses .
— Sim, estava muito alto, mas diminuiu agora, eu não estou mais sentindo ser observada… Eu acho que perdemos aquilo de vista… O que era aquilo? — Diz Aliza tentando enxergar algo além da névoa densa, apesar da sensação e o chiado terem diminuído, a névoa não se dissipou.
— Eu não sei ao certo, mas temos que sair daqui primeiro, então eu vou estar te devendo explicações. — Diz Chris aos poucos recuperando suas forças e tentando se levantar, no entanto ele acaba escutando passos de alguém pisando em folhas se aproximando.
— O que foi? — Pergunta Aliza que tem sua boca tampada pelo garoto que se esconde atrás da árvore junto com ela, ambos agachados e em silêncio.
Esperando um tempo os passos se tornaram muito próximos, Chris colocou a cabeça para fora de seu esconderijo para ver a fonte do barulho, ele acabou vendo uma silhueta na névoa e percebeu que parecia de uma pessoa comum, olhando mais atentamente ele teve uma surpresa… A pessoa no meio da névoa era Lukas, e como era de se esperar estava com aquela máscara bizarra cobrindo seu rosto, além de estar vestindo o mesmo terno preto que era comum de ver; forçando um pouco mais a visão ele percebeu que o mascarado estava segurando um cano de metal na sua mão esquerda, e percebeu que ele olhava os arredores como se estivesse a procura de algo; Chris se questionou se havia alguma chance de Lukas estar atrás dele, mas aquela situação toda não fazia o menor sentido para ele, um momento atrás eles estavam fugindo de uma coisa que realmente estava lá, e agora eles estavam se escondendo de um mascarado provavelmente hostil. O garoto sentia que não deveria chamar a atenção do mascarado, por mais que fosse um "conhecido" dele, sempre observou o comportamento estranho do mesmo quando estava perto de Ethan e dos outros membros da gangue, além de saber do que ele era capaz.
— O que ele está fazendo aqui? Como ele chegou aqui? — Chris se pergunta mentalmente, enquanto esconde sua cabeça novamente, mas espiando um pouco para ver se o mascarado saía dali.
Alguns minutos se passaram com Lukas parado no mesmo lugar feito uma estátua, até que ele saiu do lugar e pegou outro caminho, quando se distanciou o suficiente Chris tirou a mão da boca de Aliza.
— O que foi isso? — Pergunta Aliza para Chris, ela havia espiado para fora do esconderijo também.
— Me escuta, eu conheço aquele cara, mas ele não é amigável, eu sinto que ele está procurando algo e não podemos chamar a atenção, vamos embora em silêncio, ok? — Diz Chris sussurrando para Aliza que concorda com a cabeça.
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Detachment
FanfictionDepois dos eventos de Clockwork, Chris tenta prosseguir com sua vida novamente em outro lugar, longe da cidade por onde morou por muito tempo, tentando se desprender do que houve anteriormente... Escapar dos traumas que tudo aquilo lhe causou, mas o...