Olhos na pista

6 1 0
                                    

Depois daquela confusão no meio da rua, o garoto não se lembrava mais de nada, naquele exato momento estava sentado em uma maca no hospital depois de ter acordado sem memórias, tomando soro diretamente na veia, com a blusa suja de seu sangue com um pano branco na mão esquerda igualmente sujo de vermelho ao limpar o nariz. Ele tinha perguntado para sua mãe e o pai o que aconteceu, e eles disseram que o viram andando na rua sujo de terra e sangue, parecia desligado da realidade e quando chegaram perto ele começou a ter uma crise de tosses com sangue, Chris ficou intrigado, pois não se lembrava de nada disso, só lembra de ter adormecido na floresta e somente isso.

Disseram que ao chegar no hospital, eles tiveram que medicá-lo, o que funcionou de certa forma, também sedá-lo, e então levaram para uma sala de consultório grande para tomar soro, pois, ele estava pálido. Jackie autorizou fazerem exame de sangue para ver se estava tudo bem com ele e estavam esperando ali junto com Chris. A mãe tinha uma expressão preocupada no rosto, segurando a mão de seu filho que a apertava de leve mostrando segurança em seu estado mental e físico, Josh estava de pé ao lado dele ainda parecendo tenso com tudo o que aconteceu, tanto que se esqueceu que tem lugares para se sentar.

— Como se sente? — Diz Jackie apertando a mão de Chris.

— Melhor… Me desculpa por ter preocupado vocês, eu não sei onde eu tava com a cabeça. — Responde Chris com um tom de culpa em sua voz.

— Chris, não é culpa sua, ok? Está tudo bem agora, já passou… Não estamos bravos, só felizes que você está bem. — Diz a voz tranquilizador de Josh para com seu filho. — Mas, você realmente não se lembra do que aconteceu?

— Não, eu realmente não lembro. — Ele tentava lutar para se lembrar, mas não conseguia chegar a lugar algum, e provavelmente a cabeça ia começar a doer se esforçasse demais então desistiu de tentar lembrar.

Ficaram ali na sala esperando o resultado dos exames, dentro do ar sufocante do hospital, esses lugares sempre tinham um cheiro muito específico, como se os espirros e tosses das pessoas doentes que já passaram ali estivesse impregnado no ar se misturando com o ar gelado dos ar-condicionados. Isso incomodava bastante Chris, nunca gostou de hospitais, quando era criança ele tinha medo dos hospitais e dos médicos, quando cresceu ele parou de ter medo dos médicos, mas continua odiando hospitais, seja pela atmosfera sufocante, seja pelo atendimento horrível.

Quase duas horas se passam lá dentro e um médico adentra a sala, fazendo Chris revirar os olhos e suspirar um "finalmente", já que estava muito entediado e não aguentava ficar mais um minuto sequer ali dentro. O profissional estava com os exames em mãos e deu a notícia surpreendente para a família, não tinha nada de errado com o filho deles.

— O quê? Mas isso não é possível, a gente viu o Chris tossindo muito sangue no caminho inteiro para cá e você quer dizer que não tem nada de errado com ele? — Diz Jackie indignada e insatisfeita com o resultado do exame, Josh botou a mão no ombro dela para acalmá-la.

— Por favor, acalme-se, senhora, eu estou tão confuso quanto vocês que os exames deram normal, eu vi como o seu filho estava e não parecia bem, mas eu tenho a teoria de que pode ter sido algum problema neural. — Diz o doutor tentando apaziguar a situação, dando uma teoria até que plausível para o que pode ter acontecido.

— Mas doutor… O Chris nunca teve problemas cerebrais. — Diz Josh derrubando a teoria do médico, que a expressão muda para confusão.

— Bom, então eu não tenho idéia de qual seja o problema, mas… Vamos fazer o seguinte, se algum problema desse tipo acontecer de novo, tragam ele para cá, nós faremos um raio-x e vamos examinar mais profundamente sobre a condição dele. — Diz o médico que volta a atenção para o paciente sentado na maca. — Como se sente, jovem?

DetachmentOnde histórias criam vida. Descubra agora