Na escuridão de seu quarto, Chris estava encolhido em um canto, desde o que viu mais cedo começou a questionar a própria sanidade, nunca aconteceu de ele "alucinar" daquela forma, aquilo não poderia ser real, ele nunca havia sentido tanto medo naquela intensidade assim como a adrenalina correndo por suas veias, foi como um instinto, teria sido aquilo o sentimento mais profundo e primitivo do medo entrando em ação? Isso ficaria em aberto em sua mente, a outra questão que rodeava em seus neurônios de forma incômoda, era a sensação de estar sendo observado sendo intensificado ao ter olhado para aquela figura. Em memórias longevas, completamente esquecidas, mas que foram revividas e permaneceram em sua mente graças aos relatos de seus próprios pais sobre sua infância, segundo Jackie e Josh o garoto sempre teve a sensação de estar sendo observado mesmo que estivesse rodeado de pessoas, muitas vezes isso acontecia na escola, em parques e até mesmo em shoppings nas áreas infantis e quando isso acontecia Chris começava a implorar para eles saírem dali ou irem para outro lugar.
Em contrapartida o silêncio do quarto era ensurdecedor, mas o que conseguia ser pior era os barulhos psicológicos que sua mente ansiosa emitia e depois ecoava repetidas vezes, como um instrumento tocando em um lugar vazio com uma acústica terrível se repetindo de novo e de novo, mas então um som novo veio, o som externo vindo de fora do seu quarto era reconhecível como o carro sendo botado na garagem. Isso foi o suficiente para que sua atenção fosse completamente desviada, o suspiro de alívio veio na mesma hora conforme se levantava e corria para fora de seu quarto, na qual acaba avistando Jackie abrindo a porta da frente com algumas sacolas de compras em mãos.
— Cheguei em casa! — Diz Jackie anunciando sua chegada, sua visão periférica notou a presença de seu filho que correu escadas abaixo e recebeu sua mãe com um caloroso abraço. — Epa! O que deu em você hoje? — Diz a mulher com um sorriso, não podendo abraçar de volta devido as sacolas em suas mãos.
— Que bom que você voltou! — Exclama Chris com as palavras soando ofegantes. — Deixa que eu carrego as compras para você, aqui… — Diz o garoto pegando algumas sacolas nas mãos de sua mãe, Jackie sorri com essa atitude apesar de não estar entendendo o motivo desse comportamento.
Ambos trouxeram o resto das sacolas para dentro de casa e começaram a guardar os mantimentos em seus devidos lugares, após o serviço ter saído feito Jackie retirou sua jaqueta jeans e botou apoiada na cadeira, ficando apenas de regata roxa e sentou-se.
— Ufa… — Suspirou Jackie inclinando-se um pouco para trás na cadeira — Você parecia muito aliviado ao me ver, aconteceu alguma coisa? — Ela deixa seus cabelos castanhos ondulados soltos, caindo sobre seus ombros para se sentir mais confortável.
— Mãe… — Diz Chris com certa seriedade na voz, apoiando as mãos na mesa olhando para ela, elevando um pouco os ombros. — Sobre as vezes que eu me senti observado, teve alguma hora em que eu vi o que supostamente estava me olhando? — Diz em uma voz firme vendo a expressão de sua mãe mudar de um feliz, para uma surpresa e logo desviar o olhar e coçar a nuca.
— É meio complicado falar sobre isso. — Diz ela soltando o ar por entre seus lábios finos e vermelhos. — É que… Depois do que houve com o Thomas, você nunca mais "foi o mesmo", tanto que os professores da escola quiseram conversar comigo para saber o que aconteceu com você, já que você era o aluno que mais chamava a atenção e de repente você parou com a frequência das brincadeiras até não fazê-las mais. — Diz Jackie voltando seu olhar novamente para o seu filho, cruzando os braços e as pernas. — Você dizia que estava sendo observado, mas nunca nos disse o que estava te olhando, pois você não conseguia ver onde ele estava escondido e até tentava nos convencer a procurar a fonte do problema… Até que um dia, você decidiu procurar sozinho no meio da floresta sem autorização minha, eu e seu pai ficamos desesperados e quando te encontramos você saiu correndo do meio do mato chorando muito… Dizia que tentáculos negros iriam te pegar, mas a gente te tranquilizou, mas por que você quer saber disso?
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Detachment
FanfictionDepois dos eventos de Clockwork, Chris tenta prosseguir com sua vida novamente em outro lugar, longe da cidade por onde morou por muito tempo, tentando se desprender do que houve anteriormente... Escapar dos traumas que tudo aquilo lhe causou, mas o...