Voltando para a cidade

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Os tons alaranjados claros do crepúsculo lentamente desaparecem junto com o sol, dando lugar ao luar e o céu negro com nuvens negras se aglomerando em torno do satélite, ocultando seu brilho. Todo esse tempo Romy dirigiu sem nenhum descanso, ele não parou para beber água ou sequer comer, na verdade ele não estava sentindo fome ou sede, o que era estranho visto que ele tinha desaparecido por uma semana, se ele estivesse consciente todo esse tempo por que ele não morreu de desnutrição? Isso era outra questão a se pensar, no entanto o detetive estava preocupado com a chegada da não tinha encontrado nenhuma pousada e nem um posto de gasolina, mas para a sua sorte o carro ainda tinha muito de sobra para a viagem, se ficasse muito tarde ele teria que dormir dentro do carro para descansar.

Mais algumas horas se passaram e nada aconteceu durante o caminho todo, o carro iluminava a estrada escura com seus faróis, era a única fonte de iluminação visto que a lua foi coberta pelas nuvens negras, já estava para dar meia-noite e o detetive suspirou cansado, realmente não queria ter que dormir dentro do carro, mas as suas pálpebras mal se aguentavam abertas então decidiu parar no acostamento próximo do matagal denso em meio à escuridão da noite. Romy acendeu a luz interna do carro e pegou o celular, queria testar se havia sinal naquela área, mas como era de se esperar não tinha, então não adiantava procurar por ajuda o que fez Romy bater o punho no volante como forma de aliviar o estresse. Ele resmunga e se encosta no banco, não acreditava que teria que fazer isso, a situação era estressante por si só apesar de tentar manter a calma, mas botou em mente que amanhã já estaria de volta para a cidade e iria encontrar Lauren e então esse pesadelo momentâneo iria ter um fim, após se tranquilizar com esse pensamento ele sai do carro, iluminando o caminho com a lanterna do celular e vai até o porta-malas o abrindo com a chave do veículo, era exatamente ali que o homem iria dormir, havia espaço o suficiente para caber uma pessoa, ele poderia se deitar um pouco encolhido dado o grande espaço que havia a seu dispor, pode não ser o lugar mais confortável do mundo para se passar uma noite, mas era o que tinha no momento.

Romy se enfia lá dentro e fecha o porta-malas, o mesmo fica encolhido tentando ficar o mais confortável possível, tentou não pensar muito o que estava imaginando durante todo o percurso se não ele não conseguiria dormir, então somente fechou os olhos e espera o sono chegar o que eventualmente acontece depois de vários minutos. No entanto o sono do detetive fora interrompido por um barulho vindo de fora, o som de passos no asfalto e nas folhas, ele sentiu um arrepio na espinha quando ouviu, até considerou que poderia ser algum animal andando pela estrada, já que em áreas como essa era comum algum animal ficar no meio da pista, o que era estranho é que estava muito tarde para ter qualquer coisa no meio da estrada e outra que ele não escutava barulho nenhum, a não ser dos passos do que quer que estivesse lá fora. Mesmo considerando a inconsistência da linha de pensamento de que era só um animal, ele decidiu deixar passar e fechou os olhos novamente tentando ignorar o barulho, não adiantava olhar pelo vidro, por que não tinha uma fonte de luz lá fora que o fizesse enxergar alguma coisa a não ser que usasse a lanterna celular, a lua ainda estava desaparecida em meio as nuvens negras.

Quando o sono estava para chegar novamente, ele abre os olhos só que arregalados ao escutar o som desagradável de algo arranhando o porta-malas do carro, parece que tinha realmente alguém lá fora e que sabia que ele estava lá dentro dormindo, de fato poderia ser uma pessoa e infelizmente o pensamento inconsciente de Romy se concretizou, os ruídos começaram a ficar mais frenéticos e o detetive prendeu a própria respiração para que não pudesse ser ouvido, porém, um incômodo se formou em seu estômago e garganta, achou que devia ser os efeitos do medo e ansiedade, mas a realização veio junto de uma tosse seca e baixa que na mesma hora que saiu de sua boca esta foi tampada com as duas mãos, e para piorar, a vontade quase incontrolável de tossir aumentava cada vez mais, só que ele sentia que se fizesse algum tipo de ruído muito alto seria a sua ruína. Ele não conseguia se mexer, ele estava completamente desarmado para enfrentar o que estivesse ali fora, estava sem uma fonte de luz, somente deitado completamente indefeso e a mercê da escuridão e do ser lá fora. O suor frio escorria de sua testa até que percebeu que os ruídos pararam, o silêncio reinou e logo foi quebrado pelas tosses secas e engasgadas de Romy, sentia que no meio de sua crise de tosse sentiu algo quente escorrendo de sua boca e que foi passada por entre seus dedos na tentativa de abafar a tosse com as mãos. Ele tossiu muito, seus pulmões e estômago chegavam a doer com essa intensidade, eventualmente o detetive não aguentou e desmaiou no mesmo lugar em que dormia.

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