Dias haviam se passado, Jackie e Josh marcaram consulta para Chris na qual seria naquele dia, então a família já estava dirigindo em direção à clínica, estava um silêncio no carro com exceção do rádio que estava ligado, parece que estavam entrando no clima quieto e sombrio da cidade nova em que moravam, como se ela tivesse um controle sob o humor das pessoas. O garoto estava pensando mais do que o normal nos últimos dias, mais do que gostaria de pensar, ao menos ele já sabia o que iria falar para a sua nova psiquiatra.
Demorou alguns minutos, mas eles finalmente chegaram na clínica e estacionaram o carro em um estacionamento próximo. Os três saíram do carro fechando a porta, Jackie estava com os papéis e documentação de seu filho em mãos, a mulher e o garoto seguiram Josh para dentro do hospital e foram para a recepção para apresentar os papéis. A recepcionista informou o número do consultório e que era para esperar a vez de Chris ser chamada, então eles foram encaminhados até a sala de espera e se sentaram.
O garoto percebeu que a sala não estava muito cheia, tinha pouca gente então não iria demorar tanto para ele ser chamado, ele suspirou fundo o ar frio do local pelo nariz e soltou pela boca, estando mais uma vez na presença daquele cheiro específico de clínicas e hospitais, mas tentou não dar muita atenção para isso e seu olhar se voltou para as pessoas que iriam ser chamadas. Todas tinham um estilo estranho, mulheres e jovens da mesma idade de Chris trajavam vestidos longos com enchimentos nos ombros e saias longas, enquanto garotos usavam ternos ou roupas mais sociais. Mais uma vez esse padrão se repetia toda vez que ele avistava um morador dessa cidade, tendo algumas poucas pessoas que variavam.
— Por que o pessoal daqui se veste esquisito? — Se pergunta mentalmente o garoto, enquanto se encostava em seu assento e encarava o teto branco e luminoso da sala de espera, seus olhos lentamente se fecharam para tentar cochilar, como se fosse uma forma de esperar a sua vez.
Após um tempo tentando cochilar na cadeira ele podia escutar Josh e Jackeline conversando, provavelmente ao verem que Chris fechou os olhos pensaram que o mesmo deve ter dormido, então começaram a falar como se o garoto não estivesse ouvindo, mas estava e o assunto da conversa chamou a atenção dele, então permaneceu de olhos fechados para escutar e fingindo dormir, era a segunda vez que ele escutava uma conversa de seus pais sem eles perceberem.
— Você acha que isso é o melhor para ele? — Diz a voz grossa de Josh.
— É a única alternativa que temos para tratar do psicológico dele, você sabe… — Diz Jackeline suspirando um pouco, poderia achar a cidade bonita, mas a energia que aquele lugar emanava drena completamente a mulher.
— Eu sei disso, mas… O último psiquiatra não fez nada a não ser falar com ele por alguns minutos e passar remédio que é a mesma coisa que nada. — Diz Josh meio indignado como os serviços das clínicas psiquiátricas funcionavam, e se lembrando de como o Chris falou que não sentia nada a não ser sono depois que tomava o remédio. — Gastamos muito dinheiro em um psiquiatra incompetente e um remédio caro para caramba, eu não quero que isso aconteça de novo… Eu quero o Chris bem. — Completa Josh com uma voz preocupada.
— Eu sei, meu amor… O nosso filho é forte, ele está aguentando e lidando com a situação muito bem até agora, ele devia se sentir orgulhoso por estar onde está por mais que o caminho inteiro fosse doloroso. — Diz Jackeline com uma voz afável, ela era muito boa em consolar os outros e sempre falava desse modo quando se referia ao seu filho.
— Obrigado… Eu só estou preocupado com o Chris, mas eu nem quero imaginar como está a cabeça dele nesse momento. — Diz Josh um pouco mais calmo que antes, apesar da preocupação em sua voz ainda ser nítida.
Durante a conversa toda Chris cobriu seus dentes com os lábios e fechou a boca com força, como se estivesse fazendo força para não derramar uma lágrima ali mesmo, ele sempre quis falar em relação à psiquiatria… Mas ele nunca pôde, ele se contentava com o silêncio como se alguma força invisível o impedisse, ele sentia vontade de gritar, mas não conseguia e só se contentava com o silêncio que ele mesmo não conseguia quebrar. Ele se sentia cansado, mas só esse adjetivo não é o suficiente para descrever o tamanho do peso em seu cérebro, queria procurar no dicionário as várias palavras que poderiam se encaixar em sua situação atual, queria escrever ela repetidas vezes, queria mostrar para alguém, desenhar o que fosse para se expressar, enquanto a voz estridente e incômoda de seu subconsciente gritava a palavra "paranóia", "ansiedade" e "pânico" repetidas vezes. Ele apertou os dedos contra as próprias mangas de sua blusa longa até que…
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Detachment
FanfictionDepois dos eventos de Clockwork, Chris tenta prosseguir com sua vida novamente em outro lugar, longe da cidade por onde morou por muito tempo, tentando se desprender do que houve anteriormente... Escapar dos traumas que tudo aquilo lhe causou, mas o...