A cabana

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Romy andou pela plantação durante cinco minutos e não havia encontrado nenhuma estrada, geralmente lugares assim ficam perto de rodovias ou estradas, mas até aquele momento não foi encontrado nada, Romy checou várias vezes se a pistola estava em seu coldre e realmente não a tinha mais, o que era bem ruim, de qualquer forma não adiantava chamar por ajuda já que ele estava sem sinal algum, eventualmente esses pensamentos eram a menor de suas preocupações, o que realmente estava o deixando assustado era aquelas mensagens de voz da Lauren, ela estava em perigo? O que eram aquelas distorções? E o mais curioso, o que ela queria dizer com o "Você não é o Romy"? Aquelas questões estavam martelando em sua cabeça conforme ia andando mais pela plantação, sentindo a sensação de perigo se intensificar, mas ele tinha que permanecer calmo diante daquela situação, por mais difícil que fosse, a sorte é que ele era experiente e sabia bem como lidar com suas emoções e medos. Por mais que o lugar que estivesse fosse bonito, de ares puros e relaxante, ainda dava uma sensação de desconforto e isso o fazia acelerar o passo ainda mais, seus pensamentos foram levados junto com o vento assim que olhou para o horizonte, avistando o que parecia ser uma cabana no meio do nada.

Chegando na frente da construção em passos apressados ele presenciou algo que fez sua espinha gelar, nem de longe foi a coisa mais estranha que já vira em toda sua carreira, mas a natureza sombria e estranha daquilo deixava um nó em seu estômago. As paredes da entrada estavam decoradas com inúmeros panfletos de crianças desaparecidas coladas, que datavam dos anos oitenta, noventa e começo dos anos dois mil, alguns daqueles panfletos o detetive já conhecia e já investigou um desses casos, porém sem sucesso, algumas delas nunca foram encontradas, mas o que tinha de diferente naqueles panfletos é que exatamente todos eles foram rabiscados com aquele maldito símbolo que ele já viu antes, todas marcando o rosto das crianças que ele conhecia e já procurou e as que não reconhecia, no entanto esses não eram os únicos papéis que tinham ali, em frente à entrada principal da cabana tinha quatro pedaços de madeira enfincados no chão e em cada uma delas havia um panfleto colado, e essas crianças em específico Romy sabia muito bem quem eram elas. Ele se lembrou que os rostos daqueles jovens eram os mesmos que desapareceram no incêndio do orfanato, os corpos deles nunca foram encontrados e foram dados como desaparecidos, só que esses "panfletos" não eram de desaparecidos, era só a foto das crianças, o detetive acha isso muito estranho e arranca os papéis dos pedaços de madeira com cuidado para não rasgar, as dobrando e guardando em seu bolso, logo em seguida ele tira uma foto da parte da frente da cabana já que ainda tinha bateria em seu celular.

— Olá! Tem alguém? — Grita Romy batendo na porta para checar se a cabana habitava alguém, apesar dela ter um aspecto abandonado e decadente não custava tentar.

A porta se abriu após ter tentado a maçaneta, o máximo que ele esperava é que ela estivesse trancada ou emperrada, mas para sua surpresa ela estava aberta, adentrando o local viu que não tinha nada de especial, somente poeira, mofo, teia de aranha nos cantos e pisos de madeira solto. O detetive começou a andar pela casa iluminando com a lanterna de seu celular, não havia nenhum móvel em cômodo algum que ele pudesse chegar ou investigar, então acabado o primeiro andar ele subiu as escadas para continuar sua investigação, mas sem antes pegar um pedaço de madeira solto do chão para usar como arma caso houvesse algo ali, chegando no andar superior ele vasculhou os quartos que assim como no andar inferior não havia nada que pudesse ser checado com exceção de um quarto onde tinha um berço de madeira cheio de cupins que ficava no centro do quarto, fora isso não havia nada então sobrou um último quarto que parecia ser um antigo escritório julgando pelo tamanho, havia uma única mesa onde tinha um jornal antigo e uma nota, o jornal parecia mais antigo e a outra parecia ter sido posta ali recentemente, Romy começou lendo o jornal, no entanto não ousou tocar nele por receio de que ela fosse desmanchar em sua mão, visto que aquilo parecia mais antigo do que aparentava, então ele aproximou a lanterna e o rosto da folha para ler ela. Nas colunas estava falando sobre a família que habitava essa mesma cabana como estava mostrando nas imagens, a identidade da família em questão não estava sendo revelada, no entanto poderia haver mais nas próximas folhas, porém o detetive não poderia simplesmente tocar naquilo, então tirou foto do que estava escrito já que poderia ser importante, o tema do jornal estava falando sobre o desaparecimento dos três filhos da família que até onde falava era dois garotos e uma garota.

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