"Eu sou uma pessoa ruim?"

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Em uma manhã de segunda, mais ou menos às cinco horas da manhã, Chris acorda com um sobressalto, havia tido mais um pesadelo, ele passou a mão pelo rosto e esfregou os olhos para tirar a remela e o cansaço que pesava sobre suas pálpebras, o garoto já percebeu que havia uma coisa diferente ao acordar, ele não despertou em pânico como era de se esperar acontecer que nem nos dias anteriores, só tomou um leve susto e já havia esquecido com o que tinha sonhado, mesmo que fosse comum alguém esquecer o que tinha sonhado no dia anterior esse não era o caso de Chris, muitas das vezes os pesadelos que ele tinha ficavam por sua mente durante dias, ou até semanas, dependendo do quão bizarro era a natureza do sonho, talvez esse fator se dá ao fato dos psicólogos antigos do garoto terem o aconselhado a anotar seus sonhos ou a gravar ele os descrevendo, então de alguma forma ele possa ter aperfeiçoado sua memória para que pudesse se lembrar deles, tanto que até os raros sonhos "normais" ele se lembrava por um tempo, no entanto, o que acabara de sonhar ele esqueceu muito rápido, mas sentia que tinha deixado alguma coisa importante passar, talvez fosse só um daqueles sonhos raros sem sentido, vulgo os "normais".

O garoto se pôs sentado em sua própria cama e se levantou logo em seguida, se alongando e indo até a janela, afastando as cortinas para observar um pouco o lado de fora iluminado com a claridade morna da aurora que estava para chegar, o mesmo decidiu deixá-la fechada e foi para o banheiro fazer suas higienes matinais, descendo as escadas ele bebeu alguns copos de água e começou a fazer seu café da manhã; consistindo em torradas com o suco do dia anterior deixado na geladeira; ele fazia o mínimo de barulho possível para não acordar seus pais que estavam dormindo no andar de cima, então começou a comer em silêncio, depois lavou o que sujou para ao menos ajudar sua mãe com as tarefas de casa; dirigiu-se até o sofá e ligou a televisão para passar o tempo, mas ficou trocando os canais repetidas vezes, visto que não estava passando nada de interessante naquele horário, como os jornais das emissoras de TV, ou alguns desenhos e animes que Chris gostava de assistir de vez em quando.

Após passar muito tempo mudando os canais, ele acaba se deparando com um fora do ar, tendo estática emitindo seu ruído característico incômodo, na qual Chris teve de deixar o áudio da televisão mudo para não o incomodar ou acordar seus pais; ao invés de continuar passando os canais ele para por ali mesmo e fica encarando a estática fixamente, ele não sabia o motivo, mas sentia uma sensação hipnotizante ao olhar para a tela chovendo por muito tempo, somente permaneceu sentado na mesma posição por bastante tempo sem nem sequer desviar o olhar ou piscar com frequência. Ele passou bastante tempo encarando a tela até que sentiu uma mão tocar em seu ombro, ao olhar para o lado viu que sua mãe já estava acordada e tinha um olhar leve de preocupação no rosto.

— Filho, você está bem? — Pergunta Jackie, com um tom de voz baixo e calmo como era de costume, ela aproveita para mudar o canal para um noticiário aleatório para tirar a atenção de seu filho.

— Oh! Mãe, a senhora já está acordada? — Responde Chris, acordando de seu transe surpreso por ver sua mãe acordada, ele notou que a mesma já havia despertado a pouco tempo julgando pelos cabelos bagunçados e a aparência jovem abatida e amassada pelo sono.

— Estou sim, já são seis da manhã, a quanto tempo esteve acordado? — Diz Jackie, sorrindo com seu jeito descontraído, apesar do sono e o cansaço. — Você quase me matou de susto, seu danadinho, eu desço as escadas e a primeira coisa que eu vejo é você encarando a televisão em um canal fora do ar. — Complementa Jackie, enquanto ia para a cozinha.

— Desculpa pelo susto. — Diz Chris descontraído, mas logo fica surpreso, já era seis da manhã então isso quer dizer que ele ficou uma hora olhando para a estática da televisão, mas para ele aquilo foi questão de segundos. — Ah, não precisa fazer meu café da manhã, eu já comi, também lavei o que sujei. — Ele se levanta do sofá e vai até a cozinha para continuar a conversar com sua mãe.

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