Chris andou por um bom tempo pelas ruas, nem sabia se ele distanciou muito de casa ou não, estava muito fundo em seus pensamentos, não sabia qual foi a última vez que tirou um tempo para si mesmo e parece que esse era o momento certo, desde que tudo aconteceu realmente estava precisando de um momento para si mesmo e refletir sobre os acontecimentos passados, ele não poderia ficar fugindo do trauma para sempre e depois disso ele só iria enterrar esses pensamentos de uma vez e seguir em frente… Como se fosse fácil.
Após passar por umas ruas com um ar pitoresco e gótico, que com certeza chamaram um pouco a atenção do garoto o tirando momentaneamente de seus pensamentos, ele se encontrou na entrada de um parque, onde tinha um caminho de concreto levando para dentro da mata. Não pensou muito e caminhou pelo chão de concreto adentrando a mata, passou alguns poucos minutos andando pelo caminho monótono antes de sair dele e ir para entre as árvores onde o bosque mais fechado se encontrava. Caminhou pisando em galhos e folhas secas enquanto escutava um som sutil de água correndo, o mesmo seguiu este som que ficava perto de uma descida íngreme para ainda mais fundo na floresta, perto do local ele viu um pequeno córrego deslizando pelas pedras e a terra no caminho íngreme até lá embaixo.
O som calmante da água, junto do vento movimentando as folhas das árvores e a luz morna do sol nascente passando pelas folhas causava uma sensação de paz em Chris, ele se sentiu tão relaxado que começou a procurar um lugar para se sentar, visto que não queria sujar suas roupas com terra, até que viu uma raiz grossa de uma árvore próxima saltando para fora da terra, era o lugar perfeito para descansar. Caminhou até ela e se sentou observando a água correr, o som baixo dos insetos e as folhas se moverem. Ele inspira uma grande quantidade de ar por suas narinas, enchendo seus pulmões, e solta tudo pela boca.
— Foi difícil arranjar um lugar para ficar sozinho. — Diz Chris para si mesmo apoiando seus braços nos joelhos. — Mas parece que eu finalmente encontrei outro, isso é um bom sinal, eu acho.
Ele pega um graveto que estava no chão e começa a deslizar a ponta pela terra. Se lembra que quando pequeno costumava fazer isso na areia do parquinho antes de jogar areia nas outras crianças, toda vez que ele se lembra disso não pode resistir em sorrir se lembrando de quando era uma criança arteira, não sabe como ele foi de um jovem alegre para um adolescente inseguro, egoísta, excluído e que queria fazer parte de qualquer grupo para se sentir incluso, o que infelizmente no fim acarreta em consequências graves não só para a vida de outras pessoas, mas para seu próprio bem estar psicológico… É incrível o que o tempo faz com as pessoas.
— Eu sou um idiota e posso falar com segurança isso, pois é a verdade, mesmo mamãe falando que não é bem assim, no fundo eu sei que sou. — Diz Chris para si mesmo, talvez seria mais aconselhável desabafar com alguém pessoalmente, mas não tinha amigos no momento e seus pais tinham coisas mais importantes para se preocupar. — Não me orgulho de mim mesmo, as vezes eu acho que aquele desconhecido não devia ter perdido o tempo dele salvando minha vida.
Enquanto falava ele acaba quebrando o graveto depois de ter deslizado ele pela terra com força, então joga a metade no córrego deixando a água a levar.
— Eu ainda lembro de como eu conheci ela… Mia havia me apresentado ela, nós saímos juntos nos fins de semana por alguns meses até que eu decidi abrir meu coração para ela e… Eu… Eu fiz aquilo. — Ele aperta a própria cabeça com força, sentindo seu cérebro pesado e os olhos ardendo clamando para que ele derramasse logo as lágrimas que estava segurando desde que chegou. — Eu sou tão patético, no que eu estava pensando? Me juntar àquele monstro, fazer coisas que eu nem me lembro…
Os olhos dele já cederam às lágrimas e ele começou a soluçar conforme elas desciam por suas bochechas em silêncio, não teve nem coragem de enxugar elas já que não importava o quanto enxugasse suas lágrimas, mais e mais eram derramadas e a dor nunca passava. Já não se importava se iria se sujar ou não, ele inclina o seu corpo para frente saindo de sua postura sentada e caindo no chão deitado. Agora os seus soluços baixos podem ser ouvidos, mas não tinha ninguém para ouvir… Estava tão exausto, não queria nem levantar o que era absurdo visto que estava no meio de uma floresta, em um bairro ainda desconhecido para ele. Podia estar chorando, mas estava em silêncio com um semblante inexpressivo.
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Detachment
FanfictionDepois dos eventos de Clockwork, Chris tenta prosseguir com sua vida novamente em outro lugar, longe da cidade por onde morou por muito tempo, tentando se desprender do que houve anteriormente... Escapar dos traumas que tudo aquilo lhe causou, mas o...