Chris sentia seu corpo flutuando em uma superfície molhada, como se estivesse boiando em alto mar, estava com medo de abrir seus olhos; como tudo aquilo foi acontecer tão rápido? É muita informação, primeiro tem uma criatura que só foi ter conhecimento alguns minutos – Ou seriam horas atrás? – Então Vector tenta o matar logo depois de ter descoberto que Travis também está passando por algum problema, então ele foi perseguido por aquela coisa até que se encontrava em um lugar na qual se recusava a olhar… já não sabia a quanto tempo estava ali, depois que o homem esguio estava o perseguindo lembra de ter desmaiado por causa da dor de cabeça, junto da sensação de náuseas e de seu corpo estar mergulhando e depois lentamente sendo puxado para cima, lentamente emergindo.
Não tinha certeza se abria os olhos ou não, por mais que estivesse com medo de fazer isso sentia-se relaxado de estar boiando na superfície líquida desconhecida, isso fez com que conseguisse reunir coragem o suficiente para finalmente abri-los. A primeira coisa que viu foi um céu branco, completamente branco, não eram nuvens cobrindo o azul do céu, era a cor dele em si… Lentamente virou sua cabeça e viu árvores, floresta, ele estava em uma floresta, o que deixava aliviado de certa forma por não estar em alto mar, mas em um lago. Saiu da posição original de boiar e mergulhou completamente a parte inferior de seu corpo, por sorte Chris sabia nadar então não iria se afogar, ele avistou sua mochila com seus pertences em terra firme na beira do lago, mas antes de nadar até lá percebeu uma coisa estranha referente às propriedades daquela água em que seu corpo estava submerso. A sensação de seu corpo mergulhado nela era estranha, quando estava boiando não tinha noção completa da sensação da água, com seu corpo submerso ele sentiu que água estava meio… Lamacenta, a textura era meio grudenta, Chris tirou a mão da água e ficou encarando seus dedos, abrindo e os fechando vendo fios grudentos quando os abria, aquilo era nojento; Não só a propriedade da água era estranha, mas a cor… A água era completamente negra e grudenta, aquilo só fez Chris se apressar nadando até a margem do lago; ficando de pé em terra firme ele chacoalha seu corpo tentando tirar aquela gosma de si, ele pega a câmera de sua mochila e a liga, impressionantemente ela não tinha nenhum defeito, nem de imagem e nem na própria câmera, estava intacta.
Chris então podia ver com mais clareza seus arredores, onde ele olhava ele apontava a câmera também, só com isso ele já tinha completa certeza que ele não estava no “mundo real” e sim mais um daqueles sonhos malucos. Ele não enxergava cores, era tudo monocromático, o céu era branco e a água era escura, assim como as árvores, vegetação e a própria terra; as árvores eram anormalmente grandes e retorcidas de um jeito não natural, dando uma paisagem surrealista ao ambiente. Por mais que tivesse consciência de que estava em um sonho, Chris sentia algo diferente, um sentimento de que seu corpo estava estranho e sua percepção de realidade e sonho tivessem sido alteradas, como se aquilo tudo não fosse realmente um sonho e sim… “Parcialmente real”. Já passou por tantos pesadelos perturbadores que já sabia identificar se estava sonhando ou não, o que quer dizer, de certa forma, que com o tempo ele virou um “sonhador lúcido”, mas pelos recentes acontecimentos que fizeram questionar sua própria sanidade, ainda se perguntava o que era real ou o que não era, e isso era preocupante. Voltando seu foco para o corpo, sentia protuberâncias em seu torso e na região da boca, coisas que nunca havia sentido, é como se seu corpo tivesse… Mudado?
Ainda com os olhos no visor de sua própria câmera, olhou seu próprio reflexo na água escura que refletia de forma incompreensível à luz do céu branco e deu de cara com uma visão perturbadora. Sua boca não existia mais e no lugar onde era para ela estar tinha uma camada de metal, alguns cilindros saíam de sua bochecha, como respirador de uma máscara de gás, na sua jugular tinha uma cavidade circular preenchida com um círculo metálico com uns furos, como se o ar passasse por ali e saísse pelos cilindros de sua bochecha que eram conectadas completamente a sua mandíbula que agora era metálica; dentro de seu sobretudo podia sentir um emaranhado de tubos que se conectam a alguns orifícios de seu próprio corpo, o que era mais esquisito é que parecia que esses mesmos tubos faziam parte de seu corpo, e alguns saíam brevemente de sua gola e de suas mangas. Ao se deparar com essa visão do inferno, Chris se desesperou, tentou gritar, mas tudo o que saía era um som abafado, tentou até mesmo arrancar sua própria mandíbula, mas sem sucesso; no entanto, o desespero durou muito pouco e o garoto estranhamente parece ter aceitado rápido aquilo, como se de alguma forma aquilo tivesse se tornado normal, sua respiração que era auxiliado por objetos estranhos em seu corpo agora parecia normal para si, era como respirar normalmente assim como qualquer outra pessoa.
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Detachment
FanfictionDepois dos eventos de Clockwork, Chris tenta prosseguir com sua vida novamente em outro lugar, longe da cidade por onde morou por muito tempo, tentando se desprender do que houve anteriormente... Escapar dos traumas que tudo aquilo lhe causou, mas o...