Era só mais uma manhã escura em Gotham, em um pequeno apartamento que ficava na divisa entre o lado mais pobre e do lado mais rico da cidade, uma mulher de cabelos escuros e compridos, olhos azuis e pele extremamente pálida se arrumava apressadamente, colocando a calça de tecido preta larga o suficiente nas barras para fluir com qualquer movimento, uma blusa verde, saltos quadrados e uma mochila cheia de matérias, depois de colocar os fones com a música o mais alto possível pegou os livros e as chaves de cima da mesa e correu para a escola mais prestigiada de Gotham. Ser professora da Gotham Academy daria uma renda suficientemente boa para morar em um lugar melhor, mas não servia de nada chamar atenção, era melhor permanecer anônima naquela cidade esquecida por Deus. Longas oito quadras de caminhada depois a mulher chegou ao seu novo local de trabalho, apresentando o crachá que recebeu quando assinou o contrato e entrando logo em seguida, dando uma olhada nos horários tentando achar a sala a qual havia sido designada só para esbarrar em um aluno quase do seu tamanho e conseguir a proeza de cair e derrubar todos os livros que estavam em sua mão.
- Deveria prestar mais atenção.
- Perdão, estava distraída.
A moça pegou os livros e os organizou, notou que o garoto ainda estava ali parado a encarando, levantou e desligou a música, encarando o garoto de olhos azuis de volta.
- Posso ajudá-lo?
O garoto nada respondeu e saiu.
A moça suspirou e enfim encontrou a sala, bem a tempo do sinal bater, colocou os livros na mesa e encarou os jovens que a olharam com desconfiança, analisando o ambiente notou o garoto de antes a olhando como se fosse um inseto, abriu o maior sorriso que conseguiu e se apoiou na mesa esperando todos se organizarem.
- Bom dia alunos, me chamo Jacqueline Brooks e serei a nova professora de Artes de vocês, também serei a mais nova responsável pelo clube de Artes Cênicas da escola, espero que possamos nos dar bem.
Jacqueline povs
Ser professora de jovens excitáveis não era exatamente o que eu estava pensando quando fiz doutorado em Artes, mas nada que não se possa resolver, moldar uma nova geração era importante, então por que não?
Assim que se apresentou pegou novamente suas coisas e pediu para os alunos a seguirem.
- Alguém me mostre onde fica o clube de Artes Cênicas por favor.
Uma das alunas guiou toda a turma para a sala que acomodava perfeitamente todos os alunos, organizei todas as pestinhas em cavaletes e mandei que arrumassem sua área de trabalho, peguei uma pequena caixinha de música e coloquei Take me to church para tocar.
- Quero que escutem a música, quantas vezes forem preciso, sintam, entendam, destrinchem a música, e façam uma releitura em pintura dela pra mim, pode ser um desenho do trecho da música, ou o que ela faz você sentir, o que a letra significou para você, vai de vocês e depois apresentem o trabalho para a turma, obviamente não será feito tudo hoje, é o nosso primeiro projeto juntos.
A aula toda foi tocada a mesma música repetidas vezes os alunos trabalhavam em seus quadros, o garoto que eu havia esbarrado parecia muito concentrado no que fazia, quase como se estivesse com raiva e estivesse transferindo o sentimento para o papel, seria interessante, quando o sinal bateu, mandei todos cobrirem suas pinturas e colocarem em um canto para a próxima aula, fazendo a chamada descobri que o garoto era Damian Wayne, filho do famoso mulherengo Bruce Wayne, deixei o fato pra lá afinal havia muito filhos de ricos naquele lugar. Passei o mesmo trabalho com músicas diferentes para outras turmas, quando menos esperei as aulas já haviam acabado e todos os alunos já estavam indo embora. Limpei e organizei a sala do club, usei o espaço por ser maior porém notei que dava para fazer tranquilamente na sala de aula se afastássemos todas as cadeiras então sozinha transferi todos os quadros para a outra sala os separando por turma, tomando todo o cuidado para não estragar nenhum trabalho.
Quando notei a noite já havia chegado e pouco funcionários permaneciam na escola, arrumei minhas coisas coloquei os livros no meu novo armário de funcionária, coloquei meus fones e sai, passei em uma lanchonete e assim que terminei de comer já era tarde e como se tratava de Gotham a maioria das pessoas já estavam em suas casas, a não ser que precisassem muito sair ninguém ficava nas ruas depois das nove, com palhaços assassinos, gangsters malucos e pessoas vestidas de toda fauna possível era melhor ter cuidado, suspirei e me dirigi para as ruas parcialmente vazias.
Sabe andar sozinha à noite pelas ruas de Gotham já não é uma atividade recomendada, agora andar sozinha, com fones de ouvido e dançando pelas ruas não era o melhor modo de passar despercebida por idiotas, mas a música era a única maneira de acalmar as vozes então eu não tinha exatamente nada a perder, a não ser a porra da minha bolsa e claro a minha vida, mas quem liga, eu não.
Eu realmente não passei despercebida, um idiota passou correndo por mim e puxou minha bolsa, mas eu a segurava tão firmemente que acabou me arrastando um pouco e desequilibrando nós dois nos fazendo cair, não tinha ninguém na rua, ou seja ninguém para pedir ajuda, não que fosse adiantar algo. O idiota levandou primeiro que eu e tentou puxar a bolsa.
- Solta vadia.
- Vadia? Com quem porra você pensa que ta falando?
Antes que ele pudesse reagir soltei uma das mãos da mochila e acertei um soco com toda a força que pude reunir no saco dele o fazendo soltar a bolsa e se encolher, levantei apressada pegando a bolsa que estava consideravelmente pesada e comecei a bater no ladrão com ela.
- Eu trabalho a merda do meu dia inteiro pra vir um idiota e tentar me roubar, hoje não seu puto.
Ele conseguiu desviar do meu próximo golpe e sacou uma arma, mas ele ainda sentia o efeito do meu soco e mal a segurava direito, ele atirou e quase me acertou o que me deixou ainda mais puta, acertei a bolsa na mão dele o fazendo derrubar a arma e chutei seu estômago o fazendo cair, peguei rapidamente a arma e apontei pra ele.
- Não se mexe ou estouro a sua cabeça.
- Acho que já é o suficiente.
Me virei rapidamente na direção da voz que estava atrás de mim e quase atirei se a pessoa não estivesse segurando meu pulso com força. Arregalei meus olhos quando me deparei com um peito musculoso envolto em um kevlar preto com simbolo de morcego, olhei para cima e abri levemente a boca. O fuking Batman estava na minha frente e parecia irritado.
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A Arte Beira a Insanidade
FanfictionSer a mais nova professora da Gotham Academy com certeza poderia proporcionar novas experiências para Jacqueline Brooks, inclusive conhecer o Batman e seus muitos Robins. (Também postada no spirit)