Família encontrada

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Tim se separou de mim e ficou em minha linha de visão. Ele parecia triste, claramente não pelo meu irmão, mas por mim e pelo que eu devia estar sentindo, naquele momento eu vi em seus olhos, vi um menino doce e machucado, em busca de amor e carinho, ali eu percebi que o amava como se fosse meu, com isso uma leve dor de cabeça me acometeu, uma onda avassaladora de memórias veio a mim, todas me mostrando o quanto eu realmente amava aquele menino, meu Tim Tim.

- Eu sinto muito Jacqueline.

Coloquei a mão em seu rosto e dei um sorriso choroso.

- Não sinta, esse não era mais o meu irmão.

- Precisa sair daqui antes que a polícia chegue.

- Acho que seu pai não vai gostar disso Tim Tim.

- Não me importo eu não vou deixar te levarem para a cadeia.

- Meu menino é tão doce.

- V-você me chamou de Tim Tim, i-isso quer dizer...

- Sim querido eu me lembrei de você.

Tim ignorou totalmente o copo entre nós e se jogou em mim me abraçando com força, e eu o abracei de volta.

- Senti sua falta mãe.

- Tamém senti sua falta querido.

Nos separamos e eu senti uma mão enluvada no meu ombro, coloquei a mão por cima da mesma e olhei para cima, Bruce estava ali me encarando com aqueles olhos esbranquiçados da máscara.

- Hora de me prender bonitão?

Tim se levantou e olhou para Bruce parecendo desesperado.

- Por favor Bruce, não a deixe ser presa, ela fez isso pra me defender, por favor.

- Ti....

- Se você prendê-la eu mesmo vou soltá-la e escondê-la onde você nunca vai nos achar.

- Timothy, leve-a para a mansão.

- O-o quê?

- Jason está no Batmóvel, ele vai levar vocês pra mansão, vão, antes que eu mude de ideia.

Tim se animou e me ajudou a levantar, minhas pernas estavam trêmulas, mas eu consegui me levantar e seguir o menino, olhei para Bruce quando passamos pelo mesmo e acenei com a cabeça agradecendo. Eu e Timothy saímos da minha velha casa e fomos para o Batmóvel. A partir daí as coisas viraram um borrão, eu sabia que não tinha desmaiado, mas sabia que eu tinha desassociado totalmente do meu corpo, não sei quanto tempo fiquei assim, mas quando voltei a mim percebi que estava em um dos quartos da mansão, parecia tarde, grudado em mim estava Tim, ele dormia e parecia tão exausto mesmo dormindo que tive receio de me mexer e acordá-lo, notei que minhas roupas estavam trocadas e eu me sentia limpa, talvez Bruce u um dos meninos tenha me dado banho, eu não me importava muito realmente, mas me sentia cansada, só que eu sabia que não conseguiria dormir e ficaria inquieta atormentando o menino exausto ao meu lado, então com o máximo de cuidado que pude eu me desvencilhei do menino e sai da cama notando que o pijama que eu estava era ou de um dos meninos mais velhos ou do próprio Bruce pois estava tão folgada que caia, com cuidado sai do que claramente era o quarto do Tim e andei pela mansão até encontrar a porta que dava para o jardim. Andei em meio as roseiras floridas, ali em uma folhinha meio enrolada eu vi uma joaninha, o inseto estava claramente dormindo pois me aproximei e ela mal se mexeu, aquele pequeno bichinho trouxe lágrimas aos meus olhos, lembranças dos passeios que eu e meu irmão fazíamos pelo parque de Gotham, até mesmos pelo jardim botânico, Jake sempre ria com o quanto eu ficava empolgada quando conseguia ver uma joaninha e fazia pedidos bobos, ele quem fez com que eu amasse arte e quisesse ser professora,ele quem me incentivou a viver mesmo quando a vida era uma merda, me agachei perto daquela roseira e coloquei ambas as mãos na boca, lágrimas descontroladas começaram a sair dos meus olhos, quando notei meu rosto estava encharcado, minhas mãos tremiam e eu mal conseguia me manter naquela posição, ouvi os passos de alguém, mas não me importei, eu só queria me afundar na dor, me sentia tão sozinha. Alguém sentou ao meu lado e me puxou para o seu colo me abraçando.

- Vai ficar tudo bem.

Reconheci a voz de bruce e me agarrei a sua camisa com força, chorei tanto e tão horrivelmente que por um momento achei que não iria conseguir parar, eu tinha matado meu irmão, minha única família, eu estava sozinha, quando consegui me acalmar mais simplesmente fiquei parada, eu estava tão cansada.

- Pode dormir um pouco, você precisa.

Parecia que as palavras do homem eram uma ordem, eu simplesmente fechei meus olhos e apaguei.

Acordei com gritos distantes chamando meu nome, abri meus olhos com preguiça, estava claramente em um quarto que não era o de Timothy nem o que eu havia ficado antes, ao meu lado senti um movimento e quando me virei arregalei os olhos, Bruce estava deitado ao meu lado e parecia me observar, os gritos continuavam se aproximando do cômodo e o homem pegou um robe e se levantou suspirando, antes que ele chegasse a porta alguém começou a bater nela freneticamente, Bruce soltou mais um suspiro cansado e abriu a porta, um Tim desesperado estava na mesma, ainda de pijama e com os cabelos completamente bagunçados me fazendo sorrir.

- ELA SUMIU, BRUCE ELA SUMIU.

- Tim....

- TEMOS QUE ENCONTRÁ-LA.

- Tim el...

- ELA PODE ESTAR EM PERIGO.

- TIM.

O menino agitado parou de gritar e arregalou os olhos.

- Ela está aqui.

Bruce se moveu para o lado desobstruindo o caminho, o menino me olhou e eu dei um tchauzinho para o mesmo. Tim soltou o ar aliviado e correu em minha direção se jogando na cama em cima de mim quase me matando, mas sorri e o abracei.

- Fiquei com medo de te perder de novo.

- Não vai querido.

- Por quê diabos o substituto estava gritando?

Jason estava na porta do quarto e parecia destruído, sorri e fiz um sinal para ele se juntar a nós na cama, fiz Tim se mover mais pro lado e a ideia era deixar Jason do lado oposto, mas o mesmo me fez abrir um pouco as pernas, deitou e me abraçou pela cintura se preparando para dormir como se eu fosse um travesseiro, logo Dick estava na porta e com empolgação se deitou ao meu lado, Damian apareceu na porta logo depois, o mesmo tinha um gato nos braços e Titus o cachorro destruidor o seguia.

- Tão infantis.

- Acabei de matar o meu irmão querido, acho que eles só querem me dar conforto.

Damian pareceu ficar envergonhado, ele suspirou igual ao pai e se aproximou, o mesmo se deitou próximo a Richard ainda com o gato em mãos me fazendo abrir ainda mais o meu sorriso. Bruce observou toda a interação e eu pude ver nitidamente um sorriso em seu rosto.

- Vou ver se o café está pronto.

Bruce saiu do quarto e eu fiquei ali, soterrada de meninos Wayne, não demorou para o mesmo voltar avisando que estava tudo pronto, foi uma pequena briga tirar os meninos da cama uma segunda vez, mas assim que todos levantaram era como se uma manada de elefantes estivesse descendo as escadas, com rapidez e discussões, olhei para Bruce que olhou pra mim ao mesmo tempo e sorrimos juntos, o mesmo me ofereceu sua mão que eu aceitei e juntos descemos as escadas. Na sala de jantar os meninos discutiam, Bruce se sentou na cabeceira da mesa e ao seu lado esquerdo havia um lugar vago, bem ao lado de Timothy, sorri e me sentei ali, o café foi agitado, na metade dele Bruce pegou minha mão por baixo da mesa e fingiu que nem estava fazendo aquilo e ali em meio aquele caos eu não me sentia mais tão vazia, eu não estava tão sozinha, ali eu tinha uma família, uma família muito estranha, mas uma familia.

A Arte Beira a InsanidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora