A Arte Beira a Insanidade

Luto

Gotham estava em festa, Coringa estava morto, o terror da cidade finalmente se foi, até mesmo o sol decidiu aparecer, como se o dia fosse mais feliz, na casa Wayne não era muito diferente, os meninos estavam se segurando por minha causa, mas dava para perceber como eles estavam aliviados pela morte do meu irmão, o peso que parecia estar sempre nos ombros de todos eles parecia bem menor, eu só me sentia entorpecida, as coisas à minha volta não pareciam reais, o mundo parecia diferente, mais colorida e menos real, mais como uma fantasia. Eu podia ver que estava preocupando os meninos, mas não conseguia despertar daquele transe, eu conseguia interagir com todos normalmente, mas o mundo parecia ter uma película 2D, ao mesmo tempo que era muito colorido era muito fictício.
Coringa seria cremado, suas cinzas seriam jogadas no que restou do pier de Gotham em uma cerimônia para toda a cidade, pelo menos era o que todos sabiam, Bruce havia conseguido que as verdadeiras cinzas fossem dadas a ele e posteriormente a mim, eu iria jogá-las em um lago no parque de Gotham, meu irmão me levava muito lá para fazermos piqueniques e fugir dos nossos pais.
Uma semana depois da morte do mesmo a cerimônia pública foi realizada, tal ato virou um festival, haviam barracas de comida, músicos e atrações, acabei decidindo levar os meninos em uma espécie de passeio em família, até mesmo Bruce acabou indo conosco.

- Quero cachorro quente.
- Eu quero um sorvete.
- Meu pé Toddy.
- Quieto demônio.
- Meninos, por favor.
- Infantis.
- Quieto substituto.
- Não fale assim do seu irmão Jay.

A parte de trás do carro estava extremamente caótica, Bruce havia pego um dos seus maiores carros para aquele passeio, um que se adequa aos quatro filhos, o mesmo dirigia e ignorava totalmente o caos que acontecia nos bancos traseiros enquanto eu mesma tentava fazer com que eles se controlassem.

- Acha mesmo que é uma boa ideia fazer isso? Estão comemorando a morte do seu irmão.
- Me sinto desassociada do meu corpo, o mundo não parece real, mas quem sabe isso me ajude um pouco. Só preciso voltar a viver, e meu irmão teria achado engraçado.
- Ele achava muito engraçado muita coisa estranha.

Chegamos ao local onde muitas pessoas estavam, o local parecia muito animado e todos estavam muito felizes, eu entendia e estava feliz que o Coringa morreu, ele não era o meu irmão, mas eu senti falta do Jack, meu bobo da corte, o homem que me criou e me protegeu, eu não tinha nada contra aquela comemoração, na verdade seria divertido, eu só queria que não tivesse que ser desse jeito.

- Vamos meninos, chegamos, se comportem, não tentem matar ninguém ou uns aos outros, cada um de vocês tem dinheiro suficiente para comprar a feira inteira, agora ao ataque.

Vi os meninos irem para a feira se provocando e brincando, olhei para Bruce e sorri.

- Você falou com eles como se fossem cachorrinhos.
- Às vezes eles só obedecem assim.
- Bom, você vai me acompanhar senhor Wayne?
- Não é como se eu pudesse ter recusado todos vocês.

Sorri e segurei no braço estendido do homem e juntos fomos para a feira, o dia foi divertido, consegui fazer com que Bruce jogasse alguns jogos e pegasse os prêmios pra mim, durante todo o dia ocasionalmente os meninos acabavam nos encontrando, e quase sempre me traziam algum brinquedo, tive que ir no carro algumas vezes, no fim do dia jogaram as cinzas falsas na água, todos comemoraram, teve até fogos e eu me senti bem, eu não estava comemorando a morte do meu irmão, eu estava ali comemorando a morte do homem que aterrorizava Gotham, que havia me sequestrado e torturado, que havia capturado meus meninos, que havia aterrorizado centenas de pessoas, aquele não era o meu irmãozinho.
Saímos daquele local rindo e brincando, os dois mais novos acabaram dormindo poucos minutos depois de entrarmos no carro, não demorou e até mesmo os dois mais velhos dormiram.

- Parecem uns anjinhos dormindo.
- Só dormindo.
- Bruce.
- Você os conhece, sabe do que eu estou falando.
- São ótimos meninos.
- Sim.
- Gostei de hoje, obrigada.
- E amanhã?
- Não quero que os meninos vejam, eles não precisam participar, você também não.
- Vou te levar lá.
- Realmente não precisa.
- Sei como é perder a família, você vai precisar de alguém com você.
- Obrigada Bruce.