Azar

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Ter um corpo na sua varanda nunca é um bom sinal (ênfase no NUNCA), ter o corpo do homem morcego de Gotham deveria ser ainda pior. Ele não se mexia além da respiração, o sangue pingava da minha varanda para o andar de baixo, sorte que não morava ninguém ali ou eu estaria ferrada. Eu não poderia deixar o vigilante morrer na minha varanda então me aproximei com a intenção de pelo menos puxá-lo para dentro do meu apartamento quente, quando ia tocá-lo, sua mão foi mais rápida e pegou meu pulso, não sei exatamente como não gritei, mas acho que foi o melhor, o mascarado me encarava, dava pra sentir seus olhos perfurando minha alma.

- Juro que só quero ajudar.

- Vá para dentro.

- O que..

- Agora.

De repente um som de metal rangendo e rompendo foi ouvido, assim como o chão sob os meus pé desapareceu quando o morcego se jogou em mim me derrubando dentro de casa e minha varanda caiu três andares abaixo.

- Mas que porra foi essa?

Eu quase não podia respirar o suficiente para ficar indignada, o homem era pesado e com toda aquela armadura no corpo seu peso se multiplicava, ele devia ser malditamente forte para conseguir lutar com aquela coisa.

- Se puder sair de cima de mim eu agradeceria.

- Não consigo.

E era isso, eu deveria ter continuado na casa de show, eu estaria na cobertura de algum ricaço e não com o Batman sangrando em cima de mim.

- Tente rolar para a direita, vou tentar amortecer a queda.

Por alguma razão ele obedeceu e minha tentativa de amortecer sua queda quase me rendeu um braço quebrado, consegui enfim me levantar e ia arrastá-lo para o meu sofá quando ouvi um barulho alto de vidro quebrando e algum idiota entrando no meu apartamento.

- A PORTA TAVA ABERTA INFERNO.

Antes que eu pudesse reclamar mais com o imbecil que tinha quebrado a porta da minha varanda por nada, o Batman com aparentemente uma força vinda do inferno, me empurrou para trás do meu sofá e começou a lutar com uma coisa que parecia a porra de um crocodilo.

- Mas que merda...?

A merda da minha casa tinha virado um campo de batalha, meu abajur caro que ganhei de um dos clientes antigos foi quebrado na cabeça do bicho gigante, minha tv cara foi jogada no morcego pelo crocodilo, meu sofá quase teve o mesmo destino até que o animal caiu duro no chão com uma grande seringa nas costas. O homem morcego sentou apoiado na parede segurando o lado esquerdo do corpo que sangrava.

- Droga.

Corri para o meu banheiro e peguei um kit de primeiros socorros, quando fui limpar a ferida ele pegou meu pulso novamente.

- Olha, você está sangrando muito, se eu não limpar e estancar isso, você pode morrer de hemorragia.

- Só estanque.

- Vai infeccionar.

- Só. Estanque.

Homem teimoso do caralho, assenti e tentei tirar aquela coisa dele, mas fui impedida.

- Olha eu quero prender bem então preciso envolver o seu abdômen.

- Não.

- Porra, se eu só colocar o esparadrapo com fita não vai estancar direito.

Só pelo olhar eu pude entender que ele não ligava nenhum pouco, suspirei e limpei o excesso de sangue e comecei a colocar o máximo de gaze para estancar aquelas marcas de garra, ia ficar uma grande cicatriz. Assim que terminei, o morcego se levantou com muita dificuldade, amarrou o réptil e se dirigiu para a minha agora destruída varanda arrastando o crocodilo.

A Arte Beira a InsanidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora