Nova realidade

27 3 0
                                    

POV ARTHUR - 2025

O som estridente do alarme invadiu todo o ambiente em que eu estava, meus olhos doeram com a claridade invadindo violentamente o quarto e eu amaldiçoei quem esqueceu de fechar as cortinas à noite, o corpo nu ao meu lado remexeu-se em protesto com o som do alarme do meu celular, suspirei fundo e levantei totalmente contra a minha vontade. Eram 8 da manhã, mais um dia de trabalho, não tão cedo assim, começo às 10:30, mas digamos que a noite anterior rendeu. Caminhei cambaleando com a cabeça a ponto de explodir, visão turva e pressão baixa, não deveria ter bebido tantas doses de uísque, mas sorri ao lembrar de cada detalhe daquela noite. Adentrei-o banheiro fechando a porta logo em seguida, me encarei alguns segundos no espelho e logo logo fui de encontro ao chuveiro, abrindo-o e relaxando os músculos com a água quente percorrendo o meu corpo, ensaboei o meu corpo e lavei o cabelo, assim que sair do box e coloquei o roupão, a morena com os cabelos em um coque bagunçado e completamente nua, me fitava com uma expressão confusa de quem acabou de acordar, dei um sorriso de canto para ela, pegando as minhas roupas sujas e colocando no cesto de roupa suja ao lado da pia.

- Bom dia, meu amor. - Dei um selinho demorado em seus lábios que foi muito bem retribuído.

- Não me chamou para tomar banho com você nessa manhã. - Ela me disse envolvendo as mãos em volta do meu pescoço e me puxando para mais um beijo.

- É, eu sei, desculpa. - Suspirei encarando os olhos castanhos escuros a minha frente. - Não quis te acordar, você estava tão confortável dormindo, e poxa, são as suas férias, deveria acordar meio dia. - Ri saindo dos seus braços e caminhando até o quarto, sendo seguido por ela. Fui até o closet pegando um dos meus uniforme de trabalho e minha roupa de mergulho, hoje eu e a minha equipe faremos pesquisar no mar, teremos que estar prontos e com tudo organizado até as 11.

- Hm, eu adoro quando você usa essa roupa de mergulho apertadinha. - Falou com malícia me abraçando por trás e mordendo a ponta da minha orelha que arrepiou todo o meu corpo, ri com o seu comentário e sua atitude, logo cedo?

- Parece que alguém acordou animada. - Falei tirando o roupão e revelando a minha completa nudez, Ágata Sanches, minha noiva, me fitava com um olhar já conhecido por mim, caminhava por cada parte do meu corpo, principalmente a região da minha cicatriz da mastectomia, onde era quase invisível com a tatuagem cobrindo todo o meu tronco. Meus cabelos estavam menores, diria que costumo a cortar todo na 3, bem curtinho, tenho uma barba por fazer e com os anos na academia, me tornei forte e arriscaria dizer que estou até maior. Diria que sou um homem de causar inveja em qualquer um, não querendo ser egocêntrico, mas sejamos sinceros.

- Impossível não acordar com um sorriso no rosto depois da noite incrível que o meu noivo me proporcionou, vou até te preparar um café da manha, olha só? - Riu pegando o seu roupão que costumava a ficar no closet.

- Já ia perguntar se prepararia o café da manhã nua, já que sempre faz isso por mim quando temos uma noite animada, não reclamando da nudez, adoraria ver isso. - Falei colocando a roupa de mergulho na minha mochila do trabalho, juntamente com uns documentos e livros necessários para a pesquisa.

- Muito engraçadinho, Garcia. - Saiu rindo em direção ao banheiro.

Nosso café da manhã foi tranquilo como todas as manhãs, conversamos sobre nossos trabalhos, Sanches havia entrado de férias há 1 semana, como um bom noivo, estava fazendo a mesma relaxar e se divertir bastante nos últimos dias, Sanches passava tempo demais na laboratório, é Biomédica e ultimamente está responsável pela área de diagnósticos, o que é ótimo, era o que ela queria, já eu, sou Biólogo Marinho, hoje iremos fazer umas pesquisas e preciso visitar um local com supostas aparições de tartarugas marinhas, para isso vamos precisar mergulhar, o mergulho uma atividade cotidiana e essencial para nossos estudos, no mergulho é possível observar presencialmente comportamentos de espécies de animais marinhos. Sou especialista em tartarugas marinhas, na sua preservação e reprodução, então diria que o meu trabalho é bem divertido, além de ser um trabalho muito importante pro meio ambiente.

- Odeio quando você tem que sair pra trabalhar. - Ágata me falava manhosa, minha mão direita acariciava a dela por cima da mesa, odiava deixá-la sozinha, só somos nós dois aqui no apartamento e por ser na cobertura, não temos vizinhos.

- Também não gosto de te deixar sozinha, mas preciso ir trabalhar, amor. - Levantei erguendo-me para perto dela e dando um beijo demorado na sua testa. - Eu te amo, me espere á noite.

- Eu também te amo, ok... - Disso tristonha, mas logo levantou-se para tirar a mesa.

Peguei as chaves do carro, sair, tranquei a porta e fui em direção ao elevador, são 24 andares até o estacionamento, bufei irritado com a lentidão daquela caixa de metal, me olhei pelo espelho ajeitando o cabelo e dando uma coçada na barba, usava camisa justa preta por dentro da calça, calça social também da cor preta, com um cinto na cintura e sapatos sociais, ajeitei o relógio no pulso vendo que ainda estava no horário, raramente me atrasava e agradeci por ter essa responsabilidade atualmente, rio negando com a cabeça, não pareço o menino de 16 anos que se atrasava para o colégio quase todas as manhãs.

Finalmente o elevador apitou sinalizando que cheguei ao estacionamento, meu Jeep Compass preto me aguardava limpo e cheiroso, agradeci pelos rapazes que lavam meu carro, deixam sempre cheiroso e impecável, adentrei o carro colocando o celular no adaptador à minha frente. Liguei e fui em direção a saída do condomínio, meu telefone começou a tocar, era uma chamada de vídeo, sorri e revirei os olhos vendo o nome na tela.

- Que milagre, você me atendeu!- Beatriz comemorava do outro lado da tela, coincidentemente também estava no carro. - Uau, que gato, tá indo iniciar a pesquisar que você me falou? - Perguntava atenta ao trânsito, eu fazia o mesmo, as ruas do Rio de Janeiro era uma loucura, trânsito, assalto, bala perdida, são várias possibilidades.

- Bom dia pra você também. - A lembrei dos bons modos e ela bufou. - Sim, estou á caminho. - Sorri, cuidar dos animais marinhos era a minha paixão. - Onde está indo? - Indaguei.

- Ai, já não sabe? - Parou provavelmente em um sinal vermelho amarrando os longos cabelos que antes eram curtos em um coque desajeitado, pôs os óculos de grau no rosto e voltou a atenção ao trânsito. - Desde quando aquela empresa anda para frente sem mim? - Beatriz início uma faculdade de Química mas logo pulou para Engenharia de Software, é a melhor programadora que eu conheço.

- Tem notícias do Henrique? - Perguntei curioso.

- Nenhuma por enquanto. - Comentou sem emoção alguma, digamos que o nosso antigo grupo unido não está tão unido assim ultimamente. O Henrique é Jornalista, vive viajando, já até nos acostumamos com a sua ausência e entendemos que faz parte do trabalho dele, Amanda casou com a Joyce, elas tem uma floricultura juntas, então vive ausente assim como o Henrique. Henrique estava tão mudado quanto eu, com os cabelos maiores e bigode no rosto, forte, maduro, todos nós havíamos mudado bastante.
Continuamos com o carinho e amor de sempre uns pelos outros, apesar dos anos, correia e obrigações da vida adulta, nunca deixamos de mandar um "Oi, estou vivo!" no whatsapp de vez em quando, depois da minha mudança pro Rio, mensagens e chamadas é a minha única opção, então fomos nos distanciando, mas o amor continua o mesmo.

- Deve tá trabalhando demais, vi ele no Jornal um dia desses, Ágata adorou vê-lo na televisão, estudou tanto para isso. - Falei orgulhoso do meu velho amigo.

- Sim, ele merece, todos nós na verdade, né? - Beatriz falava sorrindo, parecia chegar em um estacionamento, estava concentrada para manobrar o carro. - Bom, eu já vou indo, ok? Só queria te ver mesmo, estou com muitas saudades, são quantos anos sem nos ver? - Perguntou confusa.

- Uns dois anos, o tempo passa rápido. - Suspirei também chegando ao meu destino, nos despedimos, sair do carro indo de encontro ao meu pessoal que já estava em frente à agência ambiental já conhecida por mim.

Acenei com a cabeça, não falaria com eles agora, preciso trocar de roupa e pegar os equipamentos antes de entrar na Van e seguir para o meu real destino, que são as águas, o mar, não via a hora.

Tonight, we are youngOnde histórias criam vida. Descubra agora