E é por isso que amigos devem dormir em camas separadas
E os amigos não devem me beijar como você me beija
E eu sei que há um limite para tudo
Mas meus amigos não me amam como você
Não, meus amigos não vão me amar como você
Oh, meus amigos nunca vão...
Amanda mandava mensagem perguntando se eu estava bem pela quinta vez, entendo a preocupação da mesma, depois de tudo que aconteceu, até eu estaria preocupado se fosso ao contrário. Eu havia contado tudo a Ágata, ela se preocupou tanto que se ofereceu a vim aqui em casa ver como eu estava me sentindo, mas eu disse que seria melhor deixar pra outro dia, estou péssimo, não quero transmitir isso para ela, Sanches era uma garota especial, que merece toda vibe boa e paz do mundo, não um cara cheio de problemas e com a mente a milhão. Não queria assusta-la, além do mais, nós não nos conhecemos o suficiente, a última coisa que eu quero é que ela pense que sou um garoto problemático. Afinal, porque eu estava me importando tanto com o que a Sanches pensa ou não de mim?
MIAME BEACH, FLÓRIDA - 2025
Devo admitir que a cada dia que passa, eu e o Brian estávamos mais próximos, isso era ótimo, pelo menos agora não me sentia tão sozinha, eu o tinha por perto o tempo todo. Havia deixado mais que claro a Brian que não queria me envolver emocionalmente com ele, não consigo manter um relacionamento estável e sempre machuco meu parceiro, ele compreendeu, parecia querer a mesma coisa que eu, o que era perfeito já que todos que eu me relacionei acabaram se apaixonando por mim e estragando tudo, se envolve sentimento, pode ter certeza que em um momento tudo desaba. Não sou positiva, entendo que a vida real não é um conto de fadas, que no fim, tudo é momentâneo, então, vamos aproveitar os momentos antes que eles acabem.
Eu estava no meu apartamento assistindo algo desinteressante na TV, Brian e eu não conversamos hoje, ele está muito ocupado no trabalho, já eu, trabalho por dois dias na semana, sou dona de uma das melhores empresas mobiliárias da cidade, havia contratado a Joyce Vives para ser presidente da empresa, a mulher era extremamente extraordinária no que fazia, liderava aquela empresa como ninguém, enquanto eu, bom, apenas assino alguns documentos e participo de reuniões com acionistas e alguns empresários interessados em comprar a minha empresa, o que é uma perda de tempo pra eles, jamais a venderia.
Já passava da meia noite, abri uma garrafa de vinho, peguei uma taça, enchi pela metade e degustei, estava na sacada observando a rua calma, ouvido o silêncio aconchegante da madrugada, sentindo a brisa fria em meu corpo, aquilo era perfeito. Ouvi a campainha tocar duas vezes, já sabia quem era, corri em direção a porta dando de cara com o Brian, ele estava com a expressão seria, quando me viu, sorriu, depositou um beijo no meu rosto e entrou.
- Desculpe vim a essa hora, imaginei que quisesse companhia, sei que não dorme cedo. - Ele falava calmamente enquanto deixava a sua maleta encima da mesa. Brian era lindo, tinha olhos azuis, cabelos loiros bem cortados, estava sempre com roupas sociais e maleta preta, barba feita, lábios finos e muito elegante, era de tirar o fôlego. Além da aparência ele tinha um ar arrogante que me atraía.
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- Não precisa se preocupar, quer vinho? - Perguntei me direcionando ao armário, pegando outra taça enchendo-a de vinho mesmo sem a resposta do Brian, ele jamais negaria um bom vinho. - Tive um dia tão estressante hoje, estou precisando relaxar. - Pegou a taça e deu um gole. - O que sugere? - Disse maliciosa enquanto virava a taça de vez, parece que Brian leu os meus pensamentos, precisava relaxar tanto quanto ele. - Que tal um banho de banheira? - Ele disse se aproximando de mim, entrelaçando os braços na minha cintura puxando-me pra ele. - Perfeito!
POV BEATRIZ - 2018
As coisas estão cada vez mais complicadas por aqui, um problema atrás do outro. Eu estou tentando focar mais em mim e na minha vida, mas me preocupo tanto com o Arthur que não consigo. Henrique fazia umas atividades da faculdade enquanto eu o ajudava, Henrique conversava mais que tudo, ele estava impaciente, nervoso, a faculdade estava acabando com ele. Henrique era o meu ouvinte favorito, a gente contava tudo um para o outro, depois do Arthur, ele era o meu amigo mais próximo.
- Ele não tem mais 16 anos. - Ele falava sério sem me fitar, encarando o caderno com algumas anotações. - Eu sei, mas o Arthur precisa de ajuda, Henrique. Você sabe como as coisas são, Arthur tem problemas desde que eu o conheci e nunca foi a um psicólogo, sempre acha que pode resolver tudo sozinho. - Falei. - Pra ele ter ajuda, primeiro ele precisa querer. Beatriz, ele não quer! - Henrique exclamou irritado. - Como você sabe que ele não quer? Você se distanciou do Arthur, mal conversa com o garoto, a paixãozinha platônica por ele passou? - Falei em ironia provocando o Henrique que automaticamente levantou-se da cama bufando. - Me poupe das suas provocações, Beatriz. - Falou virando-se pra mim. - Viva um pouco, Arthur sabe se virar, ele não precisa de uma babá. Estou cansado de vê-lo correndo atrás de você feito uma criança quando tudo dá errado, Arthur já é um homem, e você tem uma vida pra viver, esqueceu disso? Ele não vai te ter aqui pra sempre, Beatriz, pense nisso.
Aquilo realmente me fez pensar sobre tudo, será que ele está certo? Eu devo me afastar um pouco do Arthur pra ensina-lo viver? Eu sei que os meus cuidados com o mesmo só o fizeram ser dependente de mim ao longo desses anos, mas eu só queria ajudar, depois que a Gisele se foi, Arthur não podia aguentar tudo sozinho, então eu estava lá por ele, sempre estive, não sei se estou pronta pra simplesmente deixa-lo se virar sozinho, também não sei se ele está pronto. Droga, eu não deveria ter essa conversar com o Henrique, agora ele me fez pensar em não ajudar meu melhor amigo quando ele precisar, isso é loucura! Não vou deixar o Arthur sozinho, talvez se eu conversasse com ele as coisas seriam melhores, mas me afastar do Arthur? Nunca, isso nunca.
